IPT tem história intimamente ligada ao concreto

Dos 12 laboratórios do centenário instituto, dois dedicam-se exclusivamente às pesquisas relacionadas com a construção civil

Dos 12 laboratórios do centenário instituto, dois dedicam-se exclusivamente às pesquisas relacionadas com a construção civil

Por: Altair Santos

Fundado em 1899, o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) tem no concreto o material mais estudado ao longo de sua história. Até hoje, aliás, a cadeia produtiva do cimento concentra boa parte das pesquisas em seus dois centros voltados a estudos da construção civil: o Centro de Tecnologia de Obras de Infraestrutura (CT-OBRAS) e o Centro Tecnológico do Ambiente Construído (CETAC). Atualmente, o foco desses dois laboratórios está na busca de compósitos de baixo impacto ambiental. “Como exemplo, recentemente estudamos a aplicação de fibras obtidas na reciclagem de plástico residual para obtenção de painéis cimentícios reforçados”, explica José Maria de Camargo Barros, diretor do CT-OBRAS.

Sede do IPT, em São Paulo: foco atual está na busca de compósitos de baixo impacto ambiental.

Vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, o IPT tem um total de doze centros tecnológicos. No entanto, os que se dedicam às pesquisas para a construção são os mais tradicionais. Ao longo deste mais de um século, o instituto se dedica, tanto para o setor público quanto para o privado, a realizar os seguintes estudos:

  • Ensaios laboratoriais químicos, físico-mecânicos e microestruturais;
  • Coleta e execução de ensaios de materiais básicos de construção civil (como cimento Portland, cal, gesso, revestimento pétreo e agregados);
  • Oferta de apoio tecnológico na caracterização de materiais convencionais e não-convencionais envolvidos na fabricação de cimento Portland e cal;
  • Realização de dosagem de argamassas e concretos especiais;
  • Pesquisas de compatibilidade de aditivos e adições minerais em concreto e atuação em caracterização e estudos de rochas ornamentais, com foco na normalização internacional.

Segundo José Maria de Camargo Barros, as crescentes demandas ambientais levam o IPT a dedicar-se com mais afinco aos estudos do uso de RCD (Resíduo da Construção e Demolição) na construção civil. “Podemos citar o desenvolvimento de cimento de baixo impacto ambiental a partir de finos de RCD. Outro campo de pesquisa é o estudo de aplicação de materiais não convencionais para a produção de cimento Portland, seja como matéria prima alternativa na produção de clínquer seja como adição mineral, empregando-se materiais residuais e subprodutos industriais e agrícolas. Já na cadeia produtiva do concreto, temos dado ênfase ao uso de RCD como agregado. Também as adições minerais têm sido testadas para a produção de concretos, visando um material ecoeficiente, ou seja, concreto com baixo consumo de cimento/MPa de resistência à compressão”, relata.

José Maria de Camargo Barros: CT-OBRAS pesquisa novos painéis cimentícios.

Atualmente, 60% das receitas do IPT se originam de pesquisas, testes e análises técnicas de materiais para indústrias ligadas ao setor privado. O instituto contou em 2012 com um orçamento de R$ 200 milhões e espera incrementá-lo em pelo menos 20% para 2013. Para atrair ainda mais clientes, tem havido maciço investimento no aprimoramento dos laboratórios. Recentemente foi inaugurado um setor voltado ao desenvolvimento da nanotecnologia – área na qual a construção civil também apresenta demandas ao Instituto de Pesquisa Tecnológica.

Confira linha do tempo sobre a história do IPT: clique aqui.

 

Entrevistado
José Maria de Camargo Barros, diretor do Centro de Tecnologia de Obras de Infraestrutura (CT-OBRAS) do IPT.
Currículo
– José Maria de Camargo Barros é graduado em engenharia civil pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (1976). Possui mestrado (1985) e doutorado (1997) em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
– Recebeu bolsa do CNPq na categoria doutorado-sanduiche (1993/94 – University of Michigan)
– É pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, consultor ad hoc da FAPESP, além de professor titular da Escola de Engenharia Mauá e professor titular e coordenador do curso de engenharia civil da Faculdade de Engenharia São Paulo
Contato: jmbarros@ipt.br / www.ipt.br
Créditos fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330


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