Como o concreto celular espumoso evita acidentes aéreos?
Material é usado em áreas de escape de aeroportos e vai reforçar o sistema de segurança de Congonhas
Resumidamente, o concreto celular espumoso é definido como um material de baixa densidade. A nomenclatura praticamente explica o processo de produção: adiciona-se espuma à argamassa para que, após a cura, ela ganhe um aspecto aerado. Tanto é que, em inglês, é chamado de aircrete. Quanto mais espuma se adiciona mais leve fica a estrutura e também menos resistente a grandes cargas.
Exatamente por isso o concreto celular espumoso é a matéria-prima para se construir o EMAS (Engineered Material Arresting System) que pode ser traduzido como “área de escape para aeronaves”. O sistema utilizado desde 1990 já se mostrou altamente eficaz em aeroportos norte-americanos, europeus e japoneses. Agora, Congonhas, na cidade de São Paulo-SP, será o primeiro da América Latina a contar com essa tecnologia.
O EMAS é usado quando o avião precisa abortar uma decolagem, mas está em velocidade elevada, ou quando ultrapassa os limites da pista em uma aterrisagem, como ocorreu no trágico acidente de 2007, exatamente em Congonhas. Neste tipo de situação, o piloto recorre à área de escape, que é toda revestida com concreto celular espumoso. Quando o trem de pouso do avião entra em contato com o material, o peso da aeronave faz com que as rodas fiquem enterradas no concreto celular espumoso e desacelerem rapidamente até parar.
Obra está em construção nas duas cabeceiras da pista principal do aeroporto paulistano
O concreto do EMAS de Congonhas tem resistência de 8 MPa, com densidade de 1.000 Kg/m3. O sistema será instalado nas duas cabeceiras da pista principal do aeroporto de Congonhas e suportado por estruturas de aço, medindo 70 m x 45 m no sentido norte e 75 m x 45 m no sentido sul. “O projeto foi concebido para fazer a segurança dos tipos de aeronaves que já costumam operar em Congonhas”, explica João Márcio Jordão, superintendente do aeroporto de Congonhas.
O dirigente do aeroporto informa que o EMAS pode ser comparado às áreas de escape que existem nas rodovias para conter veículos pesados que ficam sem freios, principalmente em trechos de descida de serra. A diferença é que nas estradas utilizam-se materiais como vermiculita expandida, argila expandida ou perlita para segurar caminhões e ônibus. “Em Congonhas, o concreto celular espumoso estará assentado sobre uma laje de concreto e coberto por uma nata de cimento. Por que isso? O concreto espumoso é tão leve que o deslocamento de ar causado pelas aeronaves nas decolagens e aterrissagens poderia espalhá-lo na área do aeroporto se ele não recebesse esse tratamento”, diz João Márcio Jordão.
A expectativa é que a obra no aeroporto paulistano seja inaugurada em março de 2022. O investimento é de 122,5 milhões de reais, com recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac). Um dos objetivos da construção do EMAS também é requalificar a certificação de segurança do aeroporto de Congonhas, haja vista que está prevista para o próximo ano a concessão do mais movimentado terminal aéreo do Brasil. O leilão deve ocorrer no segundo trimestre, entre os meses de abril, maio e junho.
Entenda como será a área de escape do aeroporto de Congonhas
Entrevistado
Infraero (via assessoria de imprensa)
Contato
imprensa@infraero.gov.br
Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330
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