Manual cria novo paradigma para construção industrializada
Documento prioriza instituições governamentais, e pretende impor um padrão de qualidade às obras públicas, principalmente escolas e hospitais
Documento prioriza instituições governamentais, e pretende impor um padrão de qualidade às obras públicas, principalmente escolas e hospitais
Por: Altair Santos
A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e uma série de organismos ligados à construção civil, lançou no final de novembro de 2015 o Manual da Construção Industrializada, Conceitos e Etapas – Volume 1: estrutura e vedação. A publicação disponibiliza informações fundamentais sobre as aplicações de sistemas construtivos industrializados.
Voltado aos profissionais e às instituições públicas e privadas, o manual atende de edificações habitacionais a obras de infraestrutura. No próximo ano, sairão os volumes 2 e 3, que vão abordar as etapas de montagem e aceitação, sistemas racionalizados, subsistemas de instalação e revestimento, componentes volumétricos (quartos e banheiros prontos) e desempenho ambiental dos sistemas construtivos industrializados.
Segundo a engenheira civil Laura Marcellini, diretora técnica da ABRAMAT, que atuou na elaboração do documento, o manual tem dois objetivos: criar um padrão de qualidade para empreendimentos como escolas e hospitais públicos, além de dar celeridade às obras e racionalizar os custos. Confira a entrevista abaixo e faça o download do manual aqui.
Qual a aplicação prática do Manual da Construção Industrializada, Conceitos e Etapas – Volume 1: estrutura e vedação?
O manual é uma publicação voltada para público técnico de organismos públicos e empresas privadas, que contratam obras de edificações residenciais ou não residenciais, para orientá-los na tomada de decisões de seleção de sistemas construtivos e estimulá-los a adotar sistemas construtivos industrializados. A publicação serve também de referência atualizada para o meio acadêmico, pois traz de forma bem didática os conceitos de construção industrializada, os aspectos a levar em conta em todo o ciclo do empreendimento e exemplos de tecnologias já disponíveis no mercado brasileiro.
O manual tende a alavancar a construção industrializada no setor habitacional?
Sim, vai contribuir para isso, na medida em que traz informações detalhadas e atualizadas para capacitação e orientação dos envolvidos com a contratação de empreendimentos habitacionais e também para outros usos (comerciais, industriais, escolas e hospitais).
O Minha Casa, Minha Vida tende a se beneficiar das práticas contidas no manual?
O Programa Minha Casa Minha Vida poderá se beneficiar, assim como programas habitacionais de governos estaduais, prefeituras e também os empreendimentos privados.
O manual divulgado traz o volume 1. Qual a previsão do volume 2 e o que ele tende a incluir?
O primeiro volume trata das partes estruturais e vedações, e os volumes seguintes tratarão das outras partes das edificações, como as etapas de montagem e aceitação, sistemas racionalizados, subsistemas de instalação e revestimento, componentes volumétricos (quartos e banheiros prontos) e desempenho ambiental dos sistemas construtivos industrializados.
A elaboração deste manual contou com a participação de vários organismos. Houve mais consensos que divergências?
Sim, contou com a participação das seguintes entidades: CBIC, DECONCIC/FIESP, ABCIC, ABCEM, IABr, ASSOCIAÇÃO DRYWALL, ABRAMAT, membros do MDIC, ABDI e da consultoria técnica que elaborou o trabalho. Houve mais consensos.
Em termos de divergências, qual a principal e como ela foi resolvida?
Não diria que houve divergências, mas sim debates importantes para definição dos conceitos de industrialização da construção e dos limites de escopo deste primeiro volume. Existe muita confusão no mercado sobre os termos racionalização e industrialização da construção. Nesse sentido, o manual também vai ajudar a estabelecer referências mais atualizadas e contribuir para um alinhamento.
Com relação à qualificação da mão de obra, como o manual trata esse tema que, para a construção industrializada, é estratégico?
O manual não destaca esse ponto em particular. A qualificação de mão de obra é estratégica para o setor como um todo, e deve ser adequada a cada tecnologia construtiva que se adota. No caso da industrialização, parte das obras são realizadas dentro de indústrias e o canteiro se torna um local de mais atividades de montagem/acoplamento e, com isso, as demandas por qualificação se alteram.
Para as obras públicas, o capítulo 1 do manual incide diretamente em quais tipos de obras?
Obras de habitação de interesse social, obras de edificações de uso público – escolas e hospitais -, principalmente.
A aplicação do manual tende a baratear obras públicas?
O manual chama a atenção para a necessidade de se avaliar custos e tomar decisões de forma mais sistêmica e abrangente, e também estimula um planejamento mais cuidadoso para chegar em custos totais mais baixos para os empreendimentos.
No setor privado, qual a expectativa de receptividade do manual? Tende a ser mais rápido que no setor público?
O setor privado tem maior grau de liberdade para tomar decisões e mudar processos e tende a ser mais ágil na adoção de soluções inovadoras. O setor público depende muitas vezes de mudanças em legislações e regulamentos, que não são conseguidas em curto prazo, e isso se reflete na contratação de obras com tecnologias inovadoras. A adoção de sistemas construtivos industrializados traz mudanças nos papéis dos agentes envolvidos e na forma de estruturar o planejamento, o controle e a execução das obras. Em diversos aspectos, os regulamentos e a legislação ainda não estão adequados para permitir essas mudanças.
Entrevistada
Engenheira civil Laura Marcellini, diretora técnica da ABRAMAT (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção)
Contatos
laura@abramat.org.br
planejamento@abramat.org.br
abramat@abramat.org.br
Crédito foto: Divulgação/CBIC
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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