Geração Y chega à liderança com expectativas elevadas
Moldados no Brasil em crescimento, novos ocupantes de cargos de poder almejam, além de bons salários, atuar em empresas preocupadas com a sustentabilidade.
Moldados no Brasil em crescimento, novos ocupantes de cargos de poder almejam, além de bons salários, atuar em empresas preocupadas com a sustentabilidade
Por: Altair Santos
Em empresas vinculadas aos setores de tecnologia, mineração e industrial, representantes da geração Y – conceito criado para definir os nascidos entre 1979 e 1995 – têm galgado cargos de liderança com mais rapidez que seus antecessores. A explicação é que eles chegam às Companhias trazendo um conjunto de habilidades que facilita evoluírem na carreira de forma mais acelerada. Ao mesmo tempo, são colaboradores que entram nas corporações com expectativas elevadas e só se mantêm se elas forem atendidas. “A explicação é em função do cenário em que esta geração foi moldada, ou seja, no Brasil em crescimento, com mercado de trabalho aquecido e com escassez de talentos. Então esse ambiente faz com que a geração Y, por princípio, seja mais ambiciosa e mais exigente”, explica Sócrates Melo, da consultoria e recrutamento Robert Half.
Recentemente, a Robert Half, que além do Brasil opera nos Estados Unidos, Canadá, Europa, Ásia, América Latina e Oceania, realizou pesquisa com 2.179 CFOs (chefes do setor financeiro) para coletar dados sobre a geração Y. A conclusão foi que 48% dos executivos entrevistados apontaram que os nascidos no período de 1979 a 1995 são os mais difíceis de atrair e de reter. A principal dificuldade de retenção é por conta das expectativas em relação ao plano de carreira (60%), seguida da remuneração (54%) e da qualidade de vida (36%). “A geração Y tem afinidade com empresas que valorizem a sustentabilidade, cultivando qualidade de vida, bem-estar e preocupação ambiental”, afirma Sócrates Melo. No setor da construção civil, Companhias com esse perfil têm conseguido não só atrair jovens como promovê-los a cargos de liderança.
Segundo o consultor da Robert Half, na função de liderança a geração Y começa a administrar profissionais que têm os mesmos anseios: crescimento acelerado, necessidade de feedbacks e questionadores. “Por isso, o desafio destes jovens gestores é conseguir orientar essa energia para a execução de projetos, com foco nos resultados. Quando isso ocorre, os profissionais desta geração se diferenciam”, afirma. Sócrates Melo entende também que esse processo de promover líderes da geração Y é um caminho sem volta. Até por que, ela se mostra mais preparada que os concorrentes da geração X. “Eles trazem consigo muita vontade e desejo de mudança”, explica. Estima-se que no Brasil 20% das grandes corporações, principalmente as que operam no sistema financeiro e em áreas tecnológicas, já tenham jovens até 35 anos em cargos de liderança.
Diferença
Na pesquisa da Robert Half fica definida a diferença entre a geração Y e suas antecessoras: a “baby boomers”, que engloba profissionais nascidos entre 1946 e 1962, e a “X”, formada por pessoas que nasceram entre 1963 e 1978. A “baby boomers” ficou marcada por pessoas totalmente fiéis à empresa, permanecendo muitas vezes toda a carreira com um só emprego. Já a X buscou a diversificação, mas com uma dedicação extrema ao trabalho para atingir o sucesso profissional. Ainda de acordo com o estudo, a geração Y busca uma nova maneira de encarar a vida profissional e prefere mostrar o trabalho em resultado produzido e não em horas trabalhadas. Isso significa o fim dos workaholics. “O modelo em que competência é entrar às 7h e sair à meia-noite está sendo desafiado. A geração Y quer subir rapidamente, mas com qualidade de vida”, finaliza a análise.
Entrevistado
Sócrates Melo, diretor de operações dos escritórios da Robert Half em Belo Horizonte e Rio de Janeiro
Currículo
– Sócrates Melo é graduado em Business Administration pela Northwood University, com especialização em Contabilidade e Finanças pela Fundação Getúlio Vargas (FGV)
– Iniciou sua carreira na área de importação e exportação, na Knor-Bremse, foi analista financeiro na CCP – Food (USA) e retornou ao Brasil para atuar como Supervisor Administrativo Financeiro na MJMelo. Na área de recrutamento, iniciou como gerente administrativo financeiro na Locer Consultoria, de onde foi para a Robert Half
Contato: socrates.melo@roberthalf.com.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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