Inovação requer metodologia e agilidade
Para Marcelo Nakagawa, inovação deve estar alinhada à visão de futuro das empresas
Para atingir o net zero até 2050, a indústria do cimento no Brasil certamente terá que apostar muito em inovação. No entanto, inovar é muito mais do que ter ideias criativas – é preciso ter uma metodologia e agilidade para testar novas hipóteses. Esse foi o tema da palestra sobre inovação no 8º Congresso Brasileiro do Cimento, que contou com a participação de Marcelo Nakagawa, professor de inovação, empreendedorismo e transformação digital.
Como inovar?
De acordo com Nakagawa, a inovação vai muito além de copiar os modelos do Google com salas coloridas, pufes e post-its para o pessoal escrever. “Na verdade, quem trabalha com inovação mesmo está nadando contra a maré, tentando convencer e fazer algo diferente. Muitas vezes, ninguém acredita, tem riscos”, pontua.
Para explicar o que é inovação, Nakagawa traça um paradoxo com a saúde. “Se eu perguntar aqui quem acha importante cuidar da saúde, a maioria irá concordar. No entanto, se eu perguntar sobre o que está fazendo para manter a saúde, as pessoas começam a hesitar. Em inovação, ocorre o mesmo”, afirma.
Ao prestar consultoria para as empresas com C-Levels e diretoria, Nakagawa relata que costuma pedir, primeiramente, para elencar inovações que a empresa fez nos últimos 4 ou 5 anos. “Normalmente, eu peço cinco e vem vinte. No entanto, ao perguntar sobre quais destas inovações estão conectadas com a visão de futuro da empresa, normalmente fica um silêncio. Isso acontece porque muitas vezes a visão da companhia não é uma coisa clara – nem mesmo para a alta direção”, revela.
Outras questões que a empresa deve responder é: dessas soluções pensadas, qual é a mais inovadora? Como a empresa define e mensura a inovação? “São perguntas bastante óbvias, mas a imensa maioria das companhias não consegue respondê-las”, pontua.
Nakagawa compara a inovação à questão da gestão da qualidade. “O que aconteceu com qualidade, especialmente depois da ISO 9000, é que ela virou disciplina, processo, indicador. Aí tivemos um boom do controle de qualidade. No fundo, inovação também é processo, disciplina, objetivo, indicador e meta. A inovação, na minha perspectiva, tem suas raízes na visão de futuro da empresa. Qual é a projeção da sua empresa para os próximos 5, 10 ou 20 anos? Parte dessa resposta pode estar ancorada no que vocês realizam atualmente, mas uma parcela significativa das ações futuras permanece incerta. É nesse ponto que a inovação entra em cena. Consideremos o exemplo da Gerdau: estimativas apontam que 20% do faturamento em 2030 será proveniente de soluções inexistentes hoje. Essas previsões possuem uma lógica, objetivos claros e indicadores delineados”, destaca.
Na visão de Nakagawa, as empresas primeiramente têm o desafio de olhar de um jeito mais processual, mais objetivo para a inovação. Posteriormente, há a necessidade do aprendizado de novas lógicas. “Essas empresas tradicionais se especializaram em ser eficientes. No entanto, a inovação frequentemente demanda uma agilidade maior para validar múltiplas hipóteses. Isso implica uma mudança significativa nos processos e na cultura organizacional”, conclui o professor.
Fonte:
Marcelo Nakagawa é professor de inovação, empreendedorismo e transformação digital (INSPER, FDC, FIA, VANZOLINI, UNICAMP, USP). Tem atuado como consultor de Inovação e Transformação Digital, além de ministrar treinamentos e palestras para diversas grandes corporações. Foi colunista do Jota, Época Negócios, Estadão PME, revista Pequenas Empresas, Grandes Negócios, Jornal Brasil Econômico e Harvard Business Review Brasil. É autor dos livros Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa (Ed. Senac, 2022), Empreendedorismo: Elabore seu plano de negócio e faça diferença (Ed. Senac, 2013) e Plano de Negócio: Teoria Geral (Ed. Manole, 2011) e co-autor de Empreendedorismo Inovador: Como criar startups de tecnologia no Brasil (Ed. Evora, 2012), Sustentabilidade & Produção (Ed. Atlas, 2011) e Engenharia Econômica e Finanças (Ed. Elsevier, 2009) . É doutor em Engenharia de Produção (POLI-USP), mestre em Administração e Planejamento (PUC-SP) e graduado em Administração de Empresas (FEA-USP). Foi um dos primeiros mentores da Endeavor Brasil, Diretor de Empreendedorismo da FIAP, Diretor de Pesquisa da Naspers/MIH, Diretor de Inovação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Chefe da área de pesquisa da Eccelera Brasil e pesquisador da A.T. Kearney.
Contato
Assessoria de imprensa 8° Congresso Brasileiro do Cimento – daniela.nogueira@fsb.com.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
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