Espelhos d’água ajudam indústrias a poupar energia

Empresas investem em projetos que priorizam ventilação natural, energia solar, luz ambiente, telhado verde e reúso da água

Empresas investem em projetos que priorizam ventilação natural, energia solar, luz ambiente, telhado verde e reúso da água

Por: Altair Santos

Os escritórios de arquitetura passaram a ser desafiados pelas indústrias para desenvolver projetos que permitam a elas economizar energia elétrica e diminuir o consumo de água. Uma solução eficiente tem sido envolver os prédios por espelhos d’água. Estruturas de concreto com lâminas de água, variando entre 30 a 80 centímetros de profundidade, ajudam a minimizar a temperatura externa no entorno da instalação, o que faz com que ela poupe o uso de ar condicionado.

Datacenter do Banco Santander, em Campinas-SP: projeto investiu também no concreto aparente para ganhar luminosidade
Datacenter do Banco Santander, em Campinas-SP: projeto investiu também no concreto aparente para ganhar luminosidade

Além disso, a água armazenada pela estrutura é utilizada para fins não potáveis, como a rega de plantas ou descargas em banheiros. Outra função do tanque é armazenar água para uso no combate ao fogo. Os espelhos d’agua cumprem ainda uma função estética, dando às fábricas um novo visual arquitetônico, tirando delas o ar de enclausuramento. “Pensamos que fábricas podem ter arquitetura de alta qualidade”, diz Roberto Loeb, cujo escritório é especializado nesse tipo de obra.

O arquiteto expôs cases na palestra “Arquitetura e Sustentabilidade – uma responsabilidade compartilhada”, durante o Greenbuilding Brasil 2015, realizado de 11 a 13 de agosto, na cidade de São Paulo. Plantas como a do centro de distribuição da Avon, na cidade de Cabreúva-SP; da fábrica de tintas especiais SICPA, em Santa Cruz-RJ; do datacenter do Banco Santander, em Campinas-SP, e da unidade da indústria alimentícia Danone, em Poços de Caldas-MG, têm em comum o espelho d’água.

“Fábricas verdes”

Roberto Loeb: projetos rompem paradigmas, ainda que às custas de muitas reuniões
Roberto Loeb: projetos rompem paradigmas, ainda que às custas de muitas reuniões

Roberto Loeb explica que esse tipo de projeto requer quebrar paradigmas e vencer a burocracia. “A princípio, demanda muitas negociações, mas elas resultam em melhorias no projeto. Sob o aspecto burocrático e sanitário, é preciso mostrar aos organismos de fiscalização que não estamos criando um fosso de água parada que irá disseminar doenças”, revela.

Os espelhos d’agua são abastecidos de duas formas: por poços artesianos ou por captação de água da chuva. Os projetos arquitetônicos mostrados por Roberto Loeb, em palestra no Greenbuilding Brasil, possuem bombas instaladas nos tanques, as quais permitem que a água circule. Isso não só tem a função de impedir que ela sirva de criadouro como a mantém a uma temperatura ideal para que cumpra a função de refrescar o ar no entorno das unidades.

Todos os projetos mostrados por Loeb foram construídos em regiões do país em que a temperatura média anual é de 25ºC. São plantas que exploram, além dos espelhos d’água, o concreto aparente e os elementos vazados de pré-fabricados de concreto, conhecidos como cobogós. Não são, portanto, para regiões frias. Da mesma forma, todas as edificações contam com certificação LEED e passaram por simulações de desempenho energético e de iluminação para ganharem o selo de “fábricas verdes”.

Os testes comprovaram economia anual de consumo de energia entre 20% e 35%, dependendo da estação do ano. Mas o maior ativo se deu no aumento da produtividade dos colaboradores. O ambiente gerou qualidade de vida no trabalho, reduzindo o afastamento por doença, principalmente as relacionadas aos sintomas alérgicos.

Entrevistado
Arquiteto Roberto Loeb, sócio do escritório de arquitetura LoebCapote Arquitetura e Urbanismo Twitter:

Contatos
loebcapote@loebcapote.com
Facebook: loebcapotearquiteturaeurbanismo
www.loebcapote.com


Créditos fotos: Divulgação/LoebCapote/Cia. Cimento Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


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