Tendências 2024: o que deve estar em alta no mercado imobiliário?
Veja os tipos de imóveis, segmentos e características mais buscados pelos consumidores
O mercado imobiliário está em constante evolução, moldado por tendências que afetam desde a concepção dos espaços até os processos de compra e venda. E, consequentemente, influenciam também o setor da construção civil.
“Quando falamos em tendência, toda mudança de comportamento tem algum impacto na moradia, uma vez que a nossa casa é uma união de diversas tendências. Mas quando falamos no desenvolvimento imobiliário, é preciso ter cuidado porque as tendências precisam ser de longa duração, pois um empreendimento é um produto feito para durar”, explica Tiziana Weber, sócia e coordenadora de projetos especiais na Brain Inteligência Estratégica.
Confira algumas das principais tendências do setor:
Wellness
Quando falamos em wellness (bem-estar), isso mais do que nunca está muito em voga, segundo Tiziana. “A nossa sociedade está cada vez mais ansiosa, mais estressada. Em um momento de pós-pandemia, num ano de guerras, a casa é o nosso conforto, é o nosso refúgio, é um espaço de descompressão. Então isso precisa ser levado em consideração, tanto nos espaços internos (isso é corroborado pela popularidade da famosa varanda com churrasqueira, um espaço de lazer, de descompressão dentro da própria casa), como também pensando nos espaços de lazer”, explica.
Digitalização
Outra tendência que corre a passos largos é a da digitalização, que impacta os imóveis em diferentes esferas. De acordo com Tiziana, há uma busca por tecnologias relacionadas à internet das coisas nos imóveis, pensando em integrações e automações, como a digitalização e a tecnologia aplicada à segurança. Além disso, a sócia da Brain também aponta que esta tendência também está bastante presente no processo de compra. “O processo de compra é cada vez mais digitalizado, tanto no momento de busca, como no processo de fechamento e assinatura de contrato e de transações burocráticas”, pontua Tiziana.
Crescimento e valorização de nichos
Outra tendência que pode ser destacada é o crescimento e valorização de nichos, como, por exemplo, o senior housing que acompanha o movimento de envelhecimento da população brasileira, segundo Tiziana.
Imóveis mais vendidos
Em relação aos imóveis que devem ser mais vendidos, Tiziana aponta que a expectativa é que os imóveis econômicos do Minha Casa, Minha Vida e do segmento de luxo e superluxo devem performar melhor.
Imóveis comerciais
Depois da pandemia, como ficam os imóveis comerciais? A procura por este modelo voltou? De acordo com Tiziana, sim. “Os imóveis comerciais têm tido mais procura e são empreendimentos de mais sucesso aqueles que são destinados a públicos específicos e que com isso conseguem oferecer mais comodidade, mais serviços e mais valor agregado, atendendo de fato as necessidades de um público específico. Então, por exemplo, empreendimentos destinados à área da saúde, em que você tem uma área de atendimento em comum, uma sala de espera em comum, que você consegue entender de fato o que esse público precisa e agregar valor específico para aquelas necessidades. Outro segmento também são os empreendimentos corporativos destinados à área de tecnologia, que oferecem o máximo de sustentabilidade, segurança de dados e segurança patrimonial, pensando num desenvolvimento de empreendimento inteligente”, afirma.
Por outro lado, Gustavo Favaron, CEO e Managing Partner do GRI Club, vê que aumenta cada vez mais a procura por espaços menores. “Há poucas transações de grandes lajes com 2 mil ou mais m², então existe uma tendência de valorização e busca por Boutique Offices (que são lajes menores). Inclusive, existem alguns fundos novos sendo lançados, visando esse tipo de produto. Acredito que uma tendência de recuperação deve continuar no setor neste ano, pois já teve mais entregas do que no ano passado. É uma oferta controlada, mas já vimos mais empreendimentos saindo”, comenta.
Sustentabilidade
Muito tem se falado sobre a sustentabilidade na construção civil e no setor imobiliário. Para Tiziana, este tema não pode ser uma bandeira por si só, mas ela tem que oferecer, por exemplo, uma economia do condomínio, com geração de energia e de luz. “Então, com certeza, são atributos que já são muito valorizados e tendem a crescer cada vez mais”, destaca.
