Tecido com cimento e poliéster protege contra COVID-19
Material testado na Índia serve de matéria-prima para uniformes de profissionais da saúde e policiais
O designer indiano Somesh Singh desenvolveu tecido testado em laboratório que se mostrou eficaz para proteger profissionais da saúde e policiais da COVID-19 – infecção causada pelo Coronavírus. O material tem uma fina camada intermediária de nata de cimento, que funciona como filtro. As demais partes do tecido contam com poliéster, lã sintética e nanodetergentes.
Batizado de CoValor-21, o material começa a ser testado na confecção de uniformes para quem atua no pelotão de frente de combate à pandemia. Segundo Somesh Singh, a eficácia de proteção está entre 95% e 99%. “O uniforme é hermético e bloqueia partículas maiores que 0,05 mícrons. Como o Coronavírus tem entre 0,06 mícrons e 0,14 mícrons, o tecido tem alto percentual de desempenho”, diz.
Outra característica do material é que ele é impermeável, o que permite que as roupas passem por um processo de lavagem quando profissionais da saúde e policiais tiverem contato com infectados. “Elas precisam ser desinfetadas com essas roupas, e o material é à prova d’água, assim como suporta outros processos de descontaminação, como luz infravermelha e ultravioleta”, explica o cientista.
Sobre o uso de nata de cimento misturada com poliéster, o pesquisador explica que as pesquisas mostraram que a combinação funciona como um filtro. Além disso, afirma Somesh Singh, os aditivos acrescentados à nata de cimento dão a ela uma característica emborrachada, o que ajuda na flexibilidade do uniforme. O tecido foi desenvolvido por duas startups indianas: a Craft Village, da qual Somesh é o CEO, e a Craft Beton.
Superfícies de concreto estão entre os materiais onde o Coronavírus menos resiste
O pesquisador estima que o uniforme, quando estiver em produção, terá custo unitário equivalente a 400 reais. De acordo com Somesh Singh, o estudo começou quando ele teve acesso a outro experimento, realizado em conjunto pelas universidades de Princeton e UCLA, e pelo National Institutes of Health (Instituto Nacional de Saúde), o qual mostrou que superfícies lisas de concreto estão entre os materiais onde o Coronavírus menos resiste, juntamente com o cobre.
Por outro lado, plástico, vidro e aço entre os que mais fazem o vírus prolongar sua sobrevivência. Embora preliminar, a pesquisa enfatiza a importância de higienizar constantemente telefones celulares, superfícies plásticas e metálicas para evitar a disseminação da COVID-19. Vale ressaltar que o estudo ainda não foi homologado cientificamente, mas oferece novas pistas importantes sobre o potencial do Coronavírus.
O microorganismo pode sobreviver em metal, vidro e plástico por até 9 dias. No cobre – material menos receptivo ao vírus -, resiste no máximo 4 horas. Os pesquisadores também avaliam que as superfícies de concreto liso, desde que estejam secas e não sejam alvos de patologias, conseguem repelir o Coronavírus, assim como o papelão. “Por serem elementos porosos, eles desidratam o vírus mais rapidamente”, comenta o virologista Vincent Munster, chefe do Rocky Mountain Laboratories e membro do National Institutes of Health.
Veja detalhes dos uniformes desenvolvidas pela Craft Village
Entrevistado
Designer Somesh Singh, especializado em tecnologia dos tecidos e CEO da Craft Village, com base em entrevista à britânica BBC
Contato
info@craftvillage.org.in
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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