Multidisciplinar, engenharia física expande mercado

Boa parte dos estudantes é contratada antes de concluir a graduação. Cursos têm cada vez mais ofertas de vagas nas universidades.

Boa parte dos estudantes é contratada antes de concluir a graduação. Cursos têm cada vez mais ofertas de vagas nas universidades

Por: Altair Santos

Estados Unidos, Alemanha e França há décadas absorvem engenheiros físicos em seus processos industriais e de pesquisa. No Brasil, a demanda começou a partir de 2000. Antes, sequer cursos de graduação havia no país. A primeira universidade a ofertar a especialidade foi a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) que abriu 40 vagas e hoje tem 200 alunos matriculados. A UEMS (Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul) foi a segunda a oferecer o curso e recentemente UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e USP (Universidade de São Paulo) também passaram a disponibilizar a graduação.

Curso de engenharia física: no Brasil, os melhores estão na UFSCar, UFMS, UFRGS e USP

Segundo o coordenador do curso da UFSCar, professor Cláudio Antônio Cardoso, a característica multidisciplinar da engenharia física tem atraído não só interesse dos estudantes como de setores industriais. “A proposta da engenharia física é um pouco diferente do usual das outras engenharias. A gente busca uma formação básica, sólida, que permita ao aluno, posteriormente, se especializar naquilo que ele tiver interesse ou achar mais importante no trabalho dele. A profissão é multidisciplinar dentro da engenharia e tem sido muito requisitada para áreas de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento)”, explica.

Setores como biotecnologia, nanotecnologia, energia e biocombustível são os que mais têm recrutado engenheiros físicos. “Hoje, 80% dos nossos formandos são absorvidos pela indústria. Uma boa parte concilia o trabalho com cursos de pós-graduação, para atingir uma especialidade maior. Os outros 20% seguem se dedicando ao universo acadêmico”, diz Cláudio Antônio Cardoso, revelando que o ambiente onde o engenheiro físico mais se sente à vontade é dentro de laboratórios de pesquisa.  “Em Campinas, o LNLS (Laboratório Nacional de Luz Síncrotron) é um dos que mais absorve nossos formandos”, completa.

Construção civil

A aplicabilidade da engenharia física na construção civil está diretamente relacionada com a pesquisa de materiais. Na UFSCar, indústrias do setor já incentivaram estudos relacionados com a acústica de determinados produtos. “Tivemos uma demanda para estudar um tipo de argamassa que um fabricante iria lançar no mercado, e cujo diferencial era a sua boa capacidade termoacústica”, revela o coordenador do curso da Universidade Federal de São Carlos. “A pedidos, também já realizamos ensaios de resistência de concreto”, complementa Cardoso.

Saiba mais:

Confira outras informações sobre a graduação em engenharia física:
http://chasqueweb.ufrgs.br/~ckrug/cardoso-cobenge-2010.pdf

Entrevistado
Cláudio Antônio Cardoso, coordenador do curso de engenharia física da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos)
Currículo
– Possui mestrado e doutorado em Física pela Universidade Estadual de Campinas (2001)
– Atualmente é professor adjunto II e Coordenador de Graduação em Engenharia Física do Departamento de Física da Universidade Federal de São Carlos
– Atua na área de Física do Estado Sólido experimental e no estudo de óxidos complexos com propriedades magnéticas ou supercondutoras
– Suas linhas de pesquisa atuais envolvem também a busca por novos compósitos multiferróicos e a aplicação de nanopartículas em problemas de biotecnologia. Atua como colaborador de revistas internacionais de física, tais como Physical Review B, Materials Letters e Physical Review Letters

Contato:  cardoso@df.ufscar.br / http://www.eng-fis.df.ufscar.br

Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330


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