Itália homenageia Lina Bo Bardi, a arquiteta do concreto armado
Bienal de Arquitetura de Veneza concede o Leão de Ouro pelo conjunto da obra da ítalo-brasileira
Nascida na Itália, a arquiteta Lina Bo Bardi radicou-se no Brasil no período pós-Segunda Guerra Mundial. No país, consolidou um estilo e deixou seu legado construído fundamentalmente com concreto armado. Foi assim que concebeu o projeto do MASP, da Casa de Vidro e do SESC Pompéia – suas obras mais icônicas na cidade de São Paulo-SP. Como homenagem póstuma à arquiteta, que morreu em 1992, a Bienal de Arquitetura de Veneza, na Itália, concede o prêmio Leão de Ouro pelo conjunto da obra de Lina Bo Bardi.
O curador da 17ª edição da bienal, Hashim Sarkis, definiu assim a arquiteta: “Sua carreira como designer, editora, curadora e ativista nos lembra o papel do arquiteto como organizador e, mais importante, como construtor de visões coletivas. Lina Bo Bardi também exemplifica a perseverança da arquiteta em tempos difíceis, sejam guerras, conflitos políticos ou imigração, e sua capacidade de permanecer criativa, generosa e otimista o tempo todo. Seus edifícios exprimem isso, pela forma como unem arquitetura, natureza e vida.”
Sarkis também aponta Lina Bo Bardi como grande influenciadora da arquitetura no século 20. Naturalizada brasileira, ela torna-se a terceira do país a ter seu trabalho reconhecido pela Bienal de Arquitetura de Veneza. Antes, haviam sido homenageados Oscar Niemeyer e Paulo Mendes da Rocha, que foram agraciados em 1996 e 2016, respectivamente. O prêmio póstumo do Leão de Ouro coincide com a celebração dos 70 anos da Casa de Vidro – primeiro projeto de Lina Bo Bardi no Brasil.
Concreto é um material que sabe manifestar o pensamento do arquiteto
A Casa de Vidro, construída em 1951 no bairro Morumbi, em São Paulo-SP, é hoje sede do Instituto Bardi, criado em 1990, e onde ficará o Leão de Ouro quando chegar ao Brasil, provavelmente em julho deste ano. Mas a obra mais emblemática de Lina Bo Bardi é o Museu de Arte de São Paulo, o MASP, considerado um marco da arquitetura brutalista no Brasil. A Bienal de Arquitetura de Veneza define assim a obra: “Trata-se de um grande paralelepípedo de concreto e vidro que surge suspenso no vazio, a 8 metros do solo, sustentado por dois pilares vermelhos gigantes. O museu é concebido como um espaço pensado para as pessoas, com os seus espaços abertos, paredes móveis, suportes transparentes rodeados de espaços relacionais de encontro que favorecem o convívio social.”
Entre 1977 e 1986, também em São Paulo-SP, Lina Bo Bardi aproveitou a estrutura de uma antiga fábrica de tambores de óleo para projetar o centro social SESC – Fábrica da Pompéia. Do projeto saiu um gigantesco centro comunitário, recreativo, cultural e esportivo. Mais uma vez, a arquiteta não economizou no uso de concreto aparente. Uma vez, perguntaram sobre o que a inspirou projetar o MASP e o SESC Pompéia, Lina Bo Bardi confessou que via nos conceitos do “movimento brutalista” o resumo do que imaginava ser a arquitetura. Sobre o concreto, ela o definiu assim: “É um material que se manifesta como o efetivo meio de expressão para unir quem vê a obra ao pensamento do arquiteto e ao processo criativo que na obra foi materializado.”
Entrevistado
Bienal de Arquitetura de Veneza e Instituto Bardi
Contatos
info@labiennale.org
info@institutobardi.org
Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330
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