Índice Nacional de Custo da Construção Civil fecha 2023 em 2,55%
A economista Ana Maria Castelo analisa os números e fala sobre as expectativas para 2024
Calculado pelo IBGE, o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) apresentou variação de 0,26% em dezembro e fechou 2023 com uma taxa acumulada de 2,55%. Isso representa uma diminuição de 8,35 pontos percentuais em relação ao registrado em 2022, que fechou, na época, em 10,90%.
Ainda sobre os números divulgados, a variação do índice de custo da construção em 2023, referente aos materiais, foi de 0,06%, e chegou a 6,22% em gastos com mão de obra. Para efeito de comparação, em 2023, a parcela dos materiais fechou em 10,02%, e a mão de obra, em 12,18%.
Ana Maria Castelo, Coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre, destaca que o maior peso para a elevação do índice no ano passado veio da mão de obra, e que o responsável por baixar o valor foi o setor de materiais. “A cesta de materiais e equipamentos acabou devolvendo uma parte da alta que ocorreu naquele período da pandemia, quando a falta de insumos e a demanda muito grande que ocorreu em função do movimento de reformas acabaram gerando um descompasso entre oferta e demanda, além de uma pressão de custo na indústria de materiais”, explica a economista.
“Naquele período da pandemia, os materiais subiram muito, e, agora, houve uma devolução, mas ela não foi total. Se a gente pegar dezembro de 2019, vê que a cesta de materiais e equipamentos ainda está mais alta do que naquele período, inclusive, com uma variação acima da inflação. De todo modo, essa devolução de parte dos aumentos foi bastante benéfica para o setor, e agora, de certa forma, houve um alívio no que diz respeito aos materiais e equipamentos”, completa.
Em relação às expectativas para 2024, Ana Castelo também falou, ao Massa Cinzenta, sobre o que pode impactar o INCC durante o ano. “Em relação aos materiais e equipamentos, é mais difícil falar. De maneira geral, a projeção para a inflação de 2024 é favorável, ou seja, a gente observaria uma inflação dentro do intervalo da meta e espera que isso também vá repercutir favoravelmente na cesta de materiais, que acompanhe mais ou menos a inflação.”
A economista corrobora a previsão de representantes do setor que avaliam uma grande alta na demanda por trabalhadores no segundo semestre deste ano, devido aos projetos programados pelo governo. “Em relação à mão de obra, essa expectativa de que isso vai ser uma pressão de custo, faz sentido, sim. A projeção é de que o setor deve retomar muitas obras no mercado imobiliário, alavancado pelo Minha Casa Minha Vida, então, é possível que o crescimento volte a acelerar”, avalia.
“Temos o investimento em infraestrutura, então o mercado de trabalho não só vai continuar pressionado, como essa pressão pode até crescer, e isso, obviamente, deve se refletir no preço da mão de obra.”
Maior taxa no acumulado do ano
Ainda sobre o Sinapi, o Amazonas foi o estado que registrou a maior taxa no acumulado de 2023, ficando em 6,80%. A região Norte, como um todo, registrou 4,4%. Como comparação, a região Sudeste teve o menor índice, 1,68%, e o estado de São Paulo chegou a 1,88%.
O presidente do SindusCon do Amazonas, Frank do Carmo Souza, explica que, usualmente, os valores são muito maiores no Norte do que em relação a outros estados por fatores como logística, informalidade na mão de obra e baixa produtividade. “Temos logística, energia elétrica e combustivel mais caros que outras regiões, e, se falarmos de cimento, ele chega a ser o dobro do que é vendido no Sudeste. Então, os insumos de produção são mais caros”, explica.
Frank Souza também destaca outro ponto de impacto no custo de material de construção do ano passado. “Nós temos a seca do rio, que no período de agosto até dezembro afeta enormemente o valor dos fretes. Em 2023, nós tivemos a pior seca dos últimos 100 anos. Esse é mais um fator grave aqui na região, para se ter o preço de material de construção compatível. E os valores estimados pelos organismos que fazem essa precificação acabam não levando em consideração essas adversidades paralelas que nós temos aqui.”
Sobre 2024, no entanto, o presidente do SindusCon-AM está otimista. “Nós achamos que vai ser o melhor ano para a construção civil, por causa do Minha Casa Minha Vida, programa do Governo Federal que acabou sendo fechado no final de 2023. Isso deve melhorar a construção na região Norte.”
Fontes
Ana Maria Castelo, Coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre
Frank do Carmo Souza, presidente do SindusCon-AM
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
Vogg Experience
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