É missão da ABCP ajudar o Brasil a crescer
Presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland, Renato José Giusti, fala das ações que o setor tem feito para estimular o desenvolvimento do país.
Presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland, Renato José Giusti, fala das ações que o setor tem feito para estimular o desenvolvimento do país
Por: Altair Santos
Em dezembro de 2011, a ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) completa 75 anos de atuação. Neste período, seu papel extrapolou a função de estimular sistemas construtivos à base de cimento. A ABCP tornou-se protagonista em programas que fomentam o crescimento do Brasil. Ela tem atuado fortemente para ajudar o país a resolver seus gargalos de infraestrutura, oferecendo ideias, projetos e, sobretudo, tecnologia. É o que revela o presidente Renato José Giusti, na entrevista a seguir. Confira:
Qual a parcela de participação da indústria cimenteira neste período de aquecimento que o mercado da construção civil experimenta atualmente?
Primeiro, o forte período de aquecimento é recente. Nós estivemos cerca de 20 anos estagnados e, tanto a indústria cimenteira, quanto outros setores da construção civil ficaram com suas capacidades ociosas neste período. Então, houve diminuição do investimento futuro, o que levou a um grande trabalho, através da união de toda a cadeia de construção civil, onde o setor cimenteiro foi um dos lideres, e que fez surgir a União Nacional da Construção. Mostramos ao governo o quão importante era a construção civil para o Brasil, no sentido de que ela é uma grande locomotiva de desenvolvimento para o país. Com isso, o governo abriu um diálogo franco com toda a cadeia da construção e pudemos apresentar propostas na área de habitação e de infraestrutura.
Dá para dizer que, enfim, a construção civil foi ouvida pelo governo?
Sim, o governo realmente investiu bastante na construção civil. Ele procurou disponibilizar recursos e gerar programas que auxiliassem no combate destas necessidades habitacionais e de infraestrutura. Tínhamos um déficit habitacional de oito milhões de casas e veio o Minha Casa, Minha Vida. As estradas estavam ruins e veio o PAC. Então, esse diálogo proporcionou todos esses programas que fomentaram a construção civil.
O senhor acredita que esse crescimento conseguirá ser sustentável no longo prazo?
O Brasil é um país que precisa ser construído, pois falta tudo em nível de construção. Veja agora, com esses eventos esportivos como a Copa do Mundo e Olimpíadas. Será uma demanda enorme. Mas a curva de crescimento, o setor do cimento já vem experimentando há pelo menos quatro anos, e sempre sobre uma base maior. Então, com certeza, não é uma tendência de curto prazo. Nós achamos que é uma curva que vai se estender de cinco a dez anos.
Como a indústria cimenteira tem reagido a esse crescimento, no sentido de investimentos para aumento da capacidade instalada?
A indústria de cimento do Brasil é uma das mais modernas no mundo. Então, ela reagiu de imediato. O setor hoje está instalando fábricas novas, readequando as fábricas antigas, modernizando as fábricas e, principalmente, aprimorando a logística. Hoje, há demanda por cimento no país inteiro. Antigamente, as demandas eram sazonais, com alguns estados crescendo mais que outros. Hoje, o Brasil inteiro é um canteiro de obras. Então, é questão de honra para o setor do cimento abastecer o país todo, mesmo com todas estas dificuldades de infraestrutura do Brasil.
Então, a previsão é de novos recordes na produção de cimento em 2011?
Em 2010, a produção de cimento alcançou 59 milhões de toneladas de cimento e o percentual sobre o ano anterior (2009) foi de 14,8%. Neste ano, a estimativa de crescimento é de 8% a 10%. Nossa capacidade de produção é de 67 milhões de toneladas e os investimentos que estão sendo feitos, e vão entrar este ano e em 2012, 2013, 2014, estão programados para suprir a demanda que vai surgir. Tenho certeza que seremos autossuficientes para abastecer toda a construção civil. Não só no que diz respeito ao cimento, mas a todos os sistemas construtivos à base de cimento, como pré-fabricado, blocos de concreto, tubos de concreto, telhas de concreto e todos os demais produtos cimentícios.
O mundo está voltado para o crescimento sustentável, com o aproveitamento de resíduos e a baixa emissão de gases. O setor cimenteiro está preparado para esse desafio?
Neste quesito, a indústria nacional está de parabéns. Um exemplo é o coprocessamento de resíduos em nossos fornos, que é uma das mais efetivas contribuições para o meio ambiente. Outra questão importante é que todo o cimento produzido pela indústria atende as normas da ABNT, sejam eles cimentos puros, cimentos especiais ou cimentos compostos. Neste caso, o produto agrega as escórias da siderurgia, ajudando a eliminar esses resíduos. Tem ainda o cimento pozolânico, que absorve as cinzas das termoelétricas. Tudo isso sem alterar a qualidade do cimento. Pelo contrário, existe a norma de cimento de alto forno, existe a norma de cimento pozolânico, existem todos os tipos de normas que garantem para o consumidor a melhor qualidade que se possa ter no produto. Tanto isso é verdade que no PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat) o cimento é o produto que tem o maior índice de conformidade: 99,1. Isso aí mostra como trabalhamos a favor do meio ambiente.
