Aumento do preço dos insumos: quais as saídas?
INCC subiu 2,81% em junho de 2022. Como o setor pode reagir a esta alta?
Em junho de 2022, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) subiu 2,81%. Este percentual é superior ao apurado no mês anterior, quando registrou taxa de 1,49%. Consequentemente, o índice acumulou alta de 7,20% no ano e 11,75% em 12 meses.
Neste mesmo período em 2021, o índice chegou a subir 2,30% no mês e acumulou alta de 16,88% em 12 meses. Vale destacar que a taxa do índice relativo a Materiais, Equipamentos e Serviços passou de 1,55% em maio para 1,40% em junho.
“Durante a pandemia, precisamos muito de material e a indústria não tinha como atender a toda essa demanda. Isso ocorreu por diversas razões. Algumas indústrias, como a de aço, haviam paralisado as atividades e depois retomaram. Em outras situações, como é o caso do cobre e do PVC, houve falta de matéria-prima internacional. Antes da pandemia, tivemos uma crise na construção civil, mas em seguida houve um aumento na demanda e as empresas não deram conta”, explica Dionyzio Klavdianos, presidente da Comissão de Materiais e Tecnologia da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Mais recentemente, o conflito entre Ucrânia e Rússia também influenciou o mercado, com aumento do preço do frete marítimo e rodoviário e da energia.
4 maneiras de mitigar a alta dos insumos da construção civil
Diante deste cenário, como diminuir o impacto no setor? Que medidas tomar para atenuar os efeitos decorrentes destes aumentos? Klavdianos cita algumas possibilidades:
- Incentivar a concorrência e diversidade no mercado
Na opinião de Klavdianos, há segmentos da cadeia de construção civil que têm poucos fornecedores. “É o caso de aço, louças, PVC, tubos e conexões, entre outros. Isso cria uma dependência da construtora em relação aos fornecedores. Consequentemente, acabamos ficando na mão de poucas empresas”, lembra.
No entanto, ao mesmo tempo essa situação traz um paradoxo. “É claro que, para termos uma variedade maior de empresas, as condições para investir no Brasil têm que ser seguras. Antes da crise que se acentuou a partir de 2013, havia algumas siderúrgicas sendo construídas no Brasil por outras multinacionais. No entanto, quando elas ficaram prontas, não tinha mais consumo para elas e elas tiveram que vender a planta. Portanto, precisa ter mercado”, pontua Klavdianos.
- Canal externo de compras
De acordo com Klavdianos, algumas construtoras brasileiras ainda estão tateando a possibilidade de importar alguns materiais. “As construtoras brasileiras já fazem este procedimento, nem que seja de forma terceirizada, através de um intermediário, alguns insumos. Isso é muito comum no caso de revestimentos cerâmicos. Muitas plantas de fornecedores daqui estão no exterior. As construtoras precisam usar mais este canal e de forma mais eficiente”, aponta Klavdianos.
Ainda, Klavdianos menciona a importância de se rever burocracias e barreiras de importação – seja para os materiais ou para os insumos.
- Cooperativas de compras
Para Klavdianos, as construtoras precisam se organizar em cooperativas de compras. “Dessa forma, aumenta-se o volume de compra, e é possível obter uma condição comercial melhor. Afinal, o preço que grandes incorporadoras compram o aço, por exemplo, não é o mesmo valor pago pelas empresas menores. Esse canal é pouco utilizado e poderia ser mais explorado pelas construtoras”, sugere Klavdianos.
- Investimento em inovação, produtividade e pesquisa
Acima de tudo, buscar formas de produzir mais rápido, encurtando o cronograma da obra, certamente vai reduzir os custos, segundo Klavdianos. “Por isso a inovação é tão importante. Introduzir processos construtivos mais industrializados e materiais alternativos pode ajudar a reduzir custos. Assim, é possível viabilizar substitutos e oferecer mais alternativas para o setor. Se analisarmos, os materiais que tiveram maior alta de preços pertencem a cadeias muito oligopolizadas ou dependentes de commodities. É o caso do PVC, por exemplo, que aqui no Brasil tem praticamente uma só empresa que fornece os insumos. Como é possível conseguir preços melhores diante deste cenário?”, destaca Klavdianos.
No caso da indústria do cimento, pesquisas têm sido feitas com diversos materiais para fazer a substituição do coque, em que já há resultados com o uso de biomassa feita a partir de caroço do açaí, a casca de babaçu, o cavaco de madeira dos reflorestamentos, a moinha de carvão, a palha de arroz, entre outros.
Fonte
Dionyzio Klavdianos é presidente da COMAT-CBIC e é formado em engenharia civil pela universidade de Brasília.
Contato
Assessoria de imprensa: ascom@cbic.org.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
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