Junto com SENAI, construtoras qualificam imigrantes
Haitianos e venezuelanos são os que mais buscam treinamento para atuar em canteiros de obras no Brasil
Venezuelanos, haitianos e imigrantes de outras nacionalidades que vieram morar no Brasil estão ganhando a oportunidade de entrar no mercado de trabalho formal através da construção civil. Empresas do setor, em parceria com o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), estão investindo na formação de operários para atuar em várias funções dentro do canteiro de obras. O programa tem a supervisão do Ministério Público do Trabalho e acontece em vários estados.
Uma das construtoras que investe na parceria é a Plaenge. Na avaliação de Luiz Octávio Carvalho de Pinho, gerente regional da empresa no Mato Grosso do Sul, o treinamento de imigrantes é positivo, pois boa parte tem boa formação escolar e isso qualifica a mão de obra da construção civil. “A gente busca essas pessoas para atender as maiores demandas dentro da empresa. O primeiro curso foi de pintor imobiliário. Na sequência, vieram o de ceramista, montador e eletricista, e virão mais”, diz.
Na parceria entre a Plaenge e a Escola de Construção do SENAI, no Mato Grosso do Sul, os haitianos são os imigrantes que mais se beneficiam. No entanto, em São Paulo e no Rio Grande do Sul, venezuelanos que buscam qualificação para atuar na construção civil são maioria. Atualmente, metade dos quase 34 mil estrangeiros que todo ano pedem refúgio no Brasil é formada por venezuelanos. Segundo pesquisa do Conselho Nacional de Imigração (CNIg), 72% desses imigrantes têm entre 20 anos e 39 anos, 63% são do sexo masculino e 54% são solteiros. Um em cada três (32%) tem curso superior completo ou pós-graduação, enquanto três em cada quatro (78%) chegam com nível médio completo.
Copa do Mundo de 2014 trouxe mais imigrantes em busca de trabalho na construção
Dados da UNESCO também comprovam melhor preparo educacional entre os venezuelanos. “Existe uma visão de que os imigrantes que fogem de perseguições e desastres possuem um nível inferior de educação. Isso não é verdade. Se você investiga a formação dos haitianos que vieram para o Brasil, muitos tinham ensino superior. Entre os venezuelanos, a mesma coisa. Migrar para longas distâncias é uma decisão muito difícil. Geralmente quem a toma tem uma escolaridade maior”, afirma Rebeca Otero, coordenadora de educação da Unesco no Brasil.
O movimento de imigrantes atuando na construção civil brasileira se intensificou a partir da Copa do Mundo de 2014. Em 2017, com a publicação da lei 13.445, o Brasil facilitou a regularização e a igualdade de oportunidades aos imigrantes. A legislação incentiva a formalização no trabalho e a igualdade de tratamento e oportunidades. Isso tem permitido também que engenheiros civis formados em outros países consigam atuar no mercado brasileiro.
O ingresso desses profissionais pode ficar ainda mais facilitado se for aprovado o projeto de lei que tramita no Congresso Nacional. Ele determina que os Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (CREAs) emitam o registro profissional em, no máximo, três meses. Se virar lei, a emissão do registro será automática após o vencimento do prazo, caso o engenheiro esteja contratado por uma empreiteira com licitação para construir obra pública no Brasil. Ainda não há prazo para a votação do projeto.
Entrevistado
SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura)
Contatos
imprensa@cni.com.br
gcomunicacao@unesco.org.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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