Por outro lado, Favaron aponta que tanto consumidores residenciais quanto comerciais, especificamente os residenciais, veem valor mas ainda não pagam a mais por isso. “Ou seja, é bacana um apartamento tecnológico e sustentável, mas talvez isso seja um diferencial para que o sucesso do empreendimento seja maior e as vendas sejam mais rápidas. Não necessariamente isso vai se converter num preço maior por m². Por isso, nos empreendimentos comerciais passou a ser mandatório, então a política das empresas que alugam áreas corporativas, galpões industriais, logísticos, cada vez mais é de compliance com o ESG. Se o empreendimento não tem certificações, se não é sustentável do ponto de vista energético e hídrico, ele pode perder para outros empreendimentos, mas ainda assim, isso não se reverte no preço”, constata.
Minha Casa, Minha Vida
Em 2023, com o novo governo, o programa Minha Casa, Minha Vida foi retomado e trouxe algumas mudanças. O que esperar em 2024? De acordo com Tiziana, as novas regras entraram em vigor em julho deste ano, mas na prática demora-se um pouco até que comecem a ser operadas. “Então, em 2024 espera-se uma recuperação dos imóveis econômicos. A Brain, realiza pesquisa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o Indicador Nacional do Mercado Imobiliário, e nos últimos anos observou-se uma redução da participação do segmento econômico, tanto nos lançamentos como nas vendas, e o que se espera agora é uma recuperação gradual do segmento econômico”, relata.
Na opinião de Favaron, espera-se um ano ainda melhor que 2023. “Podemos destacar a subida do valor teto dos imóveis na faixa 3, isso deve trazer novos players e novas incorporadoras para o setor, inclusive aumentando a oferta. Existe um desafio de funding, quanto mais oferta, mais demanda por crédito. Mas esse é um problema bom na nossa visão. E outras medidas como a redução da taxa de juros e aumento dos subsídios, especialmente na faixa 1, e algumas medidas que ainda não estão valendo, mas que vão passar a valer. Foi aprovado no orçamento de 2024 o regime especial de tributação MCMV em 1%, que é uma tributação menor para as incorporadoras e isso também deve dar um gás para o programa. Além disso, existe a possibilidade de utilização do saldo futuro do FGTS na conta do trabalhador para amortizar o valor do imóvel. Então, o que podemos esperar é um ano bastante positivo, com mais lançamentos”, justifica.
Expectativas, oportunidades e dificuldades
De acordo com a pesquisa Termômetro Imobiliário no Brasil, realizada com 150 empresários com atuação relevante no setor, 69% das empresas estão investindo ou ampliando os negócios. 84% dos empresários consultados consideram que as melhores oportunidades estão no setor residencial. Isso acontece porque é um mercado maior, mais pulverizado, com mais investidores, com mais empresas que atuam, justamente porque as pessoas precisam de moradia, de acordo com Favaron. “Ou seja, é um produto que todo mundo precisa, seja para compra ou para locação. Isso faz com que tenha mais players, mais empresas investindo nesse setor. Outro fator determinante é que o déficit habitacional é muito grande (perto de 7 milhões de unidades). Especialmente no segmento econômico, tem muito espaço, tem muita demanda e mesmo no médio e alto padrão, existe uma busca pelo que se chama de flair two colite. Quem já tem a casa própria busca uma casa um pouco melhor, quem mora de aluguel busca comprar sua casa própria, quem mora de aluguel também busca o que se chama de multi family, residência para renda com player profissional que oferece uma série de serviços. Portanto, tem muitas oportunidades em todos os sub segmentos,” sugere Favaron.
Outro cenário otimista levantado pela pesquisa mostra que 55% das empresas estão mantendo intenção de lançar o mesmo volume de empreendimentos.
Por outro lado, a principal dificuldade apontada foi relacionada aos custos de produção, fator mencionado por 57% dos entrevistados. “Desde o início de 2021, observa-se um aumento significativo nos custos dos insumos, tanto em materiais como equipamentos. O aço, por exemplo, foi um material que teve um grande aumento de preço e com isso diversos produtos que levam aço em sua composição também tiveram aumento, como vigas, arames e até mesmo as lajes. Portanto, esse aumento dos insumos é o principal responsável pelo aumento de custos de produção e isso se deve pela desorganização das cadeias produtivas globais (efeito da pandemia), também a desvalorização cambial e aumento do preço de algumas commodities”, explica Tiziana.
Já com relação aos fatores críticos para o setor imobiliário, 84% dos participantes apontou a elevada taxa de juros.
Entrevistados
Tiziana Weber é sócia e coordenadora de projetos especiais na Brain Inteligência Estratégica.
Gustavo Favaron é CEO e Managing Partner do GRI Club.
Contato
Assessoria de imprensa Brain e GRI Club – monica.magalhaes@viracomunicacao.com.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
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