IPT inova com base de concreto reciclado para rua urbana
Monitorada pelo instituto, via foi pavimentada após preparo com material de Resíduos de Construção Civil e Demolição (RCD)
Monitorada pelo instituto, via foi pavimentada após preparo com material de Resíduos de Construção Civil e Demolição (RCD)
Um dos trechos da rua Miguel Biondi, em Guarulhos-SP, é o primeiro a receber pavimento asfáltico sobre base de resíduos de concreto. A inovação foi desenvolvida pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo). Trata-se de técnica que utiliza Resíduos de Construção Civil e Demolição (RCD) como alternativa para a execução de camadas de suporte (estrutura) de vias com baixo ou moderado tráfego de veículos. Para Valdir Moraes Pereira, engenheiro civil do Laboratório de Materiais de Construção Civil (LMCC) do IPT, o uso de reciclados reduz o custo da pavimentação urbana e também da manutenção da via.
A rua servirá de “cobaia” para testar a tecnologia desenvolvida no IPT e sua pavimentação foi dividida em cinco partes. Nos primeiros 211 metros – o maior trecho -, a base recebeu somente brita reciclada. No trecho 2, brita graduada e brita reciclada; no trecho 3, brita graduada tratada com cimento; no trecho 4, brita graduada simples, e no trecho 5, bica corrida reciclada (material sem granulometria definida no processo de produção). A aplicação ocorreu em setembro e o monitoramento da via será feito pelo período de um ano, a fim de que sejam analisadas a resistência e a durabilidade dos agregados.
De acordo com Valdir Moraes Pereira, os testes em laboratório mostram a viabilidade do RCD para uso em pavimento urbano. “O material revela-se uma alternativa para a execução de camadas de suporte (estrutura) em vias com tráfego baixo ou moderado de veículos, pois pode propiciar aumento da durabilidade deste tipo de rua, ocasionando diminuição de custos com manutenção”, explica. O engenheiro também destaca os ganhos ambientais. “Nesse processo, a emissão de CO2 é muito menor em comparação ao método de fabricação usual. Além disso, consome pouca matéria-prima”, explica.
Testes laboratoriais
O projeto-piloto, batizado de “cimento verde”, conta com o financiamento de R$ 5 milhões do BNDES e tende a ser expandido para outras ruas da cidade de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo-SP. O IPT se credenciou à pesquisa por conhecer os procedimentos normativos e os dispositivos legais para o uso de resíduos em matriz cimentícia, e também por conhecer as tecnologias disponíveis para o processamento, a modificação e a seleção dos materiais residuais, além de promover testes de desempenho e durabilidade de matrizes cimentícias com essas características.
Nas avaliações laboratoriais, o “cimento verde” apresentou valores razoáveis de resistência mecânica e tempo de trabalhabilidade similar ao do Cimento Portland. Mesmo assim, o IPT avança cautelosamente e ainda não recomenda a comercialização em grande escala. As razões são duas: a composição ainda deverá sofrer alterações e a viabilidade econômica precisa ser comprovada. Por enquanto, por causa da limitação das fontes de matérias-primas de RCD, a solução ainda custa mais em comparação às metodologias convencionais. “Outros testes serão feitos aos três meses e aos seis meses de idade do pavimento. O ideal é comprovar que seu custo se dilui ao longo do tempo, por causa da maior durabilidade e dos ganhos ambientais”, finaliza o engenheiro do IPT.
Entrevistado
Valdir Moraes Pereira, engenheiro civil do Laboratório de Materiais de Construção Civil (LMCC) do IPT ((Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo)
Contato
imprensa@ipt.br
Crédito Fotos: IPT e Rafael dos Anjos/Comunicação Proguaru
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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