Varejo da construção é ambiente fértil para as startups
Ideias que impulsionem o negócio nunca devem ser descartadas por donos de lojas de pequeno e médio portes
Especialista em desenvolvimento de startups, Carlos Zago avalia que os conceitos disseminados por essas empresas abertas à inovação podem se encaixar em qualquer segmento. Inclusive, o de lojas de varejo de material de construção. Para o CEO da Innovster, que palestrou no encontro VMC (Varejo de Material de Construção), ocorrido dentro da FEICON 2019, o que importa é estar aberto a novas ideias. “O primeiro passo para que o pequeno e o médio varejistas inovem em suas lojas é estar disposto a ouvir novas ideias. Independentemente do tamanho da empresa, o dono tem que dizer: estou aberto a novas ideias que possam impulsionar meu negócio”, diz.
Carlos Zago, que é médico de formação, lembra que as startups trouxeram conceitos e metodologias muito ágeis para todos os setores em que atuam. “Com elas, a inovação se tornou um espaço aberto. Antigamente, o dono da empresa era quem tinha as grandes ideias. Só que ele mantinha aquilo em sigilo, para uso exclusivo. Depois, as empresas cresceram e a inovação foi entregue aos setores de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). Desde 2012, as grandes corporações passaram a perceber que estavam precisando investir cada vez mais em P&D para alcançar o mesmo nível de inovação, ou seja, a inovação burocratizou dentro das empresas e abriu espaço para as startups”, revela.
O palestrante destaca que as startups conseguem colocar inovações mais rapidamente no mercado. “Elas são abertas, desburocratizadas. São laboratórios de inovação. Hoje, por exemplo, um smartphone é feito de diversas inovações desenvolvidas por startups. É mais fácil, mais rápido e mais barato. Isso começa a chegar na construção civil com as construtechs”, afirma. Projeções estimam que até 2050 as construtechs devem influenciar todas as etapas da obra: do projeto ao processo de compras entre fornecedores e construtores, passando pelo canteiro de obras, a segurança no trabalho e chegando à gestão da manutenção predial.
O que mais cresce no Brasil são tecnologias de relacionamento com o consumidor
O varejo da construção também não está alheio às startups, apesar de ainda ser o mais tímido dos segmentos, se comparado com outros setores. O que mais cresce no Brasil, segundo dados da Retail Tech Mining Report, com apoio do Centro de Estudos e Pesquisas do Varejo (CEPEV) da USP e da Associação Brasileira de Startups, são as tecnologias voltadas para melhorar a forma de relacionamento com o consumidor. Entre março de 2018 e março de 2019, o número de empresas focadas neste tipo de inovação subiu de 194 para 269 no país. A região sudeste possui a maior concentração de startups (67,1%), seguida pela região sul (25,6%), Nordeste (5%), Centro-Oeste (1,8%) e Norte (0,8%). Metade destas empresas está no estado de São Paulo. O Rio Grande do Sul ocupa a segunda posição no ranking, com quase 10% das startups. Depois vêm Minas Gerais (9%), Paraná (8,2%), Santa Catarina (7,8%) e Rio de Janeiro (7,4%).
Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Tecnologia e Inovações para o Varejo de Material de Construção”, de Carlos Zago, concedida no encontro VMC (Varejo de Material de Construção), na FEICON 2019
Contato: feicon@reedalcantara.com.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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