Indústria de alimentos engorda construção civil
Desde 2010, maiores fabricantes do país vêm projetando e construindo plantas, criando um nicho valorizado pelas empresas especializadas em construção industrial.
Desde 2010, maiores fabricantes do país vêm projetando e construindo plantas, criando um nicho valorizado pelas empresas especializadas em construção industrial
Por: Altair Santos
Em 2012, a Pepsico – gigante mundial na fabricação de alimentos – destinou para o Brasil um aporte de US$ 100 milhões para a expansão de suas fábricas no país, que hoje são 19. Para enfrentar a concorrente, a Kraft Foods adotou a mesma estratégia. Investiu R$ 100 milhões em uma nova fábrica em Vitória de Santo Antão-PE e injetou recursos para expandir as unidades de Curitiba-PR e Bauru-SP. São exemplos, assim como os projetos da Unilever e da Procter & Gamble, de como a indústria de alimentos instalada em território nacional anda competitiva e atraindo cada vez mais o interesse da construção civil. Desde 2010, as plantas industriais para o mercado alimentício tornaram-se um dos nichos mais atrativos para as construtoras.
Dados mais recentes da ABIA (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação) revelam que até 2015 haverá 105 novas fábricas instaladas no país. Muitas já estão contratadas e alimentando o setor de obras industriais. No entanto, construí-las requer mais complexidade do que, por exemplo, erguer um supermercado. Atualmente, uma instalação varejista ou atacadista leva no máximo quatro meses para ser concluído. Já um complexo industrial para fabricar alimentos não fica pronto antes de um ano. “Tratam-se de construções mais sofisticadas, que precisam, por exemplo, de acabamento interno em aço inoxidável e que atendam as normas da vigilância sanitária relacionadas à higienização”, explica o engenheiro civil Walter Bastos Cortes Filho, da MGM Construtora.
Para ganhar tempo, as empresas especializadas neste tipo de obra têm optado pela construção mista, que agrega pré-moldado e estrutura metálica. De acordo com Walter Bastos Cortes Filho, a escolha do sistema construtivo depende muito do local em que a fábrica será instalada. “Há regiões em que construir só com pré-fabricado não é viável, por causa do custo-benefício. Por isso, o projeto arquitetônico tem que ser muito bem pensado e desenvolvido entre a empresa que irá construir, o fornecedor das peças estruturais e o cliente”, diz o engenheiro civil.
Outro ponto fundamental é definir todo o projeto antes de ir para o canteiro de obras. “Nesse tipo de construção não pode haver alterações no decorrer da obra”, alerta o especialista, complementando que um dos atuais desafios da construção industrializada é a contratação de mão de obra especializada. “Como o mercado está aquecido, dificulta encontrar ociosidade neste quesito”, completa.
Requisitos básicos para a construção de uma fábrica de alimentos
Local
Terreno deve estar livre de fontes de contaminação
Planta e construção do prédio
Projeto deve impedir a entrada e o alojamento de insetos, roedores e pragas, assim como contaminantes do meio, como fumaça e pó. Também precisa permitir que o fluxo de operações (chegada da matéria-prima, processo de produção e distribuição do produto final) não sofra contaminação cruzada, ou seja, as áreas de recepção e lavagem de matérias-primas in natura (animais ou vegetais) devem ser isoladas. Além disso, sanitários e vestiários não devem ter comunicação direta com as áreas do processamento.
Pisos
Material empregado deve ser resistente ao trânsito, impermeável, lavável e antiderrapante. É importante também que o nivelamento permita o escoamento da água para os ralos (do tipo sifão ou similar) impedindo a formação de poças.
Paredes
Devem ser revestidas com material impermeável e lavável, e de cores claras. Não devem conter frestas e os ângulos entre elas e o piso, e entre elas e o teto, devem ser abaulados e herméticos para facilitar a limpeza. Paredes e tetos devem ser construídos de modo a impedir acúmulo de poeira, minimizar a condensação e o desenvolvimento de mofo.
Ventilação
Deve impedir fenômenos de condensação e conter sistemas informatizados de controle de umidade. O ar insuflado ou comprimido para as áreas de processamento deve ser seco, filtrado e limpo.
Materiais mais empregados
Aço inoxidável, metal brando, cobre, bronze, alumínio, latão, titânio, concreto, ligas de cobre e de bronze.
Entrevistado
Walter Bastos Cortes Filho, diretor comercial na MGM Construtora
Currículo
Walter Bastos Cortes Filho é graduado em engenharia civil pela Unicamp (1991) e atua na MGM Construtora
Contatos: www.construtoramgm.com.br / comercial@construtoramgm.com.br
Créditos fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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