Marco do saneamento agrega novas tecnologias de construção ao setor
Engenheiros civis mostram inovações para acelerar o ritmo das obras e mecanismos para conter desperdícios
O déficit de tratamento de esgoto, fornecimento de água potável e captação das águas pluviais no Brasil atinge diretamente 100 milhões de pessoas. É praticamente metade da população do país. O Marco Legal do Saneamento, que recentemente completou 1 ano, surgiu para enfrentar esse problema. Ele abre caminho para que o setor privado possa atuar no mercado, suprindo a falta de investimentos e a escassez de projetos das estatais.
Além de injetar recursos, a privatização do saneamento agrega também novas tecnologias. Engenheiros civis e engenheiros sanitaristas que participaram do “7º Fórum de Infraestrutura Grandes Construções: Saneamento – Desafios da Universalização” mostraram quais inovações estão disponíveis para acelerar o ritmo de obras de infraestrutura e também para conter desperdícios como os vazamentos nas tubulações.
No debate, o engenheiro civil Wagner Oliveira de Carvalho, líder do programa Infra Inteligente da Aegea Saneamento, afirma que não dá mais para projetar obras de saneamento sem usar o BIM (Modelo de Informação da Construção). “Essa ferramenta garante um retorno robusto na gestão de ativos. Por isso, precisa ser tratado como um investimento”, diz. O palestrante também mostrou como a Inteligência Artificial traz eficácia à criação de novas redes de abastecimento, acoplada ao uso de drones para gerenciar as obras.
União de saneamento básico com tecnologia torna as cidades mais resilientes
Para Wagner Oliveira de Carvalho, saneamento e tecnologia tornam as cidades mais resilientes. Convicção que foi reforçada pela palestra do engenheiro civil Federico Lagreca, CEO da Suez Water Technologies no Brasil. Ele informa que atualmente existem ferramentas capazes de identificar vazamentos em tubulações, o que gera economia de milhões de dólares. “Vamos supor uma cidade de médio porte com a produção de 380 mil m³ por dia de água potável. Se ela tiver uma perda de 25% em suas tubulações, isso vai gerar 13 milhões de dólares de prejuízo por ano”, alerta.
Federico Lagreca complementa dizendo que o que combate o desperdício é a tecnologia. “O gerenciamento eficaz da rede de distribuição reduz custos operacionais, controla o consumo de água e economiza energia”, garante. Isso também passa pelas inovações que envolvem as tubulações e os projetos de engenharia voltados para o saneamento, como expôs Edson Peev, engenheiro-sênior da Herrenknecht AG. O especialista falou sobre soluções não-destrutivas, como os túneis de esgoto profundo para o transporte e armazenamento dos rejeitos das estações de tratamento.
Esse material fica aprisionado em escavações subterrâneas e é encapsulado por paredes de concreto. A tecnologia empregada se assemelha ao que proporciona a abertura de túneis para o tráfego de metrôs. “Porém, são escavações com diâmetros menores”, explica Edson Peev. O engenheiro civil assegura que o emprego desse sistema gera economia de energia e poupa a construção de novas estações de tratamento. “Em Melbourne, na Austrália, e em Hong Kong, na China, esse modelo já é empregado com sucesso”, finaliza.
Entrevistado
Reportagem com base nas informações trazidas pelo “7º Fórum de Infraestrutura Grandes Construções: Saneamento – Desafios da Universalização”
Contato
sobratema@sobratema.org.br
Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330
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