Governo Trump e as perspectivas para o setor da construção civil brasileira

Economista da FGV aponta que a valorização do dólar tende a encarecer insumos importados utilizados na construção

Foco na eficiência operacional e na exploração de nichos de mercado para atravessar momentos de incerteza. Crédito: Envato

Com a recente posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, o setor da construção civil no Brasil enfrenta incertezas e oportunidades decorrentes de um novo cenário internacional. Políticas econômicas protecionistas e possíveis mudanças no fluxo de investimentos podem impactar diretamente a dinâmica do setor. 

Segundo Ana Castelo, coordenadora de Projetos da Construção na Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE), o momento é de cautela e ao mesmo tempo de aproveitar as tendências que emergem de um mercado global interconectado.


A agenda protecionista de Trump, que busca priorizar a indústria americana, pode ter efeitos diversos sobre a construção civil brasileira. Ana Castelo ressalta que a valorização do dólar decorrente de políticas monetárias nos EUA tende a encarecer insumos importados utilizados na construção. Por outro lado, um cenário de maior protecionismo pode estimular a produção interna de materiais, promovendo o fortalecimento da indústria nacional.


A alta do câmbio e suas consequências sobre a inflação e os juros internos representam um desafio significativo para o setor”, alerta.

Além disso, a política monetária americana pode influenciar o custo do crédito no Brasil, tanto para projetos de infraestrutura quanto para o mercado imobiliário de média e alta renda. “Se a Selic continuar em patamares elevados, é provável que haja uma desaceleração no consumo e nos investimentos no setor”, completa.


Cenário nacional: avanços e desafios

O ano de 2024 foi marcado por um desempenho positivo na construção civil brasileira, com destaque para o crescimento no mercado imobiliário e nos projetos de infraestrutura. O programa Minha Casa Minha Vida teve papel fundamental nesse cenário, assegurando a manutenção do ciclo de negócios no setor popular. “Mesmo em um cenário de estagnação do mercado de trabalho, o programa conseguiu sustentar boa parte das atividades da construção”, destaca Ana.

No entanto, o segmento de média e alta renda, que depende mais diretamente de crédito e investimentos, pode enfrentar um desaquecimento. Pequenas obras e reformas também sofrem com o custo elevado do crédito, tornando mais fácil para os consumidores postergarem esses projetos.

Projeções para 2025 e os próximos anos

Apesar dos desafios, o setor deve continuar aquecido no curto prazo devido a contratos e obras já em andamento. O mercado de infraestrutura, impulsionado por leilões recentes, e o ciclo de negócios do Minha Casa Minha Vida prometem manter o ritmo de atividades em 2025.

No entanto, o cenário de médio e longo prazos depende fortemente de como o Brasil enfrentará as pressões externas e internas. “Se as taxas de juros permanecerem elevadas e a inflação pressionar os custos, é possível que vejamos uma retração mais acentuada a partir de 2026”, alerta Ana Castelo. Mesmo assim, ela aponta que o setor possui resiliência devido ao ciclo longo de seus projetos e à capacidade de adaptação dos agentes do mercado.


Recomendações para o setor

Para atravessar este momento de incertezas, a economista sugere uma abordagem proativa, com foco na eficiência operacional e na exploração de nichos de mercado. Ana Castelo enfatiza a importância de atender às demandas já contratadas e de acompanhar de perto as políticas monetárias e suas implicações sobre o crédito.

Além disso, a colaboração entre setor privado e público para viabilizar novos projetos de infraestrutura é fundamental para assegurar a continuidade do crescimento.

Logo, o governo Trump e suas políticas podem impactar a construção civil brasileira de maneiras variadas. Cabe ao setor antecipar os desafios, adaptar-se ao novo contexto global e aproveitar as oportunidades que surgirem. “É um momento de desafios, mas também de preparação para colher frutos em um futuro próximo”, conclui.

Entrevistada
Ana Maria Castelo é coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre.

Contato:
ana.castelo@fgv.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
Vogg Experience

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.



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