Impressora 3D constrói casas com concreto reciclado
Em 24 horas, equipamento produz estruturas para montar dez residências, a um custo de aproximadamente 12 mil reais cada unidade
Em 24 horas, equipamento produz estruturas para montar dez residências, a um custo de aproximadamente 12 mil reais cada unidade
Por: Altair Santos
As impressoras 3D desembarcaram na construção civil. A empresa chinesa Xangai Winsun Decoração Projeto Co. Engenharia desenvolveu tecnologia para “imprimir” até dez casas em 24 horas. A empresa possui 77 patentes voltadas a materiais de construção, tais como fibra de vidro reforçada com gesso e fibra de vidro misturada ao concreto armado. Neste caso, o grande trunfo é o material utilizado: concreto com agregados recicláveis, o que confere um caráter ambientalmente sustentável à inovação.
A moradia fabricada a partir de tecnologia 3D possui 200 m² e seu processo de construção custa, em média, US$ 4.800 (cerca de R$ 12 mil), sem incluir gastos com mão de obra para montagem, materiais elétricos, hidráulicos e de acabamento. Como esses serviços são baratos na China, o valor da casa totalmente pronta se aproxima dos US$ 10 mil (R$ 25 mil). O equipamento monta as estruturas com uma mistura de concreto autoadensável e fibra de vidro, camada por camada, em um processo semelhante à fabricação de maquetes e protótipos em impressoras 3D.
A empresa com sede em Xangai-China investiu 20 milhões de yuan (US$ 3,2 milhões) em um período de doze anos, desenvolvendo o processo de construção. Ao “imprimir” as casas, o sistema 3D já calcula e marca espaços para instalar encanamento, rede elétrica e outras necessidades de uma habitação.
Segundo o CEO da empresa, Ma Yihe, o desenvolvimento da impressora consumiu a maior parte do tempo do projeto. Foi construída uma máquina que mede 32 metros de comprimento por 10 metros de largura e 6,6 metros de altura, acoplada a uma usina para produzir o concreto. “Nós compramos peças para a impressora no exterior e montamos o equipamento em uma fábrica em Suzhou”, explica Ma Yihe.
A Winsun Engenharia agora planeja instalar 100 modelos da impressora em várias regiões da China para construir casas populares, a fim de ajudar a reduzir o déficit habitacional no país. O plano já atraiu parcerias. A gigante chinesa do setor da construção civil, a Tomson Group, está se associando ao projeto para desenvolver edifícios de até cinco pavimentos.
Concorrência dos EUA
Projeto semelhante está em desenvolvimento na University of Southern California (USC), e que foi batizado de Contour Crafting. O avanço da tecnologia norte-americana em relação à chinesa é que ela permite instalar a impressora 3D no canteiro de obras, eliminando o transporte das peças pré-fabricadas até o local. “Em comparação com a construção pré-fabricada, a impressão 3D não é muito mais barata, principalmente quando ela ocorre no local da obra”, avalia o professor Behrokh Khoshnevis, diretor do programa de pós-graduação em Engenharia de Produção da USC.
De acordo com Khoshnevis, esta tecnologia aponta para vários mercados, propiciando a desfavelização em países como Brasil, Índia e China, além de nações africanas. Os primeiros testes com a impressora 3D desenvolvida nos Estados Unidos devem ocorrer em 2015, uma vez que a universidade precisa provar que as suas habitações impressas em 3D cumprem as normas do código de construção dos EUA.
Já para Ma Yihe, da chinesa Winsun Engenharia, a nova tecnologia estabelece uma espécie de divisor de águas na construção civil. “Estamos vendo nascer um novo modelo de construtora. A que não gera resíduos para fabricar suas edificações. Pelo contrário, recicla tudo. A pasta cimentícia usada como a “tinta” da impressora é uma prova de que é possível”, afirma.
Entrevistados
– Professor Behrokh Khoshnevis, diretor do programa de pós-graduação em Engenharia de Produção da University of Southern California (USC) (via email)
– Ma Yihe, CEO da Xangai Winsun Decoração Projeto Co. Engenharia (via email)
Contatos
KhoshnevAT@uscDOT.edu
http://www.bkhoshnevis.com
yhbm@yhbm.com
Créditos Fotos: Divulgação/Winsun New Materials
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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