Imprescindível no mundo
Com crise ou sem crise, o engenheiro civil é hoje o profissional com mais ferramentas para se adaptar ao mercado globalizado
Com crise ou sem crise, o engenheiro civil é hoje o profissional com mais ferramentas para se adaptar ao mercado globalizado
Definição de engenheiro civil: um profissional a postos para qualquer função. É assim que o coordenador do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Paraná, Marcos Antônio Marino, vê o profissional que ajuda a formar. Para ele, quem opta por essa profissão sai na frente em relação às demais porque tem maior capacidade de adaptação às variações do mercado. Se o período for de riqueza, é ele quem vai construir. Se for de contenção, é ele quem vai administrar. Confira os segredos desta profissão na entrevista a seguir:
Como o engenheiro civil está posicionado hoje no mercado?
Antes da crise, posicionamento total. Agora, diminuiu sensivelmente, mas não tanto quanto outros setores da economia. A profissão continua indo razoavelmente bem. Até porque é uma função fundamental para o desenvolvimento do país. Engloba tudo. Sem esta função não se faz nada em lugar nenhum do mundo. Qualquer projeto não pode prescindir de um engenheiro civil. Qualquer projeto, qualquer sonho, passa pelo engenheiro civil. É ele quem vai construir. Você pensa num hospital, quem vai construir é um engenheiro civil, certo? Então, qualquer coisa que se sonhe, que se pense, que se projete, passa pelo engenheiro civil.
Ele hoje é mais um técnico ou um gestor?
Ele tem que ser os dois.
Por quais adaptações terá de passar esse profissional para se garantir no mercado e assegurar melhor remuneração nos tempos atuais?
É uma questão de competência, como em qualquer outra profissão. O fato de o profissional estar empregado não garante que ele seja bom. Ele vai ter de mostrar competência, como um médico, como um administrador. Aí não é uma coisa particular da engenharia civil, aí é do ser humano. Aonde o profissional entrar, terá de se adaptar com rapidez. E isso está relacionado à competência.
Não é raro ver engenheiros atuando no mercado financeiro ou até em áreas administrativas. Por que esses setores absorvem esses profissionais?
Porque a formação do engenheiro civil é uma formação eclética. Na engenharia civil, além da área técnica, você atua muito na área administrativa, você atua muito na área econômica. Nós tivemos mais de um ministro da Fazenda que era engenheiro. Por quê? Porque o engenheiro tem uma formação universitária, uma formação ampla. Ele não é um engenheiro apenas focado em engenharia civil. Ele é um sujeito que tem que pensar muito na parte administrativa e muito mais ainda na parte econômica. Automaticamente, um bom engenheiro é também um economista e um administrador. Isso é inevitável. Senão não tem sucesso na profissão.
Recentemente, o IEP (Instituto de Engenharia do Paraná) lançou um curso pré-vestibular com vocação para orientar jovens a optarem pela engenharia. Como o jovem hoje encara o curso: a procura é boa ou já foi melhor?
A procura é muito boa. Veja, nós temos vários cursos de Engenharia Civil no Paraná. Dois federais – a Universidade Federal e a Universidade Tecnológica – e tem todas as estaduais e as particulares. Fazendo um raciocínio rápido, diria que temos dez cursos de Engenharia Civil no Estado, e todos eles têm demanda alta.
Antigamente, engenharia, medicina e direito eram vistos como cursos nobres. Isso parece que fazia estudantes das classes C, D e E fugirem destes cursos. Com está isso agora?
Na minha época, nos anos 60, havia esse glamour. Acho que isso ainda continua com a medicina, mas em relação à engenharia civil as oportunidades são bem maiores, e mais diversas. A Engenharia Civil se desdobrou em Engenharia Cartográfica, Engenharia Ambiental, Engenharia de Produção. A Engenharia Civil se transformou em vários cursos e isso despertou maior interesse.
Com o aquecimento da economia, descobriu-se que havia falta de engenheiros no mercado. Como ficará agora, após essa freada causada pela crise global?
É temporário. Na hora em que o mundo sair da crise, quem sairá na frente será o engenheiro civil, que vai ter de construir tudo de novo. Isso é cíclico. A primeira coisa que o pessoal faz quando tem uma crise é parar de construir. Depois que os erros são corrigidos, começa-se a construir de novo, e correndo. Aí falta engenheiro para trabalhar.
Qual a diferença entre o curso de Engenharia Civil e o curso de Engenharia de Produção Civil?
O engenheiro civil, pelo menos os da Federal do Paraná, é um profissional a postos para qualquer função. Ele vai atuar na área de produção, na área de meio ambiente, na área de saneamento, na área de transporte. É aquele que atua em todas as áreas. O engenheiro civil de produção é como o nome está dizendo. Ele vai, especificamente, para uma produção mais qualificada, mais direcionada. Assim, ele se torna o engenheiro de produção mecânico, o engenheiro de produção elétrico. É uma área específica da engenharia. Já a Engenharia Civil é mais universal.
Jornalista responsável Altair Santos MTB 2330 Tempestade Comunicação.
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