Crescimento do Mercado Imobiliário
Causas e conseqüências
Causas e conseqüências
Os sinais do crescimento do setor da construção civil são visíveis, em especial na área de habitação. A expectativa é que o ciclo de crescimento que iniciou em 2004, traga resultados positivos para o segmento nos próximos 5 ou até 10 anos. O que não está tão claro assim são as causas e as conseqüências deste fenômeno que está movimentando não só o setor da construção, mas toda a sociedade. Será que este crescimento é uma “bolha”, como o que ocorreu nos Estados Unidos recentemente? Será que é um crescimento sustentável?
Estatísticas
Conforme a 31ª Sondagem Nacional da Indústria da Construção Civil, realizada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) e pela Fundação Getúlio Vargas, em maio deste ano houve um crescimento de 18,7% na comparação com o mesmo período de 2006. Trata-se do melhor resultado do desempenho da construção civil desde a primeira sondagem, em agosto de 1999.
A pesquisa indica ainda que como pequenas e médias empresas responderam por 55,5% da amostra, pode ser percebida uma relativa disseminação do crescimento no setor entre as empresas de todos os portes. Houve também melhora no volume de negócios e no faturamento, com crescimentos de 28% e 49,7%, respectivamente.
Segundos dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), os recursos da poupança empregados no financiamento imobiliário passaram de R$ 1,7 bilhão em 2002 para R$ 9,3 bilhões no ano passado. Até o final do primeiro semestre deste ano, o financiamento já computava R$ 6,94 bilhões.
Já o setor dos fabricantes de materiais de construção fechou o primeiro semestre com faturamento 11,77% acima do registrado entre janeiro e junho do ano passado. Os sinais são tão positivos que a expectativa de crescimento em 2007 passou de 8% para 10%.
Segundo uma pesquisa encomendada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR) ao Instituto de Pesquisa, Estatística e Qualidade (IPEQ), o número de lançamentos de unidades residenciais verticais (apartamentos) em Curitiba aumentou 30% em 2007.
Entre os motivos do crescimento destacam-se:
* Preços mais acessíveis;
* Mais crédito para comprar a casa própria;
* Os bancos voltaram a financiar a produção dos imóveis;
* Queda de juros e estabilidade econômica. A queda da taxa Selic (indexador que corrige os títulos) e uma determinação do Banco Central obrigaram as instituições privadas a voltar ao mercado imobiliário. Hoje os juros estão caindo e a estabilidade do País cria planos de pagamento mais seguros para os consumidores;
* Possibilidades de financiar o imóvel em longo prazo, através de bancos comerciais ou negociando diretamente com a incorporadora;
* O que determina o início da construção é a condição de pagamento;
* O movimento da União Nacional da Construção que buscou uma proximidade com o Governo Federal e agentes financeiros, encaminhando propostas com o objetivo de solucionar gargalos que impediam o desenvolvimento da atividade da construção.
O que dizem os representantes do setor
As empresas estão em uma situação muito superior. Isso pode ser observado pelo patamar satisfatório que o indicador registrou (50, numa escala que vai de zero a 100). Mas ainda não se pode considerar um desempenho completamente favorável, disse o presidente do Sinduscon-SP, João Claudio Robusti.
Estamos absolutamente convencidos de que vai haver um grande crescimento nos próximos anos, comemora o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Paulo Safady Simão.
Para o presidente do Sinduscon-PR, Hamilton Pinheiro Franck, a movimentação do mercado em Curitiba é visível, mas se deve muito mais à baixa nos estoques de imóveis prontos, gerada pelo aumento do consumo, do que ao otimismo na construção civil. Em vista da demanda iminente por mais imóveis, a construção civil começou a dar agora sinais de mais produção, diz Franck.
Porém, para o vice-presidente de Lançamentos e Comercialização do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR), José Paulo Celles, os números não mostram totalmente a realidade. Há mais construções em andamento do que alvarás expedidos. Muita gente estava com a permissão na mão, esperando a oportunidade ideal para iniciar a construção. Acredito que esse seja o momento, diz ele.
Para o vice-presidente de Comercialização Imobiliária do Secovi-PR, Marcos Machado, a tendência de aumento na velocidade de vendas e dos preços será uma constante nos próximos meses. A disponibilidade de crédito para financiamento, a concorrência entre financeiras, que fez baixar os juros, e a economia estável estimulam os compradores a assumir financiamentos a longo prazo, como são os imobiliários, ressalta.
Um crescimento de 12 meses consecutivos era algo que esse setor (o de materiais de construção) não via há mais de sete anos. E nos últimos três meses os aumentos foram próximos de 20%. Isso se deu especialmente graças ao financiamento habitacional, porque ainda não tivemos influência do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)”, avalia o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Melvyn Fox.
Para o presidente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário), Décio Tenerello, se as soluções governamentais forem tomadas, o mercado está preparado para absorver tal déficit habitacional. “Estamos atraindo investidores estrangeiros, empresas estão abrindo seu capital, estamos aumentando o financiamento a taxa e prestações menores e, com isso, trazendo mais pessoas para o setor.”
O que se pode esperar
O retorno à aplicação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e da Caderneta de Poupança diretamente às empresas da construção civil e imobiliária.
Os contratos imobiliários serão padronizados, o que facilitará sua portabilidade; e as práticas cartoriais serão modernizadas por meio de processos eletrônicos, com a concentração de informações na matrícula do imóvel.
O governo federal pretende incentivar a produção para acelerar o crescimento do emprego formal e da renda. Para tanto, o segmento sugere a desoneração fiscal e a possibilidade de se descontar da base de cálculo do Imposto de Renda o montante dos juros pagos no financiamento imobiliário, prática adotada na maioria dos países desenvolvidos.
O processo de capitalização das empresas na Bolsa está pavimentado e a tendência futura é que outras empresas ofereçam suas ações e as que já o fizeram partam para os processos de fusão, a exemplo do que ocorreu no México e na Espanha.
A Caixa, poderá financiar muito mais à produção e à comercialização de unidades novas, pois o Conselho Curador do FGTS já sinalizou que, dos seus recursos, pelo menos 50% deverão ser destinados para esse fim.
Fontes:
Sinduscon-PR
Sinduscon-RS
Sinduscon-SP
CBIC
Jornal do Brasil
Jornal do Comércio
Folha de São Paulo
O Estado de São Paulo
Referência:
Créditos: Caroline Veiga
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