Uso de concreto em mobilidade garante prêmio para BH

Capital mineira destaca-se por investir em pavimento rígido, tanto para corredores de ônibus quanto para ciclovias, e também em calçamento em paver

Capital mineira destaca-se por investir em pavimento rígido, tanto para corredores de ônibus quanto para ciclovias, e também em calçamento em paver

Por: Altair Santos

Com 23 quilômetros de corredores exclusivos para BRT (Bus Rapid Transit) e outros 27 de ciclovias, além do fechamento de ruas para priorizar o pedestre, Belo Horizonte ganhou o prêmio Sustainable Transport Award. As cidades de São Paulo e Rio de Janeiro também foram escolhidas, porém BH destacou-se pelo investimento em pavimento de concreto, tanto para vias exclusivas para ônibus quanto em ciclovias, e também pelo calçamento em paver. O organizador do prêmio – o ITDP (sigla em inglês para Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento) – avalia o pavimento rígido como mais sustentável que o asfalto e concede pontuações extras para cidades que o adotam.

Clarisse Linke: pavimento em concreto garante selo ouro aos corredores de ônibus avaliados pelo ITDP

Dentro do padrão de qualidade definido pelo comitê técnico do ITDP para corredores exclusivos de BRT, a qualidade do pavimento pode representar até dois pontos a mais na avaliação do sistema. Quanto maior a vida útil, maiores as chances de obter uma graduação maior no ranking, que estabelece selos ouro, prata, bronze e básico. “O ITDP recomenda que o pavimento suporte uma vida útil de 30 anos”, diz Clarisse Linke, diretora do ITDP no Brasil. “Nosso padrão de qualidade para corredores exclusivos de ônibus foi criado em 2012 e aprimorado em 2014. Ele se baseia nas melhores práticas internacionais e é usado em todas as avaliações que fazemos”, completa.

Em sua 10ª edição, o Sustainable Transport Award pela primeira vez premiou três cidades. Belo Horizonte, no entanto, destacou-se por ter desenvolvido um plano de mobilidade urbana que se tornou referência no país. Criado entre 2003 e 2010, ele antecipou-se às principais diretrizes da lei n°12.587/2012, que instituiu a Política Nacional de Mobilidade Urbana e define os modos de transporte coletivo e ativos (como andar a pé e de bicicleta) que devem ser priorizados no planejamento de uma cidade. “Belo Horizonte mostrou ser viável um plano municipal de mobilidade focado no transporte urbano sustentável”, ressalta Clarisse Linke.

BRT de Belo Horizonte: ônibus circulam sobre pavimento de concreto, o que rendeu pontos extras na premiação

BRT de Belo Horizonte: ônibus circulam sobre pavimento de concreto, o que rendeu pontos extras na premiação

BRT: mais barato, mais eficiente
Já São Paulo foi premiada por expandir a infraestrutura cicloviária (meta de 400 quilômetros até o final de 2015) e implementar 320 quilômetros de vias exclusivas para ônibus – alguns trechos sobre pavimento de concreto. Por outro lado, o Rio de Janeiro tem investido em transporte de alta capacidade e está fazendo progressos permanentes com a implementação do BRT Transcarioca (corredor com 39 quilômetros e que atende 270.000 passageiros/dia). “Tornar o transporte mais eficiente caminha de mãos dadas com a melhoria da qualidade de vida e a redução da desigualdade. As cidades que enfrentarem seus desafios em mobilidade urbana vão dar um salto de desenvolvimento à frente das outras”, avalia a diretora do ITDP.

Nas avaliações do ITDP, sistemas de BRT projetados para receber entre 25 mil a 35 mil pphps (passageiros por hora e por sentido no pico) revelam-se mais eficientes, e a um custo menor, do que VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) e metrô. “Não há, no mundo, sistemas de VLT que ultrapassem a demanda de 20 mil passageiros transportados por hora”, cita Clarisse Linke, completando que o metrô, pelo seu alto custo, precisa ser projetado para uma capacidade instalada de 80 mil pphps. No entanto, na maioria dos sistemas em funcionamento no país, a média é de 45 mil passageiros por hora, ou seja, em boa parte do dia opera com ociosidade. “A falta de informação resulta, frequentemente, em preferência pelos sistemas de transporte sobre trilhos. Mas o BRT é a alternativa com melhor custo-benefício. Equivale a 10% dos custos para a implantação de metrôs e a 60% do custo para implantar VLT”, finaliza Clarisse Linke.

Cidades que já ganharam o Sustainable Transport Award
Bogotá – Colômbia (2005)
Seul – Coreia do Sul (2006)
Guayaquil – Equador (2007)
Paris – França (2008)
Londres – Reino Unido (2008)
Nova York – Estados Unidos (2009)
Ahmedabad – Índia (2010)
Guangzhou – China (2011)
Medelín – Colômbia (2012)
São Francisco – Estados Unidos (2012)
Cidade do México – México (2013)
Buenos Aires – Argentina (2014)
Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro – Brasil (2015)

Entrevistada
Clarisse Linke, mestre em políticas sociais, e diretora do ITDP (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento) no Brasil

Contatos

www.itdp.org
facebook.com/ITDPBrasil
@ITDPBrasil
clarisse.linke@itdp.org

Crédito foto: Divulgação/ITDP

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


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