E-commerce: mercado da construção está pronto para ele?
Segundo especialista, setor precisa se preparar para atender as próximas gerações, cujo hábito de consumo estará calcado na internet
Segundo especialista, setor precisa se preparar para atender as próximas gerações, cujo hábito de consumo estará calcado na internet
Por: Altair Santos
Em 2014, o comércio eletrônico obteve crescimento de 21% em comparação a 2013. De acordo com dados da FGV (Fundação Getúlio Vargas), são 63 milhões de brasileiros que utilizam a internet para comprar eletrodomésticos, vestuários, calçados e perfumaria. Na construção civil, no entanto, o e-commerce engatinha. Mesmo na área de varejo, as redes que vendem material de construção não abrem mão da venda física. Por quê? A alegação é que a especificidade dos produtos limita a venda on-line. Há analistas, no entanto, que veem certo conservadorismo no setor ou que o próprio mercado ainda não está pronto para o e-commerce. Essa e outras teses são analisadas pelo especialista em marketing digital e e-commerce, Márcio Eugênio. Confira a entrevista:
O comércio digital só faz crescer. No entanto, a construção civil parece alheia a isso e praticamente não adere ao e-commerce. Há uma explicação para isso?
Existe uma explicação. Primeiro, são os hábitos de consumo. Muitas pessoas têm o hábito de ver os produtos, de ir até o local para analisar o produto e comprar. Segundo, que muitos dos produtos da área da construção civil têm a questão do frete que, dependendo do tamanho e do volume, inviabiliza a questão de atendimento para todo o território nacional. O frete é um grande desafio para toda a construção civil.
Mesmo grandes redes de varejo da construção civil, apesar de detalharem seus produtos em seus sites, preferem a venda física. Será que material de construção não tem comprador na web?
Acredito que tenha, mas é preciso trabalhar melhor a questão de hábitos de consumo. O público atual está acostumado a ir até o local para comprar os produtos, mas acho que conforme as próximas gerações forem entrando no mercado, forem ficando mais maduras, elas tendem a utilizar, junto aos materiais de construção, os mesmos hábitos que têm hoje para consumir outros produtos. Os varejistas do setor precisam estar alinhados e preparados para essa mudança.
O conservadorismo do setor pesa na hora de o e-commerce ser incorporado ao negócio?
Sim, pesa porque muitas vezes o pessoal desta área está acostumado a fazer negócio de um jeito tradicional. Isso ainda não é um grande problema para eles, por que a maioria dos consumidores deste tipo de material ainda é conservadora. Então, há tempo para aprender, se adaptar e para um novo tipo de público que virá.
A especificidade dos produtos que a construção civil vende atrapalha para que sejam negociados via e-commerce?
Bem pelo contrário, facilita. É muito mais fácil ter uma especificação de um produto e localizá-lo pelo sistema eletrônico, através de um Google ou através de uma busca dentro de um site, do que você ter que sair numa loja física com milhares de produtos e tentar localizá-lo. Então, para as pessoas que têm o hábito de consumo, mas não gostam de fazer compra no varejo, a especificação através da internet facilita o consumo.
O senhor sabe se essa restrição da construção civil ao e-commerce é uma característica do mercado brasileiro ou fora do país também é assim?
Fora do Brasil existem redes de varejo que tem uma atuação muito forte na internet. Eu vi uma campanha de uma rede americana, voltada para donos de casas no estilo colonial, que mostrava produtos da loja virtual apenas para quem utiliza esse tipo de construção. Era uma campanha em vídeo, extremamente interativa e muito mais envolvente que um e-mail com promoções tipo “Tá barato!”, “Quer comprar?”. Esse tipo de segmentação funciona muito bem para produtos relacionados à construção civil.
A tendência é a construção se render ao e-commerce? Caso sim, de que forma isso deve ocorrer?
Não acredito que isso possa acontecer no curto prazo. Hoje, quem consome produtos da construção civil não está 100% adaptada a compras através da internet. É um público um pouco mais velho. Mas nos próximos anos, acredito que isso vai ser uma necessidade. Quem se posicionar primeiro, quem estiver atuando e conseguir resolver os desafios do comércio eletrônico para este tipo de venda vai se destacar e vai ter muito sucesso.
Por outro lado, o e-commerce para venda de imóveis parece já funcionar a pleno vapor?
Sim, existem construtoras com ações incríveis para fazer venda pela internet. Elas têm muito a ensinar a quem atua no varejo e no atacado da construção civil. O e-commerce está aí para ajudar os donos de empresas deste setor a ter resultados nas vendas on-line.
Entrevistado
Márcio Eugênio é especialista em e-commerce, fornecedor de plataformas de lojas virtuais para empresas e consultor em comércio eletrônico
Contatos
marcio.eugenio@dlojavirtual.com
www.dlojavirtual.com
Crédito Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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