Engenharia do futuro passa por sustentabilidade e inovação

Seminário na FAAP procurou quebrar o paradigma de que a sustentabilidade é cara e, portanto, voltada apenas para empreendimentos de alto padrão

Seminário na FAAP procurou quebrar o paradigma de que a sustentabilidade é cara e, portanto, voltada apenas para empreendimentos de alto padrão

Seminário na FAAP reuniu várias visões da construção civil sobre sustentabilidade, tecnologia e Inovação
. Crédito: FAAP
Seminário na FAAP reuniu várias visões da construção civil sobre sustentabilidade, tecnologia e Inovação
. Crédito: FAAP

Dia 19 de fevereiro, a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) realizou em São Paulo-SP um amplo debate sobre os caminhos que a engenharia civil deverá tomar no futuro, com foco na sustentabilidade, na tecnologia e na inovação. O seminário “A Engenharia em sintonia com o futuro: sustentabilidade, tecnologia e Inovação” reuniu várias visões do setor, cujas opiniões foram mediadas por professores da graduação de engenharia civil e da pós-graduação em construção sustentável da FAAP. “O foco do debate foi instigar reflexões que irão contribuir para a formação dos profissionais envolvidos com projeto e construção, a fim de quebrar o paradigma de que a sustentabilidade é cara e, portanto, voltada apenas para empreendimentos de alto padrão”, explica a professora-doutora Ana Rocha Melhado.

A mediadora do debate lembrou que é possível que obras sejam reconhecidas como sustentáveis sem terem certificações de sustentabilidade. “O que se faz necessário é projetar e construir acima dos padrões normativos brasileiros, já que a construção sustentável é uma forte ferramenta de gestão que garante, por meio de padrões internacionais, o incremento do desempenho das edificações. Então, o conceito de construção sustentável deve ser aplicado a todos os padrões construtivos, visto que o objetivo é proporcionar desempenho, conforto, qualidade, independentemente do padrão, gerando resultados financeiros para todos aqueles que participam do processo”, destaca Ana Rocha Melhado.

A expectativa dos debatedores é de que, no médio prazo, a construção sustentável deixe de ser um ramo da construção civil para estar totalmente integrada ao setor. “Tenho uma visão positiva acerca dessa questão. Acredito que o setor caminha sempre em busca do desenvolvimento sustentável. Além disso, dados do GBC Brasil indicam que, dentre as razões da ascensão das construções sustentáveis, está o desejo das corporações de gerar economia. Prédios verdes, por exemplo, possuem taxas de condomínio menores, bem como garantem aos consumidores que a edificação em que moram ou trabalham, isto é, onde passam a maior parte do tempo de suas vidas, apresente desempenho acima de todas as normas técnicas que disciplinam os diversos sistemas de uma edificação”, reafirma a professora-doutora da FAAP.

Próximo passo é o avanço da Indústria 4.0 na construção civil

A Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) é pioneira em incluir na grade curricular da engenharia civil a disciplina construção sustentável. A matéria está integrada ao curso há oito anos. “Além disso, as demais disciplinas da graduação da engenharia civil são transversais, ou seja, se complementam nessa busca constante de incentivar o empreendedorismo sustentável e responsável”, destaca Ana Rocha Melhado, lembrando que agora a universidade começa a integrar a construção sustentável ao emprego de tecnologias vinculadas à indústria 4.0. No debate realizado no dia 19 de fevereiro, foram abordados pontos relevantes associados ao tema, apesar dos debatedores reconhecerem que a construção civil está muito atrasada no que se refere ao emprego à Indústria 4.0, tanto no Brasil quanto no exterior.

Os debates sobre a aplicação da indústria 4.0 na construção civil foram mediados pelo professor Regis Pasini. “As pesquisas e iniciativas de aplicar os conceitos da Indústria 4.0 estão mais concentradas no canteiro de obras, que também está sendo chamado de canteiro 4.0. Elas se concentram, principalmente, em utilizar a tecnologia RFID para fazer o sensoriamento de materiais nos canteiros de obras, aproveitando as possibilidades que o BIM oferece”, revela Pasini, frisando que a indústria 4.0 tende a levar as construtoras a priorizar o uso de pré-moldados nas construções. “Desta forma, o sensoriamento dos elementos seria enormemente facilitado”, completa.

Pasini reforça ainda que o canteiro 4.0 está muito ligado ao avanços tecnológicas das máquinas. Segundo ele, quando houver caminhões-betoneiras autônomos, por exemplo, a eficiência dos processos de entrega do concreto no canteiro de obras será otimizada. Ele lembra que os primeiros passos foram promissores. “O uso de robôs em demolição já garante uma maior precisão no processo, com ganhos também para a segurança. Outro exemplo da Indústria 4.0 é a fabricação de paredes de casas por impressão 3D. Os principais exemplos vêm da China, apesar de que o acabamento ainda seja ruim”, enfatiza.

Entrevistados
– Engenheira civil Ana Rocha Melhado, coordenadora da pós-graduação em construções sustentáveis da FAAP
– Engenheiro mecânico Régis Pasini, professor da Faculdade de Engenharia da FAAP

Contatos
rpasini@faap.br
pos@faap.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


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