Gestão à vista
Esse modelo de gestão pode ser definida através da expressão "uma imagem vale mais que mil palavras", o que torna as ações mais transparentes.
Método oferece maior autonomia para a tomada de decisões
Por: Marina Pastore
Uma luz que acende indicando que um caixa precisa de ajuda no supermercado (chamado de andon), um cartão com informações sobre o tipo de peça e a quantidade a ser fabricado (kanban), um desenho ilustrativo, painéis informativos ou botons. Todos estes itens podem ser adotados pela administração de uma empresa, em um processo denominado gestão à vista.
Para o engenheiro eletrônico e consultor sênior da Inovar Gestão e Projetos, Edwan Lima, a gestão à vista pode ser definida através da expressão “uma imagem vale mais que mil palavras”. “Este método procura tornar as coisas mais transparentes dentro da empresa principalmente para os operadores de produção, pois possibilita saber de forma fácil e intuitiva como está o desenvolvimento do trabalho, a operação das máquinas, os resultados alcançados, entre outras informações”, afirma.
Esta forma de gestão é comumente encontrada em fábricas, mas também pode aparecer em outros ambientes. “O cidadão comum já utiliza e compreende bem esta prática, sem se dar conta disso. Mesmo sem nunca ter colocado os pés em ambiente fabril, é possível ter tido contato com este modelo há muito tempo, sem perceber. Eu considero o Post-it, por exemplo, o item mais popular da gestão à vista”, assegura o consultor corporativo, palestrante e especialista em Gestão do Conhecimento, Gilson Nelson Coelho.
Vantagens e desvantagens
Na opinião de Lima, “a gestão à vista pode ser considerada um poderoso meio de comunicação, simples e eficaz, que consegue transmitir a mensagem sem a necessidade de grandes investimentos em tecnologia. Desta forma, permite a maior autonomia dos colaboradores, facilita o acesso à informação e mexe com a cultura da empresa, derrubando muros e deixando-a mais aberta”.
O palestrante também afirma: “Se a informação está à vista do funcionário, isso permite que ele tome iniciativas, estabeleça correlações, se responsabilize por decisões. Tudo isso sem a presença do chefe imediato. Além disso, é uma ferramenta que possibilita a redução no volume de recursos empregados na produção”.
Entretanto, a empresa deve estar preparada para esta prática. “De que adianta um supermercado utilizar andons que indicam que um posto de caixa está necessitando de ajuda se não existem supervisores suficientes ou sem o devido preparo para resolver o problema do cliente?”, questiona Lima.
De acordo com Coelho, a gestão à vista pode “assustar” também as chefias imediatas, quando os resultados das equipes não estão bons. “Sempre que o indicador está exposto e os números não são favoráveis, as chefias acabam tendo que fornecer explicações sobre as quais nem sempre possuem o domínio. Seria preciso investigar e eliminar as causas para resolver os problemas. Em vez disso, muitos preferem sumir com os indicadores. Por isso, o processo precisa ser estabelecido pelo alto comando da empresa”.
Modelo japonês
A Toyota é uma das empresas que mais difundiram o sistema de gestão à vista. “Ela é amplamente aplicada no ambiente fabril, sendo uma das principais ferramentas que fundamenta a filosofia Just in Time, também conhecida como Produção Enxuta, muito divulgada nos últimos tempos enfatizando o Sistema Toyota de Produção”, explica Coelho.
Lima completa: “A sua difusão está atrelada a este método, criado por volta das décadas de 50 e 60. Dentro desse sistema que prega a eliminação dos desperdícios e a melhoria contínua, a gestão à vista é uma ferramenta que ajuda na autonomia para a tomada de decisão e possibilita a realimentação rápida para combater os problemas”.
Lima e Coelho concordam que o Japão possui grandes exemplos de gestão à vista. O consultor sênior da Inovar Gestão e Projetos exemplifica: “Ao visitar uma fábrica no Japão, notei que havia um quadro no qual os colaboradores colocavam seu destino quando saiam da sala. Ao lado do nome de um dos funcionários, havia uma etiqueta indicando fogo. O engenheiro que me acompanhava explicou que o colega no dia anterior havia saído e esquecido o cigarro aceso. Dessa forma, ele estava recebendo um ‘alerta’ a respeito de sua atitude. Isso foi muito mais eficaz que qualquer memorando”.
Coelho, por sua vez, relata que o seu primeiro contato com a gestão à vista foi em 1992, também em visita ao Japão. “Na maioria das fábricas que visitei tudo o que necessitava de medição e monitoramento estava diante dos funcionários. Tudo sempre estava disposto em grandes painéis ou pequenos recursos visuais colocados em posições estratégicas, à vista de todos. Eles consultavam voluntariamente os indicadores, mas também recebiam explicações das chefias. Constantemente eles conferiam os avanços, parabenizando ou manifestando preocupação sobre algo que insistia em não melhorar”, conta.
Case: Belgo
Edwan Lima cita como exemplo de gestão à vista a empresa Belgo, do Grupo Arcelor. Vencedora do Prêmio Nacional da Qualidade de 2006, a organização possui salas de gestão à vista tanto para a fábrica quanto para o escritório. Estes ambientes servem para comunicar o plano estratégico, que inclui indicadores, metas e projetos.
>> Entrevistados:
Edwan Lima
– Engenheiro Eletrônico.
– Mestre em Gestão Empresarial .
– Doutorando em Engenharia de Produção e Sistemas pela Universidade do Minho – Portugal.
– Atua em Gestão da Qualidade, Gerenciamento de Projetos e Inovação, como consultor e professor.
– Atualmente é Consultor Sênior da Inovar Gestão e Projetos.
>> Contato: edwan_lima@yahoo.com.br
Gilson Nelson Coelho
– Formado em Administração pela Universidade da Região de Joinville (Univille).
– Pós-graduado pelo Centro Universitário FAE.
– Consultor Corporativo, palestrante e especialista em Gestão do Conhecimento.
– Atuou em projeto de Consultoria Capacitação Corporativa Continuada na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS).
– Atuou na Direção Comercial da Varejo Farma e Distribuição.
– Participou de projetos nas áreas recursos humanos, produção e logística, passando por Santa Cruz (distribuidora), Busscar, Caribor, Consul S.A. (hoje Multibrás), entre outras.
– Fez parte da Missão Brasileira para Aprofundamento da Qualidade no Japão e Coreia.
>> Contato: www.gilsoncoelho.com.br
Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content
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