Estudo avalia comportamento reológico da argamassa estabilizada
Professoras do Instituto Federal de Santa Catarina falam sobre os resultados obtidos
Conhecer cada vez melhor todos os aspectos técnicos da argamassa estabilizada é fundamental para se manter a eficiência e a produtividade na construção civil, já que estudos mais profundos sobre o tema contribuem para indicar possíveis alterações no produto e melhores formas de armazenamento.
As professoras e engenheiras civis Juliana Machado Casali e Luciana Maltez Calçada, do Instituto Federal de Santa Catarina, assinam um estudo chamado Avaliação do Comportamento Reológico de Argamassa Estabilizada ao Longo do Tempo de Armazenamento, que teve como objetivo avaliar as propriedades reológicas do produto após 15 horas, 39 horas e 62 horas de sua produção.
“A grande característica da argamassa estabilizada é que ela se mantém trabalhável por até 72 horas. Desse modo, é importante avaliar a trabalhabilidade que envolve a mistura, o transporte e a aplicação ao longo do tempo”, explicam as especialistas. “A trabalhabilidade normalmente é avaliada com base em consistência que, embora fácil de medir, por vezes não identifica diferentes trabalhabilidades das argamassas.”
Elas também reforçam que os parâmetros reológicos (viscosidade e tensão de escoamento) fornecem informações mais precisas e sensíveis em relação a argamassas de trabalhabilidade distintas, contribuindo para a indústria da construção com a dosagem, especificação de argamassas mais adequadas ao processo produtivo e aprimorando o seu controle tecnológico.
Resultados do estudo
Apresentado na última edição do Simpósio Brasileiro de Tecnologia de Argamassas, o estudo indicou variação das propriedades da argamassa ao longo do tempo de armazenamento, tanto no índice de consistência quanto na tensão de cisalhamento.
“Esta perda de fluidez foi observada com o aumento da tensão de cisalhamento, onde, em termos práticos, a argamassa demandaria maior energia para sua utilização (mistura, transporte e aplicação). Em função da dosagem e da forma de armazenamento, a argamassa estabilizada pode ter maior ou menor perda de fluidez ao longo do tempo de utilização”, explicam Juliana Casali e Luciana Calçada.
Segundo as professoras, na literatura, observa-se que a argamassa estabilizada tem perda de fluidez ao longo do tempo de utilização, mas “cabe salientar que a argamassa estabilizada deve-se manter trabalhável durante todo o tempo de armazenamento recomendado pelo fabricante”.
Para a realização do estudo, a argamassa foi armazenada em recipientes com fechamento hermético até o momento de sua avaliação. Antes de cada teste, foi realizada uma homogeneização, dentro do próprio recipiente, com um misturador elétrico de argamassa.
Em relação aos resultados, “houve uma pequena diminuição no índice de consistência e no teor de ar incorporado com o tempo de armazenamento (antes do reômetro), demonstrando que, mesmo com um processo de mistura eficiente, não foi possível retornar ao teor inicial”, descreveu o estudo. “Já para o teor de ar incorporado, avaliado após o ensaio de reometria, observa-se aumento do valor somente para a argamassa com 39h, possivelmente pela energia imposta à mistura durante o ensaio.”
O processo também apontou para um aumento da tensão de cisalhamento para as argamassas com 39h e 62h, embora a viscosidade tenha permanecido praticamente constante. De acordo com as avaliações, esse comportamento “não foi influenciado pela perda de água ao longo do tempo, o que indica, possivelmente, que a água inicialmente disponível para lubrificação das partículas pode ter sido consumida pela hidratação do cimento ou aprisionada entre as partículas”.
Questionadas sobre os investimentos destinados ao assunto, Juliana Casali e Luciana Calçada afirmam que, atualmente, os equipamentos para avaliação das propriedades reológicas das argamassas são caros, e poucas instituições têm à disposição estes dispositivos. “Isso dificulta a difusão destes ensaios como meio de caracterização e controle das argamassas estabilizadas”, explicam as professoras do Instituto Federal de Santa Catarina. “Assim, este produto ainda necessita de muitos estudos, inclusive envolvendo parâmetros reológicos, principalmente para subsidiar a publicação da norma brasileira que está em discussão.”
Fontes
Juliana Machado Casali, do Instituto Federal de Santa Catarina
Luciana Maltez Calçada, do Instituto Federal de Santa Catarina
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
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