Estais solucionam instabilidade em ponte no Paraná
Tecnologia sanou problema geológico que comprometia pilares em uma das cabeceiras da estrutura localizada na rodovia Régis Bittencourt
Tecnologia sanou problema geológico que comprometia pilares em uma das cabeceiras da estrutura localizada na rodovia Régis Bittencourt
Por: Altair Santos
O reforço com estais foi a solução encontrada pela engenharia da concessionária Autopista Régis Bittencourt para recuperar a ponte sobre a represa do Capivari, no município de Campina Grande do Sul, no Paraná. A estrutura, construída em 2000, teve parte desabada em 2005, foi recuperada em 2006 e interditada em 2012, por causa de uma instabilidade geológica que comprometia um dos pilares na cabeceira sentido norte. “Em uma inspeção de rotina, detectamos que o pilar sofreu um deslocamento na ordem de 40 centímetros. Tivemos que fazer minuciosos estudos, com prospecção por meio de sondagens, que nos revelaram uma falha geológica profunda, uma cisão no substrato rochoso, causando um desnível de 15 metros. O pilar estava nessa área de instabilidade”, revela Eneo Palazzi, diretor-superintendente da Autopista Régis Bittencourt.
Cogitou-se implodir a ponte e construir outra naquele trecho da BR-116, mas pesquisas de engenharia concluíram que sustentar a estrutura com estais a livraria da instabilidade. A solução foi aplicada. “A construção de uma estrutura estaiada de sustentação possibilitou a eliminação do apoio 8, que se encontrava em área de instabilidade, e o integral aproveitamento da superestrutura de três vãos que dependiam dele. Comparada com outras possíveis, essa solução se revelou técnica e economicamente mais adequada”, afirma Eneo Palazzi. Foi a primeira vez no Brasil que essa tecnologia foi empregada em obras deste porte. Para tal, os vãos aproveitados foram os reconstruídos em 2005, por ocasião do primeiro acidente na ponte, e que são constituídos de longarinas metálicas e laje de concreto.
Trinta mil veículos por dia
Não se cogitou instalar estais na cabeceira sul da ponte, pois nessa parte da estrutura as fundações não apresentam problemas. A Autopista Régis Bittencourt também avalia que nenhuma obra de arte em outros trechos da rodovia necessite deste tipo de tecnologia. A concessionária, no entanto, já realizou 184 obras de recuperação, reforço e reforma em pontes e passagens inferiores no trecho de pouco mais de 400 quilômetros, que liga São Paulo a Curitiba. No caso da ponte sobre a represa do Capivari, a liberação do tráfego aconteceu na tarde de 12 de fevereiro de 2016, por volta das 16h, quando o trânsito foi restabelecido na pista sentido São Paulo, sendo que a sentido sul voltou a operar normalmente, para os usuários que seguem no sentido Curitiba. Diariamente, em dias normais, trafegam pelo local aproximadamente 30 mil veículos.
A ponte sobre a represa Capivari tem 280 metros de comprimento e em 2005 desabaram 70 metros. Na ocasião, a manutenção da ponte estava a cargo do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), pois a rodovia ainda não havia sido privatizada. Na recente obra, para erguer as torres que sustentam os estais, a engenharia dispôs de concretos cuja resistência é usual em obras de ponte e viadutos com essa característica. A única novidade é que a concessionária passará a fazer avaliações menos espaçadas da nova obra. “As inspeções continuarão normais anualmente, com procedimento especial nos estais”, diz o diretor-superintendente da Autopista Régis Bittencourt.
Entrevistado
Engenheiro civil Eneo Palazzi, diretor-superintendente da Autopista Régis Bittencourt
Contato: eneo.palazzi@arteris.com.br
Créditos Fotos: Divulgação/Autopista Régis Bittencourt
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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