Há 30 anos, ruía ponte-referência para a engenharia
Primeira obra de concreto construída em balanços sucessivos não resistiu à enchente de 1983, em Santa Catarina, mas segue em pé nos cursos de engenharia civil.
Primeira ponte de concreto construída em balanços sucessivos não resistiu à enchente de 1983, em Santa Catarina, mas segue em pé nos cursos de engenharia civil
Por: Altair santos
A ponte sobre o rio do Peixe é reconhecida mundialmente como a primeira construída em concreto a usar balanços sucessivos, sem escoramentos apoiados no terreno. Projetada pelo engenheiro Emílio H. Baumgart, e erguida entre 1929 e 1930, a obra ruiu em 1983, por causa da histórica enchente que atingiu Santa Catarina. Porém, se deixou de existir como ligação entre as cidades de Herval d’Oeste e Joaçaba, ela até hoje segue em pé nas escolas de engenharia civil – não só no Brasil.
O motivo é que a tecnologia criada por Baumgart popularizou-se para a construção de pontes. “O processo é particularmente indicado para aquelas circunstâncias em que a correnteza do rio é intensa, quando a altura da ponte em relação ao terreno é grande ou ainda quando há a necessidade de permitir a navegação sob a ponte durante sua construção. De forma geral, a técnica é aplicada para vencer vãos em locais em que há dificuldades na implantação de escoramentos”, explica o doutor em engenharia estrutural, Andriei José Beber.
Na Alemanha, a técnica empregada por Emílio H. Baumgart está presente em várias pontes espalhadas pelo país. Em Stuttgart, há uma semelhante, inclusive com vão livre de 68 metros. Só que os alemães aperfeiçoaram a tecnologia, aplicando concreto protendido nas obras, em vez de concreto armado. Se tivesse sido construída com essas inovações, provavelmente a ponte sobre o rio do Peixe ainda estaria em pé. O que a fez ruir foi o solapamento das margens do rio, causado pela enchente, e que afetou as fundações instaladas nas cabeceiras da ponte.
Segundo Ubirajara Ferreira da Silva, vice-presidente da ABPE (Associação Brasileira de Pontes e Estruturas) houve grande erosão nas margens, que, combinada com a violência das águas, criou uma força transversal não prevista pelos cálculos da época em que a ponte foi criada. “Evidentemente que a solução adotada por Baumgart – a execução de aduelas sucessivas em concreto armado – não seria mais empregada hoje. Prevaleceria a solução alemã, que adotou elementos tensores de concreto protendido para o mesmo modelo de ponte“, explica.
A ponte sobre o rio do Peixe durou 53 anos. Curiosamente, não apresentava nenhuma patologia crônica até ser atingida pela enchente. Significa que poderia ter entrado para o rol das pontes quase centenárias que ainda existem no Brasil. A mais antiga delas é a Maurício de Nassau, em Recife-PE, construída em concreto armado em 1917. “Em média, a estatística de durabilidade, quando se projeta uma ponte, é de 100 anos. Mas por conta da baixa manutenção, algumas de nossas pontes estão apresentando anomalias complicadas e durando bem menos”, lamenta Ubirajara Ferreira da Silva.
Recalque de fundação, erosão danosa nas fundações, deterioração do concreto por impacto, fissuras, trincas e envelhecimento, além de corrosão das armaduras, são algumas das patologias mais comuns em pontes. De acordo com Andriei José Beber, para evitar que elas afetem a infraestrutura, o melhor remédio é prevenir. “A manutenção da infraestrutura não pode ser entendida somente sob a ótica da correção, mas principalmente sob a ótica da prevenção e da conservação”, defende, alertando que a quantidade de pontes com patologia no Brasil é preocupante.
Confira estudo completo sobre a ponte de Emílio H. Baumgart
Parte 01
Parte 02
Entrevistados
Andriei José Beber, professor-doutor da Universidade do Vale do Itajaí e Ubirajara Ferreira da Silva, vice-presidente da ABPE (Associação Brasileira de Pontes e Estruturas)
Currículos
– Andriei José Beber é graduado em engenharia civil pela Universidade Regional de Blumenau, com grau Magna Cum Laude
– Mestre em Engenharia Estrutural pela UFRGS com grau Magna Cum Laude de dignidade acadêmica
– Doutor em Engenharia Estrutural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS
– Foi professor e pesquisador da UFRGS e atualmente integra o corpo docente da Universidade do Vale do Itajaí
– Pesquisador e coordenador do CEMIC (Centro de Estudos de Manutenção da Infraestrutura Civil) atua em consultorias na área de gerenciamento, manutenção e reabilitação de infraestrutura
– Possui mais de 70 trabalhos publicados no Brasil e no exterior
– Ubirajara Ferreira da Silva é graduado em engenharia civil, projetista estrutural e vice-presidente da Associação Brasileira de Pontes e Estruturas (ABPE)
Contatos: www.abpe.org.br / www.univali.br / andriei@univali.br
Créditos foto: Divulgação/acervo UFSC
Jornalista responsável: Altair santos – MTB 2330
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