Copa vai começar com pelo menos 30 obras inacabadas
A menos de 90 dias para o início do mundial, o chamado "legado" está cada vez mais comprometido nas cidades-sedes que receberão os jogos
A menos de 90 dias para o início do mundial, o chamado “legado” está cada vez mais comprometido nas cidades-sedes que receberão os jogos
Por: Altair Santos
Além de quatro estádios ainda correrem contra o tempo para ficar 100% prontos – Arena da Baixada, Arena Pantanal, Arena da Amazônia e Arena Corinthians -, há o risco real de, em 12 de junho de 2014, a Copa do Mundo começar sem que pelo menos 30 obras estejam concluídas. Os projetos ameaçados vão desde reformas em aeroportos até empreendimentos voltados à mobilidade. Neste cenário, estão todas as 12 cidades-sedes do mundial.
Em 2010, quando foi lançada a Matriz de Responsabilidade, o que ficou conhecido como o “legado da Copa”, os governos federal, estaduais e municipais se comprometeram a viabilizar 51 obras, além dos estádios. Quatro anos depois, apenas cinco foram concluídas. Outras onze tiveram seus projetos abortados e somente mais cinco devem ficar prontas até abril. Sobram 30, cujos cronogramas não dão nenhuma garantia de que devam ser inauguradas até junho.
O atraso levou a um debate recente na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal. No encontro que aconteceu dia 11 de março de 2014 participaram integrantes do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco) o qual vem acompanhando a evolução da Copa do Mundo no Brasil desde que o país foi oficialmente escolhido pela Fifa, em 2007.
Para o presidente do Sinaenco, José Roberto Bernasconi, o que comprometeu o “legado” foram projetos mal formulados. “Eles criaram uma falsa expectativa em torno da conclusão de todas as obras até o evento”, diz, afirmando que talvez o “legado da Copa” para o Brasil seja o fato de que o país poderá aprender com os erros. “É preciso aprender com os erros, o que significa romper com o ciclo vicioso da falta de planejamento e da execução de obras sem o projeto de engenharia completo. Planejar é pensar antes”, ressalta.
Abandono
Segundo o presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte, senador Cyro Miranda (PSDB-GO) o receio é de que, passada a Copa do Mundo, as obras que ficarem inconclusas sejam abandonadas. “Só tem legado quando ele é entregue. Temos preocupações grandes. Depois que passar a Copa, quanto tempo levaremos para entregar esse legado?”, indaga.
A opinião do parlamentar foi reforçada pelo representante do Tribunal de Contas da União (TCU) no debate.
“Eventualmente, os empreendimentos atrasaram porque os prazos foram mal dimensionados”, afirma Rafael Jardim Cavalcante, citando as reformas nos aeroportos como exemplo. “Quase todos os terminais aéreos vão operar durante a Copa do Mundo com obras provisórias, os chamados ‘puxadinhos’”, completa.
As reformas nos aeroportos das cidades-sedes somam R$ 5,469 bilhões. A mais cara está no terminal de Guarulhos, em São Paulo, que envolve R$ 2 bilhões. Em seguida vem o Galeão, no Rio de Janeiro, com custo de R$ 818 milhões. Entre as obras de mobilidade, a com o maior orçamento é o BRT Transcarioca, avaliada em R$ 1,883 bilhão. Nenhum destes empreendimentos têm previsão de ficar pronto até o final de maio.
Clique aqui para ver a situação das 51 obras de mobilidade que representariam o “legado da Copa”.
Entrevistados
Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal e Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco)
Contatos
sinaenco@sinaenco.com.br
cyro.miranda@senador.leg.br
Crédito Foto: Portal da Copa/ME/José Medeiros/Geraldo Magela/Agência Senado
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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