Custo dos terrenos muda foco de empreendimentos imobiliários

Regiões metropolitanas das capitais e cidades do interior se tornam mais atraentes para construtoras e incorporadoras, desde que ofereçam infraestrutura.

Regiões metropolitanas das capitais e cidades do interior se tornam mais atraentes para construtoras e incorporadoras, desde que ofereçam infraestrutura

Por: Altair Santos

Interior e regiões metropolitanas tendem a atrair mais investimentos imobiliários do que as grandes cidades. Entre as principais razões estão o custo dos terrenos e também o tamanho das áreas disponíveis. O comportamento do consumidor e a melhoria da infraestrutura das cidades no entorno das metrópoles é outro motivo que influencia esta mudança. Na cidade de São Paulo, por exemplo, onde não há mais metro quadrado por menos de R$ 3 mil, a saída encontrada pelo mercado imobiliário foi prospectar áreas em municípios até 100 quilômetros distante da capital paulista.

Gustavo Selig: “Por enquanto, bairros periféricos ainda vendem apartamentos com valores mais baixos”

Com isso, cidades como Jundiaí, São José dos Campos e Santos convivem com altos índices de lançamentos de imóveis. Quase todos são comprados por pessoas que trabalham em São Paulo, mas que, por questões de custos e também de qualidade de vida, decidiram fixar residência no entorno da metrópole. Em Jundiaí, que fica a 60 quilômetros da capital paulista, segundo levantamento da Ademi-SP, 30% dos imóveis lançados na cidade são comprados por paulistanos. Neste caso, os empreendimentos chegam a custar até 50% mais barato do que se fossem adquiridos em São Paulo.

Em outras capitais, que ainda não estão com as áreas totalmente saturadas, a aposta de construtoras e incorporadoras está em bairros mais periféricos. Em Curitiba, onde nos primeiros cinco meses de 2011 a emissão de alvarás para novas construções subiu 21% em relação a 2010 (10.680 contra 8.814) a região mais contemplada é a que engloba os bairros Pinheirinho, Capão Raso e Portão. “Nestes locais, os apartamentos ainda têm valores mais baixos, mas lançamentos de unidades mais caras vão começar a acontecer”, garante Gustavo Selig, presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR).

Nestor Dias Correia, vice-presidente da regional norte do Secovi-PR: “Londrina não tem escassez de terrenos”

Nas regiões mais valorizadas da capital paranaense, e onde já há saturação na oferta de áreas para construções novas, o preço dometro quadrado é um dos mais caros do país e ultrapassa os R$ 4 mil. Essa supervalorização é sentida também em outras cidades do Paraná. Como Londrina, onde, ao contrário de Curitiba, tem oferta grande de terrenos, mas também com preços elevados. “Aqui em Londrina não tem escassez de áreas, mas elas sofreram uma majoração bastante grande de preço”, explica Nestor Dias Correia, vice-presidente da regional norte do Secovi-PR (Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná) citando que áreas que antes valiam de R$ 500,00 a R$ 600,00 hoje são negociadas de R$ 1.000,00 a R$ 1.100,00 o metro quadrado.

Tendência nacional

A escassez de terrenos para construir parece ser mesmo uma marca dos grandes centros do país, e que ainda não atingiu o interior dos Estados. Em Porto Alegre, por exemplo, a situação não é diferente da de São Paulo e de Curitiba. “Para empreendimentos verticais ainda se encontram terrenos. Caros, mas se encontra. Porém, para condomínios horizontais, até na região metropolitana de Porto Alegre está difícil”, explica Gilberto Cabeda, vice- presidente de comercialização de imóveis do Secovi-RS.

Gilberto Cabeda: “Para condomínios horizontais, até na região metropolitana de Porto Alegre está difícil”

No Rio de Janeiro, o cenário é semelhante. De 2006 para cá, a Barra da Tijuca perdeu a dianteira do mercado de construção de moradias no Rio. Dados da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio (Ademi-RJ) mostram que, no período de 2006 a 2010, o bairro foi ultrapassado por Jacarepaguá, que no acumulado lançou 1.665 habitações a mais: foram 14.768 unidades, contra 13.113 da Barra. Na avaliação de especialistas, os números mostram que o vetor de construção imobiliária na capital fluminense tende a se modificar nos próximos anos.

Para o presidente da Ademi-RJ, José Conde Caldas, a Barra terá menos empreendimentos

José Conde Caldas: “Pacificação dos morros criam novas oportunidades na região metropolitana do Rio”

imobiliários, devido à escassez de terrenos e aos problemas no trânsito. Por outro lado, a oferta de crédito deve continuar a incentivar a construção em regiões populares dos arredores, como Campo Grande. “A cidade está se realocando. Há cinco anos, 70% dos lançamentos eram feitos na Barra e no Recreio. Hoje, este índice caiu para menos da metade. Os gargalos do trânsito têm sido um entrave. Há ainda ações de governo, como a pacificação dos morros e as alterações dos Planos de Estruturação Urbana (PEUs), que modificaram gabaritos e criaram oportunidades na Tijuca e em Vargem Grande, São Cristovão e Campo Grande”, diz Conde, apontando para uma tendência nacional: a de que regiões metropolitanas das capitais e cidades do interior irão se tornam mais atraentes para construtoras e incorporadoras, desde que ofereçam infraestrutura.

Construção civil procura terrenos com maior dimensão, que estão cada vez mais raros nos grandes centros urbanos do Brasil

Entrevistados
– Nestor Dias Correia, vice-presidente da regional norte do Secovi-PR
– Gilberto Cabeda, vice-presidente de Comercialização de Imóveis do Secovi-RS
– José Conde Caldas, presidente da Ademi-RJ
– Gustavo Selig, presidente da Ademi-PR

Currículos

– Nestor Dias Correia é administrador de empresas, consultor imobiliário, professor universitário e empresário a 30 anos do mercado imobiliário de Londrina
– Gilberto Cabeda é advogado, corretor de imóveis e empresário. Diretor da CIM Consultoria Imobiliária e presidente da Rede Gaúcha de Imóveis
– José Conde Caldas é arquiteto e urbanista e atua no ramo da indústria da construção civil há mais de 20 anos, com mais de 100 empreendimentos erguidos no estado do Rio de Janeiro
– Gustavo Selig é engenheiro civil graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Mestre em Administração de Empresas e Negócios pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-PR), Selig é também diretor-presidente da Hestia Construções e Empreendimentos
Contatos: paulacostab@yahoo.com.br (assessoria de imprensa da seção norte do secovi-PR) /
joni.imprensa@gmail.com (assessoria de imprensa do Secovi-RS) / atendimento@ademi.org.br (assessoria de imprensa da Ademi-RJ) / contato@memilia.com (assessoria de imprensa da Ademi-PR)

Créditos Fotos: Divulgação / Secovi-PR/ Secovi-RS / Ademi-PR / César Brustolin / SMCS

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330


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