Minha Casa, Minha Vida precisa virar política de Estado
Setor da construção civil aguarda que PEC da Habitação seja votada no Congresso, para alavancar novos investimentos.
Setor da construção civil aguarda que PEC da Habitação seja votada no Congresso, para alavancar novos investimentos
Por: Altair Santos
Liderados pelo SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo) vários segmentos ligados à cadeia produtiva do setor estão convictos de que chegou a hora de o Brasil ter uma política de Estado para a habitação, em vez de apenas programas governamentais. O sucesso do Minha Casa, Minha Vida, que em março de 2013 completou quatro anos com 1,5 milhão de moradias construídas e 2,5 milhões de unidades contratadas, é que leva à mobilização pela aprovação da PEC (Projeto de Emenda Constitucional) da Habitação, que desde 2008 tramita no Congresso Nacional.
Para o presidente do SindusCon-SP, Sérgio Watanabe, tornou-se inadiável o Brasil ter uma política de habitação, até por que em países vizinhos, onde isso ocorreu, houve praticamente a erradicação do déficit habitacional. “Em 1996, mandamos uma missão ao Chile para ver o projeto que praticamente liquidou o déficit por lá. Em 2007, fomos ao México, que adotou plano semelhante e hoje constrói praticamente um milhão de casas por ano. Com base nos dados colhidos, e em parceria com a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) montamos duas propostas que resultaram na PEC: o Moradia para Todos e o Moradia Digna. Mas o projeto ainda segue parado na Câmara, apesar de já ter passado por todas as comissões”, diz o dirigente.
Por isso, para reforçar a mobilização do setor, no dia 29 de abril de 2013, na sede do SindusCon-SP, foi realizado o workshop “Minha Casa, Minha Vida e Parcerias: Gargalos e Propostas”. O evento reuniu players da construção civil, além de gestores da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil e representantes do ministério das Cidades. “O objetivo é que o governo tome a iniciativa de perenizar o Minha Casa, Minha Vida, agilizando a votação da PEC no Congresso. Só assim o déficit habitacional no Brasil, que hoje está na casa de 5,2 milhões de moradias, conseguirá ser zerado”, afirma Watanabe.
Ainda de acordo com o presidente do SindusCon-SP, para atender a demanda, o setor da construção civil precisa ter um projeto de longo prazo que garanta recursos e o ajude a se preparar para processos industriais de construção em massa. “Não podemos mais imaginar que a cada troca de governo os programas habitacionais sejam revistos. O país precisa de uma política que vincule receitas da União, dos estados e dos municípios”, defende Sérgio Watanabe, que lançou um slogan para a mobilização: sua casa, nossa causa. A PEC da Habitação propõe reservar 2% do orçamento da União e 1% dos orçamentos de estados e municípios para fundos nacional, estaduais e municipais de habitação de interesse social.
CBIC apoia
No mesmo evento, o presidente da CBIC, Paulo Safady Simão, deu total apoio ao movimento e lembrou que por falta de uma política de Estado o Brasil passou cerca de 20 anos no “vazio” em termos de construção habitacional. “Desde o fim do BNH (Banco Nacional de Habitação) até o surgimento do Minha Casa, Minha Vida, nossa luta foi insana. Muitas vezes ficamos sem respostas, mas em 2008, por pressão da sociedade, que pedia moradias, e por causa da crise econômica mundial, o governo federal, enfim, se rendeu ao Minha Casa, Minha Vida. Esse programa trouxe conquistas enormes para o país. Transformou vários segmentos da sociedade e permitiu que hoje a construção civil comemore 3,5 milhões de vagas formais nos canteiros de obras. Mas ainda há um déficit acentuado e, por isso, é importante que a PEC seja aprovada. Com ela, poderemos construir mais, e melhor”, concluiu.
Entrevistados
Sérgio Watanabe, presidente do SindusCon-SP (Sindicato da Construção de São Paulo) e Paulo Safady Simão, presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção)
Currículos
– Sérgio Watanabe é graduado em engenharia civil e cumpre seu segundo mandato como presidente do SindusCon-SP, cuja gestão vai até 2014. Também é vice-presidente da CBIC e diretor da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo)
– Paulo Safady Simão é graduado em engenharia civil pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1971
– Especializou-se em Administração de Empresas na Fundação João Pinheiro, em conjunto com a Graduate School of Business da Columbia University de New York
– Foi presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (SindusCon-MG) no período de 1986 a 1992
– Vice-presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG) de 1989 a 1995
– Preside a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) desde 2003
– Também integra o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES)
– É vice-presidente da Federação Interamericana da Indústria da Construção (FIIC) e da Confederação das Associações Internacionais de Empreiteiras de Construção (CICA)
– Ocupa o cargo de diretor-presidente da Wady Simão-Construções e Incorporações LTDA
Créditos fotos: Divulgação / SindusCon-SP
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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