Construtoras vendem apartamentos em “vaquinha virtual”
Plataforma viabiliza arrecadação de dinheiro de convidados e ajuda noivos a realizarem o sonho da casa própria
O crowdfunding imobiliário, também conhecido como “vaquinha virtual”, uniu 15 construtoras e incorporadoras de abrangência nacional em torno de um projeto que busca realizar o sonho da casa própria para recém-casados. Em vez de lista de presentes, os noivos captam dinheiro dos convidados por meio de uma plataforma digital e podem investir o valor arrecadado para dar a entrada em um apartamento. Lançada no final de julho de 2019, a plataforma mude.me já tem 160 opções de imóveis disponíveis para crowdfunding imobiliário.
A carteira tende a aumentar, pois outras 7 empresas estão interessadas em entrar na plataforma. Por enquanto, a “vaquinha virtual” concentra unidades apenas na cidade de São Paulo-SP, mas, de acordo com o fundador do mude.me, Guilherme Sawaya, é possível usar o site para arrecadar o dinheiro e depois sacá-lo para adquirir um imóvel em outro município. Neste caso, é cobrada uma taxa de 7% sobre o montante arrecadado. Ainda segundo Sawaya, a cada negociação de uma unidade a plataforma recebe comissão das empresas e cobra dos noivos a taxa do cartão de crédito, já que a doação só pode ser feita nesse formato. Até outubro de 2019, 1.200 casais já haviam recorrido ao modelo.
Para Guilherme Sawaya, o grande objetivo com a criação da plataforma é permitir que os noivos consigam arrecadar o valor relativo à entrada do primeiro apartamento, apontado, segundo dados do mercado imobiliário, como o maior obstáculo para quem compra o primeiro imóvel. Outra característica da plataforma é que ela tem em sua lista de ofertas desde apartamentos de alto padrão até os vinculados ao programa Minha Casa Minha Vida. Boa parte das unidades disponíveis ainda está na planta, o que significa que o planejamento para a aquisição do apartamento deve ocorrer de dois a três anos antes do casamento.
Desde 2017, a Câmara de Valores Mobiliários reconhece o crowdfunding imobiliário
Além do mude.me, outros modelos de crowdfunding imobiliário já foram testados no Brasil. Um deles viabilizou parte da construção do prédio VN Cardoso de Melo, localizado na Vila Olímpia, em São Paulo-SP. O empreendimento foi o primeiro do Brasil que teve o modelo de crowdfunding imobiliário reconhecido provisoriamente pela CVM (Câmara de Valores Mobiliários), em 2016. O objetivo da incorporadora era arrecadar 1 milhão de reais para dar início às obras, mas foram conseguidos 1,279 milhão de reais. O prédio ainda encontra-se em fase de execução e a construtora VitaCon está entre as parceiras do mude.me.
Desde 13 de julho de 2017, a CVM decidiu tornar oficial o crowdfunding imobiliário no Brasil. A Instrução nº 588 define algumas regras, que são as seguintes:
1. O crowdfunding imobiliário não pode arrecadar mais de 5 milhões de reais e o prazo máximo para a “vaquinha virtual” é de 180 dias.
2. A oferta deve informar os investidores sobre os riscos envolvidos.
3. Deve ser garantido ao investidor um período de desistência de, no mínimo, 7 dias contados a partir da confirmação do investimento.
4. A figura jurídica criada para captar o dinheiro deve comprovar receita bruta anual de até 10 milhões de reais.
5. Os recursos captados não podem ser utilizados para outros fins, senão o de financiar a obra.
Entrevistado
Guilherme Sawaya, administrador com MBA em marketing, gestão e inovação e fundador do mude.me (via assessoria de imprensa)
Contato
atendimento@mude.me
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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