Custo do concreto precisa vir agregado à qualidade
Com betoneira ultraleve, ABESC avalia que associadas poderão concorrer com concreteiras sem critérios técnicos
Segundo dados da ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviço de Concretagem) mais da metade das concreteiras em operação no país (650) não possui engenheiro-responsável, não emite ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) e não tem laboratório que comprove as características do material, de acordo com as especificadas em projeto. Essas concreteiras sem critérios técnicos pressionam o preço para baixo. No 60º Congresso Brasileiro do Concreto, que aconteceu em setembro de 2018, o presidente da ABESC, Jairo Abud, relatou que o concreto nunca esteve tão barato, comparado com outros produtos. “Um litro de concreto custa 25 centavos atualmente”, revelou.
Os debates no evento do IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto) convergiram para o consenso de que existe a necessidade de uma união de esforços pela valorização do mercado de concretagem. Entre as medidas estão a exigência de certificação para que a concreteira possa operar, normas técnicas rigorosas quanto à comprovação da qualidade do concreto e mecanismos que possam responsabilizar judicialmente quem produz concreto sem controle técnico. “O maior desafio é criar uma fórmula para diferenciar as boas empresas das de fundo de quintal, onde algumas sequer possuem caminhões-betoneira com facas adequadas para bater o concreto durante o transporte”, alertou Abud.
Desde o 60º Congresso Brasileiro do Concreto, a ABESC trabalha para qualificar o concreto. Um passo importante foi relevado em recente web seminário promovido pela AECweb, quando foi apresentada a betoneira ultraleve. O equipamento, que já tem dois protótipos em operação, deve chegar ao mercado em 2020. Sua maior virtude é melhorar a produtividade no transporte e a qualidade do material entregue no canteiro de obras. “Concreto significa produtividade na obra. Afinal, cada caminhão-betoneira retira das ruas das cidades três outros caminhões: o de cimento, o de brita e de areia. Com essa betoneira ultraleve haverá aumento de carga de 1 m3 de concreto, ou seja, será possível transportar mais material sem infringir a legislação”, destaca Jairo Abud.
Mercado de concretagem ainda é heterogêneo nos quesitos qualidade e custo
Significa que as concreteiras que perseguem as melhores práticas poderão se tornar mais competitivas, transportando mais concreto, e de melhor qualidade. O motivo é que a betoneira ultraleve possui balão e facas de corte em aço inox, que, em comparação ao aço carbono, é mais eficiente para produtos com características abrasivas, como é o caso do concreto. “Na betoneira de aço carbono, a oxidação presente no interior do balão vai junto com o concreto, podendo desencadear patologias caso atinja a armadura. Na betoneira ultraleve, o concreto está protegido desse risco”, afirma o grupo de técnicos que trabalhou no projeto do novo equipamento.
A betoneira leve é inédita no mundo. A carga saiu de 4.750 quilos, da produzida com aço carbono, para 3.684, com aço inox. Batizada de Betoneira C-8000 Ultraleve, sua durabilidade é de 7,2 anos para os 4 anos, em média, do equipamento em aço carbono. Significa que poderá transportar cerca de 49 mil m3 de concreto ao longo da vida útil. Ela também vai gerar menor custo por metro cúbico transportado, que hoje é de 3,91 reais em média. A estimativa é que caia para 2,73 reais. “Ela é mais cara que a convencional, mas seu custo se dilui no tempo de vida útil”, avalia Abud, convicto de que os associados da ABESC darão um passo importante para competir em um mercado ainda heterogêneo nos quesitos qualidade e custo.
Assista ao web seminário
https://www.aecweb.com.br/webseminarios/tecnologia-e-construcao/betoneira-ultraleve/betoneira-ultraleve.html
Entrevistado
Reportagem com base no web seminário “Betoneira Ultraleve: como aumentar a eficiência e a produtividade no transporte de concreto”
Contato: abesc@abesc.org.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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