A ABCP e o SNIC (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento) trabalham em outras ações para reforçar a sustentabilidade do setor?
Estamos engajados no tema das mudanças climáticas e preparando um inventário nacional de emissões do setor, que será entregue ao governo federal. São diretrizes e metas para redução dos gases do famoso efeito estufa. Esta postura proativa demonstra que a indústria brasileira é considerada mundialmente a mais eficiente no que se refere à preocupação com o meio ambiente.
O Laboratório de Ensaios Físicos da ABCP foi eleito no ano passado o melhor do país dentro do setor da construção civil. O que isso representa para a melhoria do cimento e do concreto usados no Brasil?
O laboratório da ABCP foi agraciado com o prêmio da Sinprocim (Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento). Nós já havíamos sido agraciados com menção honrosa em 2009. Em 2010, ganhamos este troféu na categoria de Ensaios Físicos através de uma pesquisa feita pelo Ibope. Mas é importante dizer que o prêmio não foi do nosso laboratório. Ele foi das pessoas que tocam o laboratório. Por isso, ele é hoje um centro de referência de prestação de serviços e a ABCP, diante disso, trabalha muito com a certificação da ISO 9001. Nós temos hoje a certificação do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) para fazer todas estas análises químicas, físico-mecânicas, pneumologias e de matérias-primas, combustíveis, resíduos industriais, clínquer, do cimento propriamente dito, do concreto, argamassa e outros produtos cimentícios. A partir daí, criamos um selo de qualidade, que é uma garantia real de que o produto está atendendo a todos os requisitos.
Quais os principais programas desenvolvidos pela ABCP para fomentar o uso de produtos à base de cimento e serviços para a melhoria da construção civil?
Nosso papel é fomentar na construção civil o uso de produtos cimentícios. Então, temos parceiros, com os quais trabalhamos para atingir um alto padrão de qualidade. São a Associação de Pré-fabricados, a Associação de Telhas de Concreto, a Associação de Blocos de Concreto, a Associação de Argamassa, a ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem) e até a Construvidro. Recentemente também acabamos de fazer um trabalho na FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), juntamente com mais 104 empresas ligadas à construção civil, para desafogar os gargalos da construção civil. Não só os gargalos tecnológicos, mas os gargalos burocráticos, licenciamentos, problemas de precatórios e outra série de coisas. Projetamos este trabalho até 2022, que é o ano dos 200 anos da Independência do Brasil.
E o que esse trabalho abrange?
Um dos itens se relaciona às estradas do Brasil. Defendemos o investimento em pavimento de concreto nas rodovias. Por quê? Por que dura 30, 40 anos. Então, calcule. Se o governante investe neste tipo de pavimento, só quem vai se preocupar com ele será seu sexto sucessor. O pavimento de concreto é um projeto de estado. Quer dizer, começa num governo e vai durar vários governos. O trabalho também consiste em levar para a administração pública as melhores práticas e soluções para habitação. Estamos mostrando a prefeitos que não se consegue fazer habitação sem saneamento e sem mobilidade urbana. Então, a ABCP tem trabalhado nisso, dado assistência técnica e mostrado as vantagens dos sistemas construtivos à base de cimento. Além disso, atuamos junto às ONGs e organismos do terceiro setor para que, juntos, possamos fazer a melhoria habitacional da população carente. Através do quê? De uma reforma. Então, nós vamos fazer um Clube da Reforma, que é um projeto que vai proporcionar assistência técnica como já existe há sete anos o projeto Comunidade da Construção. Outro aspecto é a questão da falta de mão de obra. Esse pacto com a FIESP propõe também um programa nacional de preparação de mão de obra junto com as universidades. A intenção é usar todo o capital tecnológico da ABCP, que está fazendo 75 anos, a serviço do Brasil.
Como o senhor disse, a ABCP está completando 75 anos. Qual a avaliação feita da importância da associação, tanto para o meio acadêmico quanto para a cadeia produtiva da construção civil?
São 75 anos maravilhosos que a ABCP vai completar em dezembro. Isso nos orgulha, mas não nos satisfaz, por que a cada ano nós temos que ter um papel ainda mais importante para a sociedade. Então, aqui na associação, temos quatro premissas básicas que têm nos governado e orientado em todo esse tempo: visão bifocal, qualidade, capacitação e integração. Elas têm permitido a gente elaborar pesquisas e fazer parte de um todo. Por isso, talvez, é que somos reconhecidos nacionalmente e internacionalmente pela excelência dos nossos serviços.
Entrevistado
Renato José Giusti, presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)
Currículo
– Formado em engenharia metalúrgica (1971) com especialização em Marketing e Mercado
– Exerce o cargo de Presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), entidade técnica da indústria do cimento no País
– Diretor do Departamento de Construção Civil, DECONCIC e membro do Conselho da Indústria da Construção da FIESP, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
– Membro do Conselho Deliberativo da ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas
– Conselheiro do IBRACON, Instituto Brasileiro do Concreto
Contato: renato.giusti@abcp.org.br
Assessoria de imprensa
Erika Almeida – erika.lide@abcp.org.br
Cristina Soares – cristina03@lide.com.br
Marta Oliveira – marta.oliveira@abcp.org.br
Crédito: Divulgação/ABCP
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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