Laje nervurada proporciona versatilidade e estilo a projetos residenciais
Geralmente usado em grandes vãos de áreas comerciais, a estrutura também é opção em outros ambientes
Nada melhor do que escolher um teto diferenciado para causar impacto e imprimir um estilo único e personalizado a um projeto. No caso de obras residenciais, uma das opções disponíveis é o uso da chamada laje nervurada, que tem o formato parecido com um “waffle” e chama a atenção de imediato.
Além do fator estético, a utilização desse tipo de laje proporciona maior versatilidade para a arquitetura do espaço, permitindo redução da altura estrutural e ambientes mais abertos, entre outras vantagens.
“A laje nervurada permite grandes vãos, com altura total da estrutura reduzida em relação a sistemas convencionais. As fôrmas de cubetas em plástico reduzem a variedade de materiais na obra, e os sistemas atuais oferecem uma solução completa em termos de escoramentos”, explica Pablo Padin, mestre pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
Com vasta experiência em empreendimentos residenciais de alto padrão, Padin assina o projeto da casa Reserva, em Jundiaí, São Paulo, que conta com o teto “waffle”. “A opção pela laje nervurada, especificamente na casa Reserva, e que pode se estender para outros projetos residenciais, nasce no partido arquitetônico do projeto da casa, que propunha executar uma laje com poucos apoios, grandes balanços e com altura laje + viga reduzida. O ganho nesse sistema é de aproximadamente 30% na altura em relação a soluções mais convencionais em vigas e lajes pré-fabricadas.”
O arquiteto diz que não é extremamente comum a utilização deste tipo de laje em residências. “Nesse caso específico, a laje nervurada permitiu que o pavimento térreo da casa pudesse ser fechado praticamente todo por vidro, criando a integração desejada com o jardim/terreno. O pavimento térreo é aberto, em oposição ao pavimento superior, muito compartimentado. Construímos uma laje de 200 metros quadrados suportada por seis pilares de pequenas dimensões e sem vigas que reproduzissem a posição das cargas no pavimento superior“, detalha.
Custo e diferenciais
A arquitetura moderna e a busca por um estilo industrial permitem que espaços residenciais e escritórios adotem a laje nervurada, comumente usada em grandes vãos de locais como museus, universidades, estacionamento e shoppings, pelo uso reduzido de concreto.
“Ela pode ser utilizada em quaisquer ambientes, mas a decisão pelo sistema construtivo deve ser interdisciplinar, entre arquitetos e engenheiros de estruturas. É, no entanto, uma solução que deverá ser considerada principalmente para ambientes amplos, que não devam ter pilares no meio dos espaços. Entendemos que, quanto maior a obra, em metros quadrados construídos, o sistema se apresenta mais interessante economicamente”, afirma Padin.
Além da casa Reserva, o arquiteto já realizou alguns outros projetos com laje nervurada em edifícios institucionais (aulas e laboratórios), na Cidade Universitária, ainda não construídos. “Nesses projetos, tínhamos premissas de lajes sem interferências estruturais internas, a chamada planta livre, para possibilitar a alteração do layout ao longo dos anos.”
Fazer um projeto com laje nervurada é mais trabalhoso?
Pablo Padin: Na casa Reserva, tivemos um cuidado muito grande com as instalações. Como não desejávamos instalações hidráulicas do piso superior, com 4 suítes, aparentes, fomos muito cuidadosos nos caminhos das tubulações e utilizamos enchimentos ao lado dos pilares para descida das prumadas. Ainda em relação a termos as vigotas aparentes, fizemos todo o projeto dentro da modularidade das formas do sistema.
As paredes divisórias coincidiram sempre com as vigas. A casa está modulada em fôrma inteira e meia-fôrma. Houve um cuidado com a concretagem, pois a ideia do projeto partia da premissa de deixarmos a laje aparente, para utilizarmos o desenho do teto dentro do conceito de nossa obra, quase que uma homenagem às lajes nervuradas muito utilizadas pelos arquitetos modernistas em São Paulo.
Quais os materiais usados e quais as técnicas específicas para projetos assim?
Pablo Padin: Apesar de se tratar de um sistema de concreto moldado in loco, é fundamental um pensamento modular, principalmente no caso da laje estar aparente. O arquiteto deve trabalhar a modularidade junto ao engenheiro de estruturas. Hoje em dia, todos os nossos projetos são pensados tridimensionalmente, com uso de softwares que nos permitem checar as compatibilidades antes da liberação dos projetos bi-dimensionais para a obra.
A laje nervurada acaba sendo mais cara ou mais barata em relação aos métodos tradicionais?
Pablo Padin: Em análise simples, pode resultar em custos mais altos que os sistemas mais convencionais com vigas moldadas in loco e laje pré-moldadas. Entendemos aqui no escritório, no entanto, que alguns outros fatores devam ser colocados nessa balança e apresentados aos clientes: redução no uso de fôrmas de madeiras e compensado e, consequentemente, redução de descartes, redução da altura estrutural com a grelha e vigotas nos dois sentidos, aspectos formais/estéticos, balanços alcançados – na parte superior, existe a possibilidade de carregar a estrutura em quaisquer pontos sem a necessidade de coincidência com o pavimento inferior.
Grandes balanços e vãos irão exigir um maior consumo de aço para armadura. Portanto, a decisão vem do partido do projeto, do que queremos expressar com a arquitetura.
Fontes:
Pablo Padin, mestre pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
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