Isolamento térmico: 7 formas para amenizar as altas temperaturas
Com o clima cada vez mais quente, construção civil vem pensando em soluções para lidar com a questão
Em 2023, o Brasil teve o inverno mais quente dos últimos 61 anos. E, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), todas as estações registraram temperaturas acima da média para o mês de agosto. Na Europa, o verão de 2023 também apresentou clima extremamente quente – no período, 23 cidades italianas entraram em alerta vermelho. A Sardenha chegou a registrar 46 ºC. Todo este cenário de calor excessivo ao redor do mundo pede que o setor da construção civil pense em novas soluções construtivas que proporcionem maior conforto térmico às pessoas – sem o uso constante de ar-condicionado, já que o aparelho também pode intensificar o efeito do aquecimento global.
Para a arquiteta Esmeralda Alves, a preocupação com o aquecimento global e as mudanças climáticas têm influenciado um papel crescente na forma como a arquitetura e a engenharia abordam o design e a construção de casas e edifícios em todo o mundo.
Confira algumas soluções:
1. Isolamento Térmico:
Isolar termicamente as edificações é uma das soluções ideais para que o calor do ambiente de fora não interfira na parte de dentro dos ambientes. “Os melhores materiais são os aerados como isopor, terra, plantas, lã de rocha, poliestireno expandido (EPS), espuma de poliuretano e celulose. Eles são considerados excelentes isolantes térmicos, contudo nem sempre sua produção é sustentável e pouco poluente. Eles podem ser utilizados em paredes, tetos e pisos para reduzir a transferência de calor entre o interior e o exterior dos edifícios”, afirmam Fernanda Buga e Paulo Fraga, arquitetos, urbanistas e docentes do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Jaguariúna (UniFAJ), do Grupo UniEduK.
Ao construir, é importante evitar materiais que possuem alta condutividade térmica. Esmeralda cita alguns exemplos: metais como o alumínio, o cobre e o aço; vidros não tratados; paredes não isoladas ou construídas com materiais de alta condutividade térmica, como tijolos ou concreto sem isolamento adequado. Além disso, a arquiteta também aponta que cores em tons quentes acabam gerando uma rápida transferência de calor.
2. Ventilação Natural:
A ventilação cruzada é uma estratégia comum para promover a circulação de ar fresco dentro dos edifícios. “Janelas posicionadas estrategicamente e o uso de aberturas (janelas e portas) controláveis permitem a entrada de ar fresco. O uso de elementos arquitetônicos como brises-soleil (elementos que protegem contra a incidência direta do sol) podem ser também uma solução eficaz”, defendem Fernanda e Fraga.
3. Telhados Verdes e Jardins Verticais:
Telhados verdes e jardins verticais são técnicas eficazes para reduzir o calor absorvido pelos edifícios. “Eles fornecem isolamento térmico adicional aos edifícios, ajudando a reduzir o consumo de energia para resfriamento no verão e aquecimento no inverno. Os jardins verticais oferecem uma série de benefícios em várias áreas, incluindo estética, ambiente, saúde e bem-estar. Ainda proporcionam melhoria da qualidade do ar, absorvendo impurezas atmosféricas, como dióxido de carbono e compostos orgânicos voláteis (COVs), e liberando oxigênio. As plantas, por sua vez, cumprem um importante papel de regulação da temperatura e umidificação do ar, evitando trocas de calor dos ambientes”, destaca Esmeralda.
Entretanto, é preciso verificar se a aplicação do telhado verde não vai gerar sobrepeso na estrutura e como se dará a sua manutenção. “Já que o jardim vertical sem manutenção e seco, pode levar ao risco de incêndio”, pontuam Fernanda e Fraga.
4. Materiais Refletivos:
Materiais de revestimento e pinturas refletivas podem ser usados nas superfícies exteriores para reduzir a absorção de calor, como a pintura de telhados em cores mais claras, segundo Fernanda e Fraga.
5. Sombreamento Natural:
Planejamento adequado de paisagismo e a integração de elementos de sombreamento, como árvores e treliças, podem ajudar a reduzir a incidência direta do sol sobre o edifício, de acordo com Fernanda e Fraga.
6. Técnicas de Projeto Bioclimático:
Esmeralda aponta que para planejar edifícios com design bioclimático é preciso levar em consideração o clima e as condições locais no processo de projeto. Segundo a arquiteta, isso envolve uma orientação adequada do edifício em relação ao sol, o uso de aberturas estrategicamente posicionadas, a escolha de materiais que retém ou refletem o calor e a criação de espaços que favorecem a circulação de ar natural.
“É importante ressaltar que essas práticas não só promovem a eficiência energética, mas também contribuem para o conforto dos ocupantes e a redução da pegada ambiental dos edifícios”, comentam Fernanda e Fraga.
7. Eficiência energética
A melhoria da eficiência energética é uma prioridade central no projeto e construção de edifícios. “Isso envolve a utilização de materiais de construção que isolam bem o calor, janelas de alta qualidade com vidros de baixa emissividade, sistemas de isolamento térmico e ventilação natural eficientes para reduzir a necessidade de resfriamento artificial”, conclui Esmeralda.
Entrevistados:
Fernanda Buga e Paulo Fraga são arquitetos, urbanistas e docentes do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Jaguariúna (UniFAJ), do Grupo UniEduK.
Esmeralda Alves é arquiteta.
Contatos
Fernanda Buga e Paulo Fraga – pedagogico.arquitetura@unieduk.com.br
Esmeralda Alves – arq.esmeralda.alves@outlook.com
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
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