Desemprego só vai cair se construção civil subir
Dados oficiais mostram que setor já chegou a empregar 8 milhões de trabalhadores; hoje, vê seu PIB decrescer mais que o do país
Dados oficiais mostram que setor já chegou a empregar 8 milhões de trabalhadores; hoje, vê seu PIB decrescer mais que o do país
A alta taxa de desemprego no Brasil – 12,4%, segundo a mais recente medição do IBGE – está diretamente relacionada ao baixo desempenho da construção civil. O setor é o único que tem capacidade de gerar vagas no curto prazo. Dos atuais 13,1 milhões de trabalhadores sem emprego no Brasil, estima-se que 2/3 atuavam no segmento. No auge da empregabilidade, entre 2009 e 2014, segundo dados da PNAD Contínua, a cadeia produtiva da construção chegou a absorver 8 milhões de trabalhadores.
Desde 2015, com o aprofundamento da crise, a construção civil viu seu PIB despencar mais que o PIB nacional. Caiu 14,3% contra 5,5% do país. Resultado: a cadeia produtiva só absorve atualmente três milhões de vagas formais. Entre setembro de 2016 e setembro de 2017, segundo o CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), foram fechadas 1,5 milhão de vagas. Estudo da LCA Consultores, encomendado pelo Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon), mostra que, enquanto a construção civil não voltar a absorver mão de obra em grande volume, a taxa de desemprego no país seguirá alta.
Os números, no entanto, seguem instáveis. Em setembro de 2017, de acordo com dados do CAGED, foram criadas 380 vagas formais na construção civil em todo o país. Já em outubro de 2017, os números voltaram a ser negativos: houve o fechamento de 4.764 empregos no setor. “A economia brasileira está melhorando, mas a construção que é um setor que tem um impacto enorme não está. O PIB da construção já caiu 3 anos seguidos e continua caindo”, resume Petrônio Lerche Vieira, diretor-executivo do Sinicon.
Para o Instituto Brasileiro de Economia, ligado à Fundação Getúlio Vargas, o PIB da construção civil fechará 2017 com queda de 5,7%, ante uma alta de 0,8% do PIB nacional – soma de todas as riquezas produzidas pelo Brasil. Por causa destas projeções, dirigentes de cinco das mais importantes representações sindicais no país – Central Única dos Trabalhadores (CUT); Força Sindical; União Geral dos Trabalhadores (UGT); Nova Central e a Federação Internacional dos Trabalhadores da Construção e da Madeira (ICM) – estiveram recentemente em audiência com o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins.
União de forças
O objetivo é unir forças para encontrar soluções que permitam à construção civil retomar o crescimento, principalmente reativando pelo menos 5 mil obras públicas paralisadas desde 2015. “A indústria de construção civil e pesada encontra-se majoritariamente paralisada em todo o país”, diz Nilson Freitas, representante da ICM. Já o presidente da CBIC entende que é importante também atrair investimentos. “Essa é uma agenda comum, em que temos trabalhado intensamente. Além de retomar obras paralisadas, o reaquecimento do setor passa também pela recuperação do investimento”, afirma José Carlos Martins.
Para ressaltar a importância da cadeia produtiva da construção civil na economia, o Sinicon lembra que cada R$ 1 milhão investido no setor gera 46 novos empregos diretos e R$ 450 mil em salários ao longo de toda a cadeia. Os dados destacam ainda que os investimentos em infraestrutura têm impactos de longo prazo sobre a competitividade e a produtividade da economia. Por outro lado, destaca que homens com idade entre 30 e 40 anos, e com ensino médio incompleto, são os mais vulneráveis ao desemprego no setor.
Entrevistados
Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon) (via assessoria de imprensa)
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) (via assessoria de imprensa)
Contatos
comunica@cbic.org.br
sinicon@sinicon.org.br
Crédito Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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