Engenharia de demolição: como se especializar?
No Brasil, boa parte adquire conhecimento na prática. No entanto, a construção industrializada está exigindo outro tipo de especialização
No Brasil, boa parte adquire conhecimento na prática. No entanto, a construção industrializada está exigindo outro tipo de especialização
Por: Altair Santos
A demolição de edificações é, também, um ramo da construção civil. No Brasil, a demanda não é tão intensa como em países com poucas áreas para construção e que precisam pôr abaixo antigas edificações para erguer novos arranha-céus. No Japão, por exemplo, uma nova lei de zoneamento e controle das edificações determina que prédios com mais de 100 metros de altura tenham vida útil máxima de 35 anos. Depois, podem ser demolidos. É uma forma de abrir espaço para novas edificações. Porém, para pôr abaixo uma construção é preciso conhecimento técnico.
No Brasil, a especialização em engenharia de demolição ainda requer que se busque conhecimento fora do país ou através da prática do dia a dia. Um exemplo é o engenheiro civil Celso Messe, que atua no ramo de demolição há 40 anos. “Eu e quase todos os engenheiros que atuam na área de demolição no Brasil aprenderam na prática. Não existe uma formação específica no país. Quem buscou especialização teve que ir para fora. Nos Estados Unidos existem bons cursos sobre demolição de edifícios e estruturas de concreto. Mas aqui no Brasil ainda não temos esta cultura”, afirma.
A construção industrializada e a reciclagem de materiais têm causado mudanças nos procedimentos da engenharia de demolição. No caso de peças pré-fabricadas, elas podem ser desmontadas e montadas em outro local. Outros materiais que possuem bom mercado entre os reciclados são madeira, plástico, vidro e gesso. Os tijolos cerâmicos também têm boa aceitação, mas o preço do milheiro é praticamente o mesmo do milheiro de tijolos novos. Os que mais se interessam por esse produto são os arquitetos de interior. Já a alvenaria de demolição ainda não possui um mercado consolidado no Brasil.
Demolir requer projeto
Por dois motivos: requer investimento em equipamentos que já fazem a separação dos materiais, como as ferragens, além de mão de obra especializada e local adequado para armazenamento. Segundo as empresas de demolição no Brasil, isso encarece a reciclagem e não permite preços competitivos. “Hoje, numa demolição, no máximo 40% do material é reaproveitado. Poderia ser muito mais. Mas o resto vira entulho. Seguramente, em países com engenharia de demolição mais evoluída, a reciclagem é muito maior. Não tenho um percentual exato, mas eles reaproveitam muito mais do que aqui”, diz Celso Messe.
O engenheiro civil explica que, assim como a construção, a demolição também precisa de um projeto. “A construção começa de baixo para cima, e a demolição é o contrário: de cima para baixo. Ela é mais complexa, mais perigosa e exige planejamento”, alerta. O projeto deve estar aos cuidados de um engenheiro civil e se houver material para ser reciclado é interessante também ter um arquiteto na equipe. Quando envolve implosão, a equipe requer a participação de mais especialistas. “No mobiliário urbano é raro ocorrer uma implosão. No Brasil, esse procedimento é mais usado na demolição de pontes”, explica Celso Messe.
Entrevistado
Engenheiro civil Celso Messe, diretor da Messe Engenharia e da Demolidora Pinheirinho
Contato
celso@messeengenharia.com.br
Crédito Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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