Empresas investem no "psicologicamente saudável"
Ter programas que buscam o bom ambiente de trabalho não é exclusividade das grandes corporações e independe do setor de atividade.
Ter programas que buscam o bom ambiente de trabalho não é exclusividade das grandes corporações e independe do setor de atividade
Por: Altair Santos
Dar atenção à qualidade de vida de seus colaboradores é uma missão cada vez mais valorizada dentro das corporações, independentemente do setor de atividade econômica ou do tamanho da companhia. Quem age assim enquadra-se no perfil de Empresa Psicologicamente Saudável (EPS) – uma nomenclatura criada pela Associação Americana de Psicologia (APA), nos Estados Unidos, e que recentemente passou a ser adotada no Brasil. Não há uma certificação específica para definir EPS. Neste caso, o que vale, são as boas práticas capazes de gerar um ambiente positivo de trabalho, e que irão se refletir também na vida pessoal do trabalhador.
Alberto Ogata, presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida, cita que há no país um bom número de empresas de pequeno e médio porte que já atingiu o nível de EPS apenas tomando medidas que privilegiam a saúde física e mental do trabalhador. “Há exemplos de empresas que conseguiram transformar o ambiente de trabalho somente melhorando a comunicação com os colaboradores. Isso influenciou na saúde emocional daqueles que sentiam a necessidade de receber informações diretas de suas lideranças”, explica.
Segundo Ogata, o importante é a companhia estimular relacionamentos saudáveis dentro do ambiente de trabalho. A tese é reforçada por Alexandre Garrett, que junto com Takeshy Tachizawa é autor do livro Indicador de Desenvolvimento Humano Organizacional (IDHO) – Novas Dimensões da Cultura Corporativa. “Nas EPS, inovação, criatividade e renovação dos produtos acontecem naturalmente, independentemente de forças externas e do próprio mercado. Seus colaboradores estão prontos para dar o melhor de si, atendendo às necessidades das organizações”, ressalta.
O livro de Garret e Tachizawa foi baseado em pesquisa realizada com 100 empresas brasileiras e levou em consideração os seguintes conceitos: sustentabilidade, transparência, governança corporativa e capital humano. Os resultados apurados detectaram que as EPS coincidem no menor índice de faltas ao trabalho, no menor índice de licenças, na alta produtividade e no baixo número de demissões voluntárias. “Se uma empresa começa a perceber que aumentou o número de faltas e a quantidade de atestados médicos, é sinal de que ela precisa intervir positivamente junto a seus colaboradores”, reforça Alberto Ogata.
O presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida destaca ainda que, ao contrário do que ocorre em países europeus e nos Estados Unidos, no Brasil o ambiente de trabalho ainda é muito influenciado pelo perfil do chefe, do gestor, enfim, pela liderança da empresa. “Há muitas companhias em que o líder, o dono, o proprietário ou o presidente tem um estilo de liderança que favorece o clima positivo. Então, não é só aquela empresa que tem um RH treinado e que utiliza determinadas ferramentas que pode alcançar o nível de EPS. Há muitas pequenas empresas em que o líder tem uma ação positiva no sentido de manter seus subordinados atuantes e felizes”, destaca.
Veja as práticas que definem uma Empresa Psicologicamente Saudável:
Envolvimento dos colaboradores
– São analisados o autogerenciado pela equipe, a participação na tomada de decisão e os foros de sugestões abertos aos empregados.
Equilíbrio de vida e trabalho
– Verifica se a empresa orienta seus colaboradores a administrarem assuntos financeiros e quanto de benefícios ela disponibiliza para as pessoas da família e os parceiros domésticos do trabalhador.
Crescimento e desenvolvimento dos colaboradores
– Analisa se a empresa oferece aconselhamento de carreiras, treinamentos e cursos, além de ofertar oportunidades para promoções e programas para formação de lideranças.
Saúde e segurança
– Leva em conta se a empresa oferece treinamento para um local de trabalho seguro, se há a implantação de um adequado seguro-saúde e se ela desenvolve programas contra tabagismo, álcool e drogas.
Reconhecimento do colaborador
– Considera as compensações monetárias dos colaboradores, os pacotes de benefícios, pagamentos de gratificações por desempenho e cerimônias de reconhecimento.
Ativo humano
– Avalia se a empresa preserva e valoriza seus talentos, os quais serão os gestores da organização no futuro.
Entrevistado
Alberto Ogata, presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida
Currículo
– Graduado em medicina e mestre pela UNIFESP (Escola Paulista de Medicina)
– Atua também como diretor da sub-secretaria de Assistência Médico Social e Coordenador do Programa de Qualidade de Vida do Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
– É autor do livro Guia prático de Qualidade de Vida
Contato: @ albertoogata (Twitter) / www.abqv.org.br / abqv@raf.com.br (assessoria de imprensa)
Créditos Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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