Mofo é culpa de quem: do construtor, do material ou do usuário?
As 3 partes estão suscetíveis a erros; ideal é que medidas de prevenção aconteçam na fase de projeto
Paredes ou lajes com mofo, infelizmente, são comuns em boa parte das residências. Formado por colônias de fungos, o mofo surge em ambientes úmidos e com pouca incidência de luz. Se a causa for umidade relacionada com infiltração, trata-se de uma patologia construtiva e pode até ser identificada como vício oculto da obra. O problema pode ser causado por má execução ou qualidade discutível do material que deveria impermeabilizar a parede.
Há casos em que o usuário permite que o mofo prolifere por falta de manutenção na residência. Um exemplo clássico é deixar de fazer a renovação da pintura, seja externa ou interna, dentro do prazo. Outro motivo para o desenvolvimento de mofo pode estar associado a erro de projeto quanto ao posicionamento da edificação para receber insolação adequada e ventilação cruzada. Neste caso, a presença de umidade acumulada resulta em condensação da água, o que propicia o surgimento de mofo.
A fim de esclarecer dúvidas sobre esse problema crônico em residências, o Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI) ouviu alguns de seus associados para apontar porque o mofo prolifera nos ambientes construídos. Para a arquiteta Leonilda Ferme, a falta de impermeabilização correta é o principal causador da patologia. “Normalmente, a presença de umidade se dá por alguma deficiência de impermeabilização, que pode causar infiltrações nas lajes de cobertura, nas paredes em contato com o solo ou gerar umidade ascendente nos rodapés das paredes”, explica.
Segundo a arquiteta, para resolver a deficiência de impermeabilização é necessário contratar um profissional especializado. O engenheiro civil Anderson Oliveira complementa que a impermeabilização também faz parte da engenharia e do projeto. “Para impedir o mofo, deve-se adotar um modelo de impermeabilização que seja compatível com o tipo de fundação. É necessário verificar detalhes específicos, prevendo os arremates da impermeabilização da fundação com os tubos de abastecimento de água, sanitários e de energia”, alerta.
Impermeabilização correta da obra é parte do projeto e deve seguir as normas técnicas
No debate, o consultor José Mario destaca que há vários produtos de impermeabilização no mercado e, para cada necessidade, é possível usar um sistema de impermeabilização que pode ser rígido ou flexível. “O importante é que o sistema seja estanque à passagem de umidades e vapores”, ensina. “Existem membranas acrílicas, argamassas poliméricas, membrana de poliuretano, mantas asfálticas, entre outros produtos. É necessário analisar se a região que será impermeabilizada precisa de proteção contra a água na forma líquida e vapor ou só na forma líquida”, completa.
Todos os profissionais ouvidos pelo IBI destacaram que soluções pós-construção existem, mas o ideal é que desde a fase de projeto tudo seja pensado para garantir a impermeabilização da obra. “A impermeabilização é parte fundamental do projeto e requer conhecimento das normas técnicas. O IBI orienta procurar projetistas e engenheiros civis especializados para especificar o sistema que mais se adeque a cada caso”, realça o engenheiro civil José Miguel Morgado.
Vale lembrar que o mofo em residências pode desencadear as seguintes doenças: asma alérgica, rinite alérgica, sinusite fúngica, aspergilose broncopulmonar alérgica e micose broncopulmonar alérgica.
Entrevistado
Reportagem com base em estudo técnico do Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI)
Contato
ibi@ibibrasil.org.br
Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330
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