Maiores construtoras do mundo pedem passaporte brasileiro

Em comum, empresas têm a expectativa de que o mercado da construção civil no país possa se abrir a partir de 2019

metrô
Obra de metrô construída pela gigante China State Construction Engineering Corporation, a número 1 do mundo. Crédito: CSCEC

A publicação International Construction divulgou o ranking 2018 das maiores construtoras do mundo. A lista leva em conta a receita anual das empresas e o volume de obras contratadas e concluídas em 2017. Pelo segundo ano consecutivo, as empreiteiras chinesas ocuparam as primeiras colocações, seguidas das tradicionais Vinci (França), ACS (Espanha), Bouygues (França), Bechtel (Estados Unidos) e Hochtief (Alemanha). Em comum, essas empresas projetam empreender no Brasil em 2019. Todas têm a expectativa de que o mercado da construção civil possa se abrir no país, permitindo que elas participem de projetos de infraestrutura.

Para expandir e manter o volume de negócios, as maiores empreiteiras do mundo querem ter passaporte brasileiro. Por duas razões: a demanda reprimida por obras de infraestrutura no país e o encolhimento das gigantes da construção civil, após serem investigadas pela operação Lava Jato. Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e OAS frequentavam com certa rotina a lista das cem maiores construtoras do planeta. Na edição de 2018 do ranking, apenas uma delas aparece entre as 200. A Andrade Gutierrez, com receita de 1 bilhão e 400 milhões de dólares ocupa a posição número 184.

No ranking de 2018, só outra empresa brasileira frequenta a lista das 200: a MRV Engenharia, que entrou na posição 199, com receita de 1 bilhão e 100 milhões de dólares. A publicação International Construction faz uma análise do futuro das grandes empresas brasileiras no ranking. “Com um país que precisa desesperadamente de investimentos em infraestrutura em grande escala, os resultados das eleições gerais a serem realizadas no Brasil em outubro deste ano determinarão quantas empresas brasileiras chegarão à lista no próximo ano”, disse, referindo-se ao processo eleitoral pelo qual o Brasil passou recentemente.

Um dos principais defensores de que o mercado brasileiro se abra para as grandes empreiteiras do mundo é o professor do departamento de administração da FEA USP, Paulo Roberto Feldmann. Para ele, três motivos já seriam suficientes para que construtoras internacionais passassem a disputar licitações de obras públicas no país: a chance de tirar do atraso a infraestrutura nacional, contratos mais baratos e a entrada de novas tecnologias, equipamentos e sistemas construtivos. “Haveria competição. Hoje há muita acomodação no setor. O dia que houver competição elas vão ter que se desenvolver tecnologicamente para enfrentar as estrangeiras”, avalia.

Veja o perfil das maiores construtoras do mundo

1. China State Construction Engineering Corporation
A empresa teve
um faturamento de 164 bilhões de dólares. Com atuação forte nos países do Oriente Médio, como Arábia Saudita, Kuwait, Bahrein e Catar, a CSCEC tem sede também em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Além de seu envolvimento com obras de infraestrutura, a China State Construction Engineering Corporation é atualmente a que mais constrói unidades habitacionais no mundo.

2. China Railway Group
A China Railway Group teve um faturamento de 101 bilhões e
400 milhões de dólares em 2017. Apesar de pertencer a um conglomerado que abrange desde a construção de equipamentos até laboratórios de pesquisa, a expertise da China Railway Group é construir ferrovias, rodovias, pontes, túneis, hidrelétricas, portos e aeroportos.    

3. China Railway Construction Corporation Limited
A China Railway Construction Corporation Limited faturou 99 bilhões e 556 milhões de dólares em 2017. A CRCC tem um foco muito específico na construção de ferrovias convencionais, ferrovias de alta velocidade, pontes ferroviárias, túneis ferroviários, metrôs e trens urbanos.

4. China Communications Construction Company
A China Communications Construction Company (CCCC) tem como característica se associar a construtoras nos países em que atua. Sua mais recente aquisição foi a John Holland Group, uma das principais empresas de engenharia da Austrália. As obras mais emblemáticas da empresa chinesa são os aeroportos. Em 2017, seu faturamento chegou a 54 bilhões e 400 milhões de dólares.

5. Vinci
A Vinci é uma empresa italiana que atua globalmente. Atualmente, a empresa está envolvida na reforma do Mandarin Oriental Hotel, em Londres, na construção do Femern Tunnel, na Dinamarca, e atua paralelamente em outros 43 projetos em 19 países. Vinci emprega mais de 185.000 pessoas em todo o mundo. Sua receita no ano passado foi de 49 bilhões e 400 milhões de dólares.

6. Atividades de Construcción y Servicios
A Actividades de Construcción y Servicios (ACS) é uma empresa espanhola com atuação global. Porém, são nos Estados Unidos e no Chile onde se encontra o maior volume de obras atualmente. Em 2017, sua receita chegou à casa de 40 bilhões de dólares.

7. Bouygues
A francesa Bouygues é especializada em construções industriais e em obras de infraestrutura, mas atua em várias frentes. Entre seus projetos mais recentes está a construção do novo campus da Universidade de Cardiff, no País de Gales. A Bouygues emprega 118 mil pessoas e seu faturamento em 2017 chegou a 37 bilhões de dólares.

9. Bechtel
A norte-americana Bechtel tem forte atuação na Europa e na África, além do próprio Estados Unidos. A empresa possui cerca de 50 mil funcionários e seu faturamento em 2017 chegou a 32 bilhões e 800 milhões de dólares.

10. Hochtief
A alemã Hochtief fechou 2017 com pouco mais de 30 bilhões de dólares. A empresa é considerada atualmente a maior especialista em construção sustentável do mundo. Ela atua na área habitacional, mas também desenvolveu expertise na construção de rodovias verdes com pavimento de concreto. 

Entrevistado
Reportagem com base no ranking 2018 da revista International Construction, publicada pela KHL Groups

Contato: info@khl.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


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