Indústria da construção civil cresce da porta para dentro
Relatório anual da ABRAMAT mostra que setor modernizou equipamentos e obteve ganhos de produtividade, mas agora se ressente da falta de demanda
Relatório anual da ABRAMAT mostra que setor modernizou equipamentos e obteve ganhos de produtividade, mas agora se ressente da falta de demanda
Por: Altair Santos
O mais recente relatório anual da ABRAMAT (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção), denominado de “Perfil da Cadeia Produtiva da Construção e da Indústria de Materiais e Equipamentos, edição 2015”, mostra que o setor conseguiu números relevantes da porta para dentro da fábrica, principalmente no que se refere ao aumento de produtividade e modernização de equipamentos. Porém, aponta o estudo, a situação econômica do país não permite que essas conquistas se reflitam no mercado. “O esforço continuado das empresas da indústria brasileira de materiais de construção para manter seus níveis de eficiência esbarra nas dificuldades macroeconômicas, o que afeta o dinamismo setorial”, resume o documento.
Segundo o relatório, a indústria de material de construção fez a “lição de casa” quanto às ações que abrangem da porta para dentro da fábrica, e que envolvem processos produtivos, padrão de gestão e uso de tecnologias. Também avançou nas relações com clientes, fornecedores e competidores, priorizando gestão da marca, política de pós-venda, cadeia de suprimentos e distribuição e custos logísticos. No entanto, nada disso foi compensado por elementos macroeconômicos que estão fora do alcance das empresas, como câmbio, juros, impostos e política de comércio exterior. O documento destaca que, até 2013, o chamado equilíbrio entre o que acontece da porta para dentro da fábrica entre o que ocorre da porta para fora se manteve sustentável, mas se perdeu a partir de 2014.
De acordo com o documento da ABRAMAT, cujos dados foram coletados e organizados pela Fundação Getúlio Vargas, “desde junho de 2014 começou a ocorrer uma paralisia na demanda, especialmente aquela originada no consumo das famílias. Essa dinâmica foi reforçada pela progressiva perda de fôlego das vendas no varejo. Na outra ponta, as construtoras também reduziram suas atividades. Tanto no segmento imobiliário quanto no de infraestrutura”. Para enfrentar a retração no mercado interno, alguns setores da cadeia produtiva da construção civil têm compensado a falta de demanda no país através das exportações. Aproveitando-se da desvalorização cambial, setores como o de vidros e de aços longos foram os que mais venderam para outros países.
Cimento
Quanto à indústria do cimento, ela é tradicionalmente pouco afetada pelos fluxos de comércio exterior, cita o documento. Em 2014, as exportações foram de US$ 14,5 milhões, o equivalente a apenas 0,2% do valor total das vendas. Já as importações somaram US$ 190 milhões ou 2,3% do valor das vendas da indústria nacional. Com isso, o saldo de comércio exterior desse segmento foi negativo em US$ 175,5 milhões, tendo aumentado 5% em relação a 2013. Segundo dados do SNIC (Sindicato Nacional da Indústria de Cimento), a produção nacional em 2014 atingiu a marca de 71,2 milhões de toneladas. Apesar da desaceleração em relação ao ano anterior, quando a produção física teve expansão de 19,8%, a série histórica atingiu seu ponto mais alto em 2014.
Para Walter Cover, presidente da ABRAMAT, o relatório não apenas diagnostica o cenário atual da indústria de materiais de construção no país, como serve para balizar as ações do segmento para o futuro. “Trata-se de um estudo completo sobre a estrutura e desempenho do setor. Tenho certeza que será muito útil no processo de planejamento das empresas e para pesquisas sobre a construção civil no Brasil”, completa.
Confira o relatório completo
www.abramat.org.br/site/lista.php?secao=9
Entrevistado
Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (ABRAMAT) (via assessoria de imprensa)
Contato: abramat@abramat.org.br
Crédito Foto: Divulgação/EBC
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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