Edifícios anti-sísmicos são opções para países propensos a terremotos
Ásia e Europa investem em tecnologia e protocolos para evitar tragédias
Os terremotos, também chamados de abalos sísmicos, atingem as regiões mais geologicamente instáveis e mais suscetíveis. O Brasil não é um país propenso a terremotos fortes, mas há regiões no planeta que já viveram grandes tragédias.
O Japão é o país mais propenso a terremotos no mundo. Localizado no chamado Círculo de Fogo do Pacífico – assim como Indonésia, China e Filipinas – o país está em uma região geologicamente ativa, onde quatro placas tectônicas se encontram.
Por conta dessa situação, o Japão é uma referência na criação de edifícios anti-sísmicos, ou seja, em criar estruturas que conseguem resistir mesmo com os abalos, minimizando os prejuízos financeiros e protegendo vidas. Além do Japão, o Chile também investe em técnicas para reforçar prédios com paredes super-resistentes, com alta taxa de armadura e concreto para suportar os tremores.
De acordo com a ISAAC, (empresa italiana especializada no desenvolvimento de tecnologias inteligentes para a proteção de edifícios e infraestruturas de oscilações e vibrações), em prédios mais altos o indicado são os amortecedores abaixo da construção, capazes de absorver o impacto e o deslocamento no momento de um terremoto. Os amortecedores podem ser feitos com diferentes materiais, desde borrachas até opções eletrônicas acionadas automaticamente, evitando que o prédio entre em ressonância com o tremor.
Na Europa, os países mais propensos a terremotos são a Turquia, Itália, Islândia, Espanha, Portugal e ainda a ilha portuguesa dos Açores. Com o objetivo de reduzir os efeitos ocasionados por uma tragédia natural, foi aprovada a implementação do regulamento europeu para as zonas sísmicas, o Eurocódigo 8. Iniciado em 2020, é mais um passo no aperfeiçoamento da legislação técnica para o projeto e construção de estruturas sismo-resistentes. Esse código aplica-se ao projeto e construção de edifícios e de outras obras de engenharia civil em regiões sísmicas, e tem por finalidade assegurar, em caso de ocorrência de sismos, que as vidas humanas sejam protegidas, os danos sejam limitados, e as estruturas importantes para a proteção civil se mantenham em operação.
Os custos para construir toda a infraestrutura de prédios resistentes a terremotos estão entre os principais desafios. Segundo estimativa da Câmara Municipal de Lisboa, o custo de construção depende do tipo de tecnologia escolhida, mas calcula-se um valor médio 800 euros/m2. Apesar do investimento, a longo prazo o valor investido compensa e, principalmente, pode salvar vidas.
Lisboa não está preparada para novos sismos
Portugal é um país conhecido pela culinária, pelo fado, pelas belas praias e também pela tragédia do terremoto de 1755, que atingiu a cidade de Lisboa, um dos maiores da história da Europa. Estudos atuais calculam que o tremor tenha alcançado 9 graus na escala Richter (a escala vai até 10). Sua magnitude contribuiu para a destruição total da cidade. Mas, ainda hoje, pouco foi feito para proteger a cidade e sua população de novos riscos causados por sismos.
Além das vidas – os números não são exatos, mas estima-se entre 10 mil e 50 mil mortos – a destruição material foi enorme. A Biblioteca Real foi destruída com mais de 70 mil volumes de itens lá armazenados. A Ópera do Tejo, inaugurada naquele ano, também foi destruída, assim como 35 igrejas, 55 palácios e em toda a cidade acredita-se que cerca de 10 mil edifícios foram reduzidos a ruínas.
Depois deste evento, o último grande tremor registrado em Portugal foi em 1969, sendo sentido também no norte do Marrocos e parte da Espanha. Com uma magnitude de 8 na escala Richter, o terremoto atingiu o Sul e a região de Lisboa, tendo deixado 13 mortos e provocado grandes danos materiais.
A explicação para esses abalos, segundo a Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica, é de que o país está inserido na zona da Fratura Açores-Gibraltar e o choque entre as placas tectônicas e atividades vulcânicas torna Portugal propenso a abalos sísmicos, assim como a Itália, Turquia e a Espanha.
Apesar dos riscos de novos desastres, há em Portugal um desconhecimento do estado dos edifícios mais antigos, bem como das reabilitações ou remodelações, sem que haja o necessário acompanhamento técnico. De acordo com o jornal português Público, dos 452.582 edifícios existentes na área de Lisboa, quase 68% foram construídos antes de 1958, ano da primeira legislação anti-sísmica nacional.
A Câmara Municipal de Lisboa estima que cerca da metade dos edifícios da capital do país não serão capazes de resistir a um sismo, com base numa avaliação de engenheiros do Instituto Superior Técnico. Para aferir ao certo o grau de resistência de cada edifício à abalos sísmicos, é necessário a realização de vistorias. Contudo, a Câmara não pode obrigar os proprietários a realizarem as inspeções, razão pela qual a avaliação de risco é menos precisa.
Fontes:
Câmara Municipal de Lisboa
https://www.lisboa.pt
Jornal Público
https://www.publico.pt
ISAAC
https://isaacantisismica.com/
Jornalista responsável:
Fabiane Prohmann – DRT 3591/PR
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