Selic a 12,25%: qual o impacto para a construção civil?
Sondagem Nacional da Indústria da Construção aponta a taxa de juros como um dos maiores desafios do setor
O Banco Central, por meio do Comitê de Política Monetária (Copom), diminuiu a taxa Selic pela terceira vez seguida, estabelecendo-a em 12,25% ao ano, o nível mais baixo desde maio de 2022.
De acordo com o Informativo Econômico da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), produzido pela economista Ieda Vasconcelos, o Copom ainda se reúne mais uma vez neste ano (12 e 13 de dezembro) e a expectativa é que a taxa volte a ter uma nova redução de 0,5 ponto percentual. “Assim, ela encerraria 2023 em 11,75%. Para 2024, espera-se a continuidade do processo de queda. A pesquisa Focus, divulgada semanalmente pelo Banco Central, projeta que a Selic encerre 2024 em 9,25% a.a”, explica a economista.
Desafios nacionais e internacionais
Embora haja a perspectiva de futuras reduções na taxa Selic, existem inquietações tanto no âmbito doméstico quanto no cenário internacional. “As incertezas em relação às contas públicas do país e os juros elevados nas economias desenvolvidas podem impedir uma aceleração no processo de redução da Selic. Neste contexto, é importante ressaltar que o Federal Reserve (Fed), o Banco Central nos Estados Unidos, manteve sua taxa de juros de referência entre 5,25% e 5,50%, o que corresponde ao maior patamar dos últimos 22 anos. A inflação persistente e o crescimento da economia americana pode levar o Fed a aumentar os juros, impactando mais as economias emergentes”, afirma Ieda.
No que se refere às finanças públicas no Brasil, é relevante notar que na ata da reunião de setembro, o Copom já enfatizou a necessidade de manter o foco na meta estabelecida. “É importante destacar que a arrecadação federal começou a declinar em junho. Conforme os últimos resultados divulgados pela Receita Federal, a arrecadação de impostos, contribuições e demais receitas federais registrou queda em junho, julho, agosto e setembro de 2023 (última informação disponível). Em termos reais, os recuos em relação a igual mês de 2022 foram de -3,37%, em junho, -4,20% em julho, -4,14% em agosto e -0,34% em setembro”, aponta Ieda.
Taxa de juros x construção civil
Para os empresários do setor da Construção Civil, a taxa de juros elevada tem sido apontada como o principal desafio nos últimos doze meses. Essa é a conclusão extraída dos resultados do 3º trimestre/23 da Sondagem Nacional da Indústria da Construção, conduzida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em colaboração com a CBIC.
Em entrevista ao Massa Cinzenta, Paulo Camillo Penna, presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), destacou que a taxa de juros inibe a atividade econômica e tem um impacto direto sobre a indústria do cimento em renda, em massa salarial, atividade econômica, além de gerar disputa com o mercado de ativos financeiros e uma série de outros problemas que fazem com que haja um crescimento pouco significativo da economia brasileira. “Estamos falando de um pouco mais de 2% do PIB do ano que vem. Para este ano, será em torno de 2,9%. Mas ainda é suficiente para a economia decolar de maneira adequada. Para melhorar este cenário e estimular o consumo do cimento, é preciso melhorar a massa salarial, diminuir o endividamento da população, reduzir a taxa de juros e aumentar a confiança do empresariado na economia e na construção. Por fim, o consumidor ter uma visão positiva a respeito do país”, conclui Penna.
Ainda segundo o informativo da CBIC, além de desestimular os setores produtivos, como a Construção, a taxa de juros provoca queda em uma das principais fontes de financiamento imobiliário. De acordo com os dados divulgados pelo Banco Central, de janeiro a setembro/23, a caderneta de poupança já perdeu R$ 72,291 bilhões. Segundo informações fornecidas pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), durante os meses de janeiro a setembro de 2023, o montante financiado atingiu a cifra de R$ 114,6 bilhões, representando uma redução de 16% em comparação ao mesmo período do ano anterior. No mesmo período, 380,4 mil imóveis foram financiados, refletindo uma diminuição de 32% em relação ao período correspondente de 2022.
Fontes
Ieda Vasconcelos é economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Paulo Camillo Penna é presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).
Contatos
CBIC – imprensa@cbic.org.br
Assessoria de imprensa ABCP e SNIC – daniela.nogueira@fsb.com.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
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