Confira as tendências da construção civil para 2024
Inteligência artificial, construções modulares e sustentabilidade devem ganhar espaço no próximo ano
O setor da construção civil deve apresentar um crescimento de 1,2% em 2023 e a expectativa básica para 2024 é de 2,9%. A estimativa foi apresentada pelo Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) durante coletiva de imprensa.
Dentro deste cenário, o que deve ser tendência na construção civil em 2024?
Melhora no setor de construção civil
De acordo com o SindusCon-SP, o desempenho em 2023 representou uma frustração ante expectativas de crescimento mais expressivas. “A retração do mercado de autoconstrução e pequenas obras e reformas contribuiu para o resultado aquém do esperado. Por outro lado, o mercado formal comandado pelas construtoras e incorporadoras mitigou esse desempenho ruim. Além disso, o emprego com carteira na construção cresceu refletindo o aquecimento do mercado, que teve que lidar com a falta de mão de obra qualificada”, informou Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
No próximo ano, a expectativa é que haja resultados melhores. “Para 2024, o setor conta com uma redução significativa de juros somada a uma menor volatilidade dos custos dos materiais e o apoio aos programas de habitação governamentais, como MCMV, PAC, Casa Paulista e Pode Entrar”, afirmou o presidente do SindusCon-SP, Yorki Estefan.
Inteligência artificial na construção civil
Em 2023, a inteligência artificial ganhou bastante destaque. Como deve ser em 2024? Para Jean Ferrari, CEO da FastBuilt, há a perspectiva de aumento no uso dessas tecnologias para a otimização de processos repetitivos, como coleta de dados e análise de projetos, o que ajuda a melhorar a eficiência e a produtividade da construção.
“Algumas ferramentas devem se destacar em 2024, como as plataformas de IA para construção, que vão fornecer aos profissionais uma visão mais completa do planejamento da obra. Otimização de processos, previsões mais assertivas de tempo e volume de materiais necessários para a construção do empreendimento e relacionamento com o cliente são impactados com o uso da IA. Além disso, há também os softwares de Realidade Aumentada para construção que permitem que os trabalhadores visualizem modelos 3D de projetos em ambientes reais”, aponta Ferrari.
Desafios climáticos
Neste ano, as mudanças climáticas ficaram ainda mais evidentes, com as fortes chuvas e ondas de calor. Dentro deste cenário, como o setor de construção civil vem traçando soluções para lidar com estas questões?
Ferrari acredita que podemos esperar um aumento na demanda por edifícios com estruturas mais fortes e resistentes, com sistemas de drenagem e impermeabilização mais eficientes para lidar com inundações e com sistemas de energia renovável e eficiência energética para reduzir a vulnerabilidade a cortes de energia.
“Mudanças como essas certamente levarão a um aumento nos custos da construção, mas também devem contribuir para a redução dos riscos associados aos desastres climáticos”, pontua Ferrari.
Para promover a construção de empreendimentos com maior proteção a desastres climáticos, é necessário, em primeiro lugar, escolher com cuidado o local da obra, levando em consideração os riscos associados a eventos climáticos, de acordo com Ferrari. “O projeto do prédio deve incluir medidas de proteção específicas para cada tipo de evento climático, como estrutura reforçada para prédios em áreas propensas a vendavais ou terremotos, por exemplo”, sugere.
Construções modulares e offsite
Um levantamento da Fortune Business Insights, indica que o mercado de construção modular vai chegar a US$ 11,78 bilhões até 2028, um crescimento de 6,1% ao ano, segundo Ferrari.
“No Brasil, o mercado também deve crescer nos próximos anos, puxado pelo aumento do déficit habitacional, estimado em 7 milhões de moradias, de acordo com o IBGE. A construção modular e off-site pode ajudar a reduzir esse déficit, pois é uma forma mais rápida e eficiente de construir. A escassez de mão de obra na construção e os avanços tecnológicos também impulsionam essa tendência, já que a construção off-site (construções com estruturas modulares produzidas fora do canteiro de obras) requer menos mão de obra”, declara Ferrari.
Para Ana Maria, essa é uma questão interessante pois está ligada ao processo de modernização do setor. “A reforma tributária traz uma perspectiva positiva para a modernização e industrialização do setor, à medida em que cria uma isonomia entre os processos construtivos. Hoje, o processo tributário desfavorece a construção industrializada. Claro que a alíquota final que vai prevalecer vai ser determinante. Mas eu vejo que é um setor que tem perspectivas favoráveis à medida em que faz parte da agenda setorial a melhoria de produtividade que, por sua vez, está ligada à industrialização”, aponta Ana Maria.
Impressão 3D em concreto
No evento World of Concrete de 2023, a impressão 3D já se destacou como uma das técnicas mais presentes. Para Ferrari, esta tecnologia deve ser mais usada em 2024, devido a alguns fatores como o aumento da demanda por construções mais rápidas, baratas e sustentáveis, além do desenvolvimento de novas tecnologias de impressão 3D que tornam o processo mais eficiente e preciso, gerando redução dos custos de materiais e equipamentos de impressão, por exemplo.
“Um relatório da MarketsandMarkets revela que o mercado global de impressão 3D na construção civil deve crescer 22,6% até 2030. O estudo estima ainda que o segmento atingirá US$ 7,9 bilhões nos próximos sete anos”, destaca Ferrari.
ESG
Em 2023, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) apresentou durante o Congresso do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON) a norma ESG (ABNT PR 2030). As duas entidades também assinaram um termo de cooperação para desenvolvimento de normas na área de concreto, com destaque nos aspectos que impactam nas mudanças climáticas.
Em 2024, este assunto deve continuar em voga. “As principais tendências incluem o uso de materiais sustentáveis, (“como madeira certificada,” – remover esta colocação, pois procuramos focar no concreto e não na madeira) materiais reciclados e materiais de origem local. Essas escolhas contribuem para a redução do impacto ambiental da construção, pois ajudam a conservar os recursos naturais e a reduzir a poluição”, menciona Ferrari.
Outra tendência diz respeito à eficiência energética e hídrica. “As empresas do setor estão investindo em tecnologias e processos que reduzem o consumo de energia e água, contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito estufa e o consumo de materiais da natureza. Além disso, as empresas estão buscando formas mais eficientes de gerenciar os resíduos gerados na construção, com o objetivo de reduzir o impacto ambiental e o desperdício de materiais”, conclui Ferrari.
Entrevistados/Fontes
Jean Ferrari é CEO da FastBuilt.
Ana Maria Castelo é coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
Yorki Estefan é presidente do SindusCon-SP.
Contatos
Assessoria de imprensa FastBuilt: bruna@trevocomunica.com
Assessoria SindusCon-SP: dbarbara@sindusconsp.com.br
Ana Maria Castelo – ana.castelo@fgv.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
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