Especialistas debatem produtividade e industrialização na construção civil
Evento realizado pelo SindusCon-SP abordou tendências e ações já em andamento
“O tema da produtividade é super relevante para o nosso país”, afirmou Yorki Estefan, presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), na abertura do webinar “Produtividade e Industrialização na Construção Civil”, realizado em 24 de agosto.
“Se a gente não alcançar índices maiores de produtividade, nós não vamos conseguir atender ao programa Minha Casa, Minha Vida, às demandas do governo do estado e às demandas da prefeitura. São enormes os nossos desafios“, completou Estefan, reforçando a importância da entidade abrir espaço para este tipo de discussão.
O evento on-line reuniu especialistas para tratar dos assuntos propostos sob diversos pontos de vista, discutindo tendências e mostrando ações já em andamento. Participaram Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos na FGV/IBRE, Robson Gonçalves, Consultor do FGV-IBRE e da FGV Energia, Laura Marcellini, diretora técnica da Abramat, e Paulo Aridan Soares Mingione, coordenador do Grupo de Trabalho Industrialização e Produtividade do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP (CTQ). A mediação ficou por conta de Jorge Batlouni Neto, vice-Presidente de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP.
Robson Gonçalves começou apresentando relatórios sobre a relação entre trabalho e produtividade no Brasil e no mundo, mostrando que, aqui, trabalha–se muito e produz-se pouco. Questionado sobre até que ponto a reforma tributária pode favorecer o aumento dessa produtividade e também da competitividade na construção civil, de forma geral, ele garante que “é uma faca de dois gumes”. “De um lado, ela resolve um aspecto, especificamente relacionado à produtividade, que é acabar com o conflito entre ISS e ICMS, que leva muitas vezes [a empresa] a moldar estruturas de concreto na obra, o que é um absurdo completo”, afirma.
“Mas a reforma é uma ameaça à competitividade dos produtos da construção civil, e isso precisa ser ajustado na legislação complementar e claramente definido, que é: a alíquota de IBS [que incide sobre o valor agregado de cada etapa da produção de um bem ou serviço], quando alguém compra um imóvel, não pode ser a alíquota padrão de 25%. Num país com um déficit habitacional gigante que nós temos, encarecer o produto é um absoluto contrassenso”, explica Gonçalves.
Em seguida, Ana Maria Castelo destacou que, segundo a Sondagem da Construção, realizada em abril deste ano pelo FGV, com 612 empresas, a maioria das construtoras ainda não utiliza sistemas pré-fabricados – apenas 34,6% dizem usar. Das que usam, cerca de 60% contam que utilizam os pré-fabricados em no máximo 25% das obras. “Não é um bom retrato. É um percentual baixo”, diz a coordenadora da FGV/IBRE.
Ainda sobre a industrialização na construção, Castelo diz que isso está necessariamente ligado a uma mão de obra mais qualificada, mas que o setor acaba perdendo a atratividade por oferecer na maioria das vezes um trabalho mais, digamos, artesanal, sem investir na modernização das atividades.
Em sua apresentação, Laura Marcellini abordou ações realizadas pelo governo no âmbito da construção civil, como o programa Construa Brasil, que já produziu guias orientativos e oferece cursos gratuitos à distância. “Para fazer avançar a industrialização na construção, precisamos trabalhar junto com o governo, fazer acordos setoriais e ajudar as cadeias produtivas, atualizar projetistas, definir políticas de estímulo e criar uma política de Estado de longa duração.”
Ainda durante o evento, Paulo Mingione falou sobre a obtenção de ganhos de produtividade a partir de três vetores de responsabilidade das construtoras: processos mais eficientes, melhor gestão da obra e mão de obra mais qualificada. “É importante focar em ações que incrementem a produção em escala, mas ainda estamos distantes da construção modular”, pondera.
Segundo sua apresentação, a construção modular proporciona ganhos de escala, enquanto o uso de pré-fabricados potencializa a industrialização do setor, assim como a realização de projetos em BIM (Modelagem da Informação da Construção) e o uso de Inteligência Artificial na rotina das obras.
Fonte
SindusCon-SP
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
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