Coprocessamento move indústria europeia do cimento
Velho Continente estabelece metas ambiciosas e investe 10 bilhões de euros em processos de economia circular
Através do coprocessamento, atualmente 44% do combustível que abastece a indústria europeia de cimento vêm de resíduos sólidos. Os dados da CEMBUREAU (The European Cement Association) englobam as indústrias da União Europeia (exceto Malta e Eslováquia), além de Noruega, Suíça, Turquia, Croácia e Sérvia. Juntos, esses países estabeleceram metas mais ambiciosas. Até 2030, pretendem que 60% do combustível que alimenta as cimenteiras venham do coprocessamento.
Para atingir o objetivo, existe a previsão de que sejam investidos 10 bilhões de euros em processos de economia circular. A meta é fazer com que 15,7 milhões de toneladas de resíduos possam chegar às fábricas de cimento em forma de combustível alternativo. O ponto crucial de todo esse processo é reduzir em 80% a emissão de CO2 até 2050, na comparação aos números do setor em 1990. De acordo com o CEO do CEMBUREAU, Koen Coppenholle, existe um potencial inexplorado no coprocessamento em toda a Europa.
O volume de uso de combustível alternativo pela indústria de cimento europeia aumentou 10 vezes desde 1990 – de 1,1 milhão de toneladas para 11,3 milhões de toneladas. Isso resultou em menor emissão de CO2, menos uso de combustível fóssil e menos resíduos em aterros sanitários. Para que o setor avance, Koen Coppenholle defende que mais inovações sejam incorporadas aos processos de produção. “Estamos trabalhando com pesquisadores para aliar tecnologias revolucionárias de captura e armazenamento de carbono à viabilidade comercial”, diz.
Koen Coppenholle estima que a indústria europeia de cimento pode estar no coração da economia circular e ajudar a União Europeia a alcançar os ambiciosos planos de baixo carbono até 2050. Os principais objetivos traçados pela UE são os seguintes:
1. Estratégias para que os resíduos retornem à indústria após a comercialização.
2. Extensão da vida útil de produtos, prevendo reutilização, reparo, reaproveitamento, reforma ou remanufatura.
3. Recuperação de materiais e outros recursos provenientes de resíduos, como águas residuais tratadas.
4. Uso das TICs (Tecnologias da informação e Comunicação) como suporte para criar modelos de negócios circulares e cadeias de valor.
No Brasil, indústria do cimento tem metas ousadas para 2030 e 2050
Na média global, a indústria cimenteira responde por 7% de todo o gás carbônico lançado na atmosfera. No Brasil, esse percentual é de 2,6%, mas com o Roadmap Tecnológico do Cimento, assinado em abril de 2019 pelo SNIC (Sindicato Nacional da Indústria Cimenteira) e as empresas associadas, o objetivo é fazer com que o país reduza ainda mais a emissão de CO2 por tonelada de cimento. O documento define as diretrizes para que o setor possa alcançar as metas estabelecidas em duas etapas: 2030 e 2050.
O coprocessamento é peça-chave para que as metas sejam atingidas, e que são as seguintes:
- Dobrar a utilização de combustíveis alternativos na industrialização de cimento.
- Melhorar em 15% a eficiência energética do processo de produção de cimento.
- Estimular a busca de novas tecnologias para aumentar a utilização de resíduos de outras indústrias, e reduzir a utilização de clínquer.
- Investir em tecnologias inovadoras, como a captura do próprio carbono emitido no processo fabril de cimento.
Entrevistado
Reportagem com base em relatório da CEMBUREAU (The European Cement Association)
Contato: communications@CEMBUREAU.eu
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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