Cronograma impede aeroporto do futuro até 2014
Infraestrutura aeroportuária é uma das maiores preocupações no Brasil. Conheça o projeto que ajudaria a resolver esse gargalo
Infraestrutura aeroportuária é uma das maiores preocupações no Brasil. Conheça o projeto que ajudaria a resolver esse gargalo
Até 2014, ano em que acontecerá a Copa do Mundo no Brasil, os aeroportos brasileiros deverão registrar um crescimento estimado de 51% no número de passageiros. Significa que, daqui a cinco anos, circularão pelos terminais aeroportuários cerca de 180 milhões de pessoas anualmente, segundo projeções da própria Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária). A expectativa de demanda faz acender a luz de alerta nos organismos que avaliam a infraestrutura nacional. Para eles, é urgente resolver esse gargalo, sob o risco de o país enfrentar um grande “apagão aéreo” antes mesmo de a Copa aterrissar no Brasil.
O governo federal tem consciência do problema e promete, neste ano, criar uma autoridade aeroportuária para gerenciar obras nos principais aeroportos brasileiros. Segundo o ministério da Defesa, serão investidos R$ 4,6 bilhões na infraestrutura dos terminais. No entanto, as obras só devem começar em 2011. Até lá, será preciso alterar a legislação. O ministro Nelson Jobim defende que a Infraero tenha o mesmo tratamento que a Petrobras, com dispensa de licitação, e que seja permitida a privatização de aeroportos. “O problema está aí e, com Copa ou sem Copa, precisamos solucionar os problemas de infraestrutura nos aeroportos”, diz Jobim.
A percepção dos especialistas é que o governo está acordando tarde para o problema. Para o arquiteto Ricardo Guerra Florez, a preocupação está com atraso de seis anos. Em 2004, ele ajudou a elaborar o projeto Aeroporto, Cidade, Metrópole: Políticas para uma gestão convergente, que propunha a reestruturação dos aeroportos de São Paulo. Se tivessem sido adotadas, as ideias teriam evitado o “apagão aéreo” de 2006 e 2007. Elas propunham um aeroporto para vôos domésticos no Campo de Marte, para desafogar Congonhas e devolver Cumbica à sua função original (os voos internacionais), e, além disso, previa a construção de um novo aeroporto na região do Grande ABC.
Esse novo aeroporto, infelizmente, não sairá do papel. Por dois motivos: o governo federal optou por reformar os aeroportos já existentes e porque não há mais tempo para uma obra desta envergadura. Ela precisaria pelo menos de 7 anos para entrar em operação plena, ou seja, para estar funcionando em 2014 a obra deveria ter começado em 2007. O aeroporto do futuro, como previa Ricardo Guerra Florez, seria erguido à sudeste do município de São Paulo, o mais próximo do Rodoanel, e seria concebido para suportar os crescimentos até pelo menos 2060. “Ele ocuparia uma área em região com inúmeras instalações industriais desocupadas e com transporte ferroviário já instalado e subutilizado. Seria construído dentro dos conceitos modernos de sustentabilidade, o que ajudaria a preservar a área, atualmente fortemente ocupada por invasões”, explica.
Pistas para grandes supersônicos
Pela localização estratégica, o aeroporto do futuro permitiria aproximações e saídas com menor sobrevoo e seria projetado para receber as futuras aeronaves de grande porte, com capacidade de voar com até 1.000 passageiros e grandes quantidades de carga aérea e velocidade supersônica. “Seria o mais importante e estratégico aeroporto brasileiro para conexões internacionais no eixo Sul/Sul, ligando o Brasil à África, à Austrália e ao Oriente”, define Ricardo Guerra Florez.
Isso demandaria a construção de pistas de rolamento com mais de 2.600 metros e largura mínima de 25 metros. Exigiria também o uso inédito na América Latina de concreto protendido aplicado pelo processo de Dywidag, para pavimentação de pistas de aeroportos. O sistema é o único que atende às exigências da tecnologia eletrônica dos novos aviões, com redução de custo de manutenção de juntas. Além de sistemas construtivos modernos, o aeroporto do futuro reuniria outros componentes necessários para obras desta envergadura, como:
– Dimensionamento para promover desenvolvimento social, urbano e econômico.
– Instalações concebidas e conectadas com o planejamento urbano das cidades.
– Conexão com transporte público de qualidade.
Aeroshopping
Atualmente, no Brasil, a obra aeroportuária mais moderna está em Alagoas. No final de 2005 entrou em operação o Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares. Com capacidade para 1,2 milhão de passageiros por ano, expansível para 2,5 milhões até 2014, ele segue o conceito de aeroshopping uma combinação de terminal aéreo com espaço para 62 estabelecimentos comerciais de compras, lazer e arte.
Entre as inovações, o Zumbi dos Palmares conta com sistema de cogeração de energia, que permite uma forma de energia ambientalmente limpa, com a utilização de gás natural. Em sua central de água gelada existem dois grupos geradores movidos a gás natural, que fornecem energia elétrica para todo o aeroporto. Através do processo da cogeração, a água quente, utilizada para o arrefecimento dos geradores, assim como seus gases exaustos, são reaproveitados, gerando água gelada por meio de um chiller de absorção.
Além disso, é um dos poucos aeroportos do país totalmente climatizado, com sistema informatizado que regula desde a intensidade da iluminação e do ar refrigerado, até a velocidade das escadas rolantes. A pista, com 2,6 mil metros, permite voos Maceió-Londres, Maceió-Roma e Maceió-Cairo sem escalas ou conexões.
Entrevistados:
Arquiteto Ricardo Guerra Florez: fundacaorgf@gmail.com
Infraero: imprensa@infraero.gov.br
Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Vogg Branded Content
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