Indispensável, concreto projetado requer cuidados

Material está entre as tecnologias construtivas que mais cresce no mundo, mas é preciso atenção aos riscos e às patologias associadas a ele

O concreto projetado é a tecnologia construtiva que mais cresce no mundo. Dados recentes, coletados até 2016, mostram que o volume empregado em obras aumenta a uma taxa de 25% ao ano. Os países nórdicos, encabeçados pela Noruega, consomem 1/3 do concreto projetado produzido globalmente. Por duas razões: dispensa fôrmas e é fácil de aplicar. Além disso, cumpre função importante na construção de túneis, taludes, recuperação de estruturas e em obras arquitetônicas.

Renan Picolo Salvador: composição inadequada do concreto projetado e mão de obra sem qualificação podem desencadear risco à obra. Crédito: Cia. de Cimento Itambé
Renan Picolo Salvador: composição inadequada do concreto projetado e mão de obra sem qualificação podem desencadear risco à obra. Crédito: Cia. de Cimento Itambé

Porém, o concreto projetado tem suas vulnerabilidades e seus riscos, como explica o mestre em engenharia civil, e pesquisador da Escola Politécnica da USP, Renan Picolo Salvador. Especialista em temas como hidratação de cimento, aditivos aceleradores para concreto, concreto projetado, concreto reforçado com fibras e macrofibras sintéticas, ele palestrou no 3º Simpósio Paranaense de Patologias das Construções, promovido pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) na primeira semana de maio de 2018.

Entre as vulnerabilidades do concreto projetado estão as patologias que podem atingir o material, caso haja falha em sua composição e em seu manuseio. Além disso, esses dois fatores podem desencadear risco à obra. Principalmente, se houver o desplacamento do concreto. Renan Picolo Salvador lembrou em sua palestra que 5% dos acidentes globais em canteiros de obras se devem à aplicação incorreta do concreto projetado. Boa parte destas fatalidades ocorre em escavações de túneis, onde o material fica mais exposto a patologias.

Cimento com fíler é o mais recomendado para a composição do concreto projetado

Por isso, o projetista que atua com concreto projetado precisa conhecer as peculiaridades do material. Uma delas está relacionada à resistência mecânica. “Aumentar significativamente a resistência mecânica do concreto projetado aumenta também o potencial de fissuração. É preciso saber equilibrar a resistência mecânica para reduzir o risco do material fissurar”, diz o pesquisador da USP, lembrando que o tipo de cimento usado na composição do concreto projetado é fundamental para que não ocorram interferências na resistência e na durabilidade. O mais recomendado é o cimento com fíler.

Concreto projetado sobre telas de aço, em túnel em construção: obra é a que mais utiliza essa tecnologia construtiva. Crédito: Divulgação
Concreto projetado sobre telas de aço, em túnel em construção: obra é a que mais utiliza essa tecnologia construtiva. Crédito: Divulgação

Estudos desenvolvidos por Renan Picolo Salvador na Universidade Politécnica da Catalunha, na Espanha, mostraram que as principais patologias que atingem o concreto projetado – no caso dos túneis ou dos taludes – se dão entre o substrato da rocha ou do solo e a camada do material. “São regiões em que os sulfatos podem penetrar e desencadear fissuras e infiltrações”, alerta. O pesquisador lembra que as camadas de concreto projetado variam de acordo com o tipo de obra e a função que o material deverá cumprir. Há casos que podem atingir entre 15 centímetros e 20 centímetros de espessura.

O concreto projetado também cumpre a função de impermeabilização. Sua aplicação, geralmente, se dá de duas formas: via seca ou úmida. No método a seco, cimento e agregados só entram em contato com a água no bico projetor. Neste caso, há um risco maior de não serem obedecidos os traços definidos pelo projetista. No processo via úmida, o concreto é preparado antes, fica armazenado em câmara própria e daí vai para a projeção. Essa técnica permite conferir as características finais do material para sua aplicabilidade.

Entrevistado
Reportagem com base na palestra do químico, mestre em engenharia civil e pesquisador da USP, Renan Picolo Salvador, dentro do 3º Simpósio Paranaense de Patologias das Construções, promovido pela UFPR

Contato: prc.ufpr.contato@gmail.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


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