Estoque de imóveis prontos cresce nas construtoras
Empresas fecharam 2013 com R$ 14,6 bilhões travados por falta de negociação e por impasse nas vendas das faixas 2 e 3 do Minha Casa Minha Vida
Empresas fecharam 2013 com R$ 14,6 bilhões travados por falta de negociação e por impasse nas vendas das faixas 2 e 3 do Minha Casa Minha Vida
Por: Altair Santos
Puxado pelas quatro maiores construtoras do mercado – MRV Engenharia, Cyrela, Direcional Engenharia e Gafisa -, o estoque de imóveis fechou 2013 com um valor de R$ 14,6 bilhões. Para entender melhor, o setor considera imóvel em estoque aquele já construído ou colocado à venda na planta, mas que ainda não atraiu o interesse de um comprador no período máximo de três anos. Sob essa perspectiva, cerca de 46 mil unidades residenciais ficaram paradas no ano passado nas principais capitais brasileiras – 18 mil só na cidade de São Paulo.
Para especialistas, o nível do estoque atingido em 2013 representa uma espécie de fronteira entre a normalidade e a crise no setor. Há, no entanto, a apreensão de que o cenário econômico faça a construção civil ultrapassar esta linha. “O mercado imobiliário é muito sensível à estabilidade econômica. Quando os juros sobem, o mercado reage negativamente. E, hoje, é esta a situação do nosso país. Então as decisões de compromisso de longo prazo, como prestação da casa própria, tornam-se mais lentas ou até são adiadas. É o que está acontecendo, acarretando um incremento nos estoques de imóveis”, diz Odair Senra, vice-presidente de Imobiliário do SindusCon-SP.
Um outro sinal que contribui para o aumento do estoque de imóveis é que os investidores estão migrando para outros meios, a fim de proteger seu dinheiro, em vez de correr para a compra de unidades na planta, para depois vender ou alugar. “Esse segmento estabilizou”, reconhece Emílio Kallas, vice-presidente de Incorporação do Secovi-SP. “Nas grandes metrópoles, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre, os investimentos estão mais comportados e adquiriram menor velocidade”, completa Odair Senra.
Apesar de o estoque ter fechado 2013 no limite, o setor não crê que as construtoras baixem os preços. Se isso ocorrer, será exceção. “O que pode acontecer é algum caso isolado, de alguma empresa decidir acabar com os estoques de um produto não bem aceito e que, para ela fazer caixa, tentar uma liquidação. Mas de forma geral o custo dos imóveis está aumentando”, entende Emílio Kallas.
Outra perspectiva do mercado é que o governo volte a estimular a construção civil, lançando uma terceira etapa do Minha Casa Minha Vida. “Os empresários que atuam neste segmento estão esperando do governo federal o anúncio do MCMV 3. Este programa não pode ter descontinuidade, pois o segmento não suportaria”, alerta o dirigente do SindusCon-SP.
Já Emílio Kallas descarta haver sinais de bolha imobiliária. “Os economistas mais conscientes já perceberam que esta é uma teoria vaga que não tem nenhuma lógica ou razão de existir. Veja: custo dos imóveis subindo, pois tem mais impostos e terrenos mais caros. Então, não tem porque diminuir preço; segundo: a demanda está aquecida; terceiro: a inadimplência é baixíssima; quarto: quando se compra um apartamento, a média é que 35% do valor do apartamento seja quitado no ato da negociação, o que é uma âncora é muito forte; quinto, os bancos são extremamente seletivos para liberar financiamento”, destaca.
Entrevistados
Engenheiro civil Odair Garcia Senra, presidente do conselho de administração da Gafisa S/A e vice-presidente de Imobiliário do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo)
Engenheiro civil Emílio Kallas, diretor-presidente da Kallas Engenharia Ltda e Kallas Incorporações e Construções S/A, e vice-presidente de Incorporação e Terrenos Urbanos do Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo)
Contatos
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Crédito Